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Com gol brasileiro, Barça supera Arsenal em prévia da Copa

Gabriel Fortes17 de maio de 2006

Em prévia da Copa brilhou quem sequer foi convocado. Ronaldinho Gaúcho levou a melhor sobre Thierry Henry, mas foi de Belletti o gol que fez os espanhóis levantarem o troféu da Liga dos Campeões em Paris.

Barcelona faz festa em ParisFoto: AP

Não fosse a Copa do Mundo, a final da Liga dos Campeões na noite desta quarta-feira (17/5), em Paris, seria o evento do ano para o futebol internacional. Mas a vitória de virada do Barcelona sobre o Arsenal por 2 a 1 no Stade de France não será, definitivamente, apagada por causa do Mundial da Alemanha.

O clube espanhol conquistou pela segunda vez o mais importante título europeu (venceu em 1992), e o fez de uma maneira heróica. Encontrou dificuldades para concluir em gols toda a sua produção, mesmo com um jogador a mais durante a maior parte da partida, mas levantou o troféu na cidade em que ele foi disputado na edição de estréia da Liga, há 50 anos.

O título leva o Barça automaticamente ao Mundial de Clubes da Fifa, em dezembro, no Japão, rende milhões de euros ao clube, status e festa. Mas, além de tudo isso, consagra uma equipe que mostrou ao longo deste torneio que é possível vencer jogando bonito.

O Arsenal mantinha uma invencibilidade de 10 jogos sem levar gols até esta noite, e esteve sempre ofensivo em todos os jogos. Mas em Paris, mesmo com toda a inspiração e determinação de Thierry Henry, que comandou o termômetro dos ingleses, e a criatividade de Ronaldinho Gaúcho, o "motor" dos espanhóis, quem brilhou foi o brasileiro Belletti.

Ele sequer estará na Copa do Mundo, já que Carlos Alberto Parreira convocou Cafu e Cicinho para a posição. Mas o campeão mundial com a seleção brasileira em 2002 saiu do banco de reservas para, aos 35 minutos do segundo tempo, dar a vitória ao clube catalão. Campbell marcou para o Arsenal, e Eto'o fez o primeiro gol do Barça.

O jogo

Começou, de maneira surpreendente, com o Arsenal tomando iniciativas. E pela direita, lado em que a equipe não conta com tanta força ofensiva. Logo aos 3 minutos de jogo, Eboué cruzou a bola à meia altura e Henry antecipou-se ao mexicano Rafa Márquez para obrigar Valdés a fazer grande defesa dentro da pequena área.

O goleiro espanhol pensava que afastara ali o perigo, mas ao mandar a bola para escanteio, viu Henry recebê-la de frente para a área e arriscar chute violento. Mais uma boa defesa de Valdés, e que desta vez gerou bronca com o time inteiro.

Foi o suficiente para o Barça "entrar" no jogo. O técnico Rijkaard tentou enganar o colega Arsene Wenger ao colocar Eto'o aberto pela esquerda e Ronaldinho no meio, ambos com posições invertidas.

E acertou, já que era pela ponta-esquerda que o clube catalão encontrava espaços para lançamentos de Edmílson e Deco, sempre aproveitando os vacilos da marcação inglesa. Aos 12min, apos jogada por aquele setor, Ronaldinho sofreu falta e arriscou mesmo de longe. Lehmann apenas olhou a bola sair pela linha de fundo.

Expulsão de Lehmann foi merecidaFoto: picture-alliance/dpa

Oito minutos mais tarde a dupla formada entre o brasileiro e o camaronês deu resultado. Ronaldinho lançou Eto'o, que driblou a zaga, invadiu a área e só foi parado quando o goleiro alemão agarrou seu pé. Fora da área, sem pênalti, mas com cartão vermelho para Lehmann. A torcida espanhola que lotava parte do Stade de France se animou.

A partir daí os atuais campeões espanhóis passaram a mandar em campo. Concentraram em seus pés a maior porcentagem de posse de bola da primeira etapa do jogo, mas dificilmente conseguiam vencer a retagurda germânica, mais bem postada após exigência do capitão Henry.

Estar com um atleta a menos em campo era tudo o que o Arsenal não queria. Deixar Henry isolado na frente, muito menos. Mas o clube inglês se manteve firme após perder Lehmann, e de maneira surpreendente abriu o placar em Paris.

Campbell (e) superou Oleguer para marcarFoto: AP

Henry, "dono da equipe", cobrou falta de maneira perfeita da ponta-direita e colocou a bola na cabeça de Campbell. O zagueiro da seleção inglesa só teve o trabalho de saltar mais do que a zaga rival e empurrá-la para o fundo das redes de Valdés: 1 a 0.

O segundo tempo foi reflexo da projeção que já se apresentava ao final da primeira etapa. O Barça colocou Iniesta em campo no lugar de Edmílson, e partiu para cima na tentativa de aproveitar o fato de contar com um homem a mais em campo.

Aos 2 minutos o brasileiro naturalizado português Deco arriscou um arremate de fora da área, mas o goleiro Almunia estava bem colocado. Pelo lado inglês, Ljungberb, pela esquerda, e Hleb, pela direita, recuaram.

E o Arsenal jogou como o previsto. E como já havia feito na semi e quartas de final, contra Villarreal e Juventus, respectivamente. Henry era o único homem de frente, e não deixou de ser o "cerébreo" de seu time.

Aos 17 minutos, Oleguer cruzou a bola para área de uma maneira desesperada, Eboué cortou com a coxa, depois com o peito, e os espanhóis pediram pênalti. Pensaram que a bola havia batido no braço do ala.

Como resposta, três minutos mais tarde, Henry pareceu brincar. Passou facilmente pelos dois zagueiros do Barcelona, primeiro Márquez, depois Puyol. Invadiu a área e só não ampliou a vantagem de sua equipe por ter adiantado a bola demais.

Aos 23 minutos o francês voltou a ser o centro das atenções. Recebeu assistência na intermediária, e pela direita avançou até tocar a bola rasteira para mais uma boa defesa de Valdés.

O Barcelona, mesmo surpreso com a impecável postura defensiva do Arsenal, não desistiu. Colocou Larsson e Belletti em campo, deu mais qualidade ao seu lado direito, e tentou. Com Ronaldinho, com Eto'o, com Deco, com Giuly e até com os jogadores de defesa.

Belletti chuta para marcar o gol da vitóriaFoto: AP

Os espanhóis ocuparam cada canto do gramado, e aos 30 minutos chegaram ao empate. Iniesta deu assistência para Larsson, e o sueco só escorou a bola para Eto'o, dentro da área, fazer 1 a 1.

Foi o início de um renascimento fulminante. Logo na seqüência, Belletti recebeu passe de Larsson e, dentro da área, ajeitou a bola para chutar forte por baixo das pernas de Almunia. Era do brasileiro o gol do título.

BARCELONA 2 x 1 ARSENAL

Barcelona

Valdés; Oleguer (Belletti); Puyol, Rafa Márquez e Bronckhorst; Edmílson (Iniesta), Mark van Bommel (Larsson) e Deco: Giuly, Eto'o e Ronaldinho

Técnico: Frank Rijkaard

Arsenal

Lehmann; Eboué, Touré, Campbell e Cole; Gilberto Silva, Hleb (Reyes), Fabregas (Flamini) e Pirés (Almunia); Ljungberg e Henry

Técnico: Arsene Wenger

Data: 17/5/2006 (Quarta-feira)

Local: Stade de France, em Paris (França)

Árbitro: Terje Hauge (Noruega)

Auxiliares: Arild Sundet (Noruega) e Steinar Holvik (Noruega)

Cartões amarelos: Eboué, Henry (A); Oleguer, Larsson (B)

Cartão vermelho: Lehmann (A)
Gols: Campbell (A), aos 37min do primeiro tempo; Eto'o (B), aos 30min, e Belletti (B), aos 35min do segundo tempo