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Com Aydan Özoguz, Alemanha tem primeira muçulmana no governo

Michael Hartlep (md)18 de dezembro de 2013

Política social-democrata é a nova secretária de Estado para Migração, Refugiados e Integração. Nunca o gabinete alemão teve em sua linha de frente uma política de ascendência turca.

Aydan Özoguz
Foto: picture alliance/Sven Simon

Os pedidos de entrevista se acumulam sobre a mesa, mas Aydan Özoguz prefere esperar. Ela só quer falar com a imprensa após tomar posse oficial como secretária de Estado para Migração, Refugiados e Integração – algo inédito na Alemanha. Ela é a primeira mulher de origem turca e muçulmana a assumir um cargo-chave no gabinete de governo.

O presidente do Partido Social-Democrata (SPD), Sigmar Gabriel, afirmou estar "extremamente feliz" com a decisão, ao anunciar a nomeação em 15 de dezembro, na sede de seu partido. O líder social-democrata classificou a escolha de Özoguz como um sinal claro destinado a encorajar cidadãos com origem estrangeira.

Carreira meteórica

A política, de 46 anos, fez uma carreira meteórica. Filha de turcos, nascida em Hamburgo, estudou administração e literatura inglesa e espanhola e adotou a cidadania alemã. Ela começou sua carreira política em 2001 como vereadora. Desde o começo, seu tema principal tem sido a política de integração de estrangeiros. Em 2009, foi eleita deputada federal, tornando-se vice-presidente do SPD em 2011.

Mesmo assim, sua nomeação dentro de um governo da chamada "grande coalizão" unindo conservadores democrata-cristãos e social-democratas é tida como uma surpresa. A Secretaria de Estado que ela vai comandar estava nos últimos anos nas mãos da democrata-cristã Maria Böhmer, alvo frequente de críticas duras da própria Özoguz, que acusava a antecessora de ser "hesitante" e "pouco confiável" em sua política de integração. A social-democrata agora quer imprimir uma nova marca na pasta.

Reações positivas

A Comunidade Turca na Alemanha definiu como "histórica" a decisão. "Ela é bastante versada no que se refere à questão da integração", elogiou o presidente da entidade, Kenan Kolat. Ele acredita, entretanto, que existe o perigo de que ela possa sentir, em seu novo cargo, a necessidade de se distanciar de suas origens. Por isso, propõe que no futuro cargos em outros ministérios também sejam oferecidos a pessoas com ascendência estrangeira.

A ONG alemã Pro Asyl chamou a decisão de "sábia". "É bom que o cargo seja agora exercido por uma social-democrata, como contrapeso ao Ministério do Interior, chefiado por um democrata-cristão", disse o presidente da entidade, Günter Burkhardt. Ele espera que Özoguz se dedique com mais afinco que a antecessora ao acesso de refugiados à Alemanha. "Falta segurança jurídica para os requerentes de asilo", aponta Burkhardt. "Esse tipo de questão foi negligenciado no governo anterior."

Burkhardt, da Pro Asyl, comemora escolha de ÖzoguzFoto: picture-alliance/dpa

Mas é improvável que a nova ministra realmente consiga mudar muita coisa. Seu ministério tem, na prática, status de secretaria de Estado, estando diretamente subordinado à Chancelaria Federal, órgão diretamente ligado ao chefe de governo e similar à Casa Civil no Brasil. Seus departamentos e unidades relevantes são distribuídos na Alemanha entre outros órgãos governamentais, como o Ministério do Trabalho e o Ministério do Interior. Özoguz pode assessorar o governo e responder pelos temas de sua alçada diante da opinião pública. Mas não tem poder para propor suas próprias leis.

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