Com Lula barrado, Bolsonaro lidera intenções de voto
6 de setembro de 2018
Ibope divulga primeira pesquisa desde que o TSE rejeitou candidatura do ex-presidente. Segundo lugar tem empate técnico entre Marina, Ciro e Alckmin. No segundo turno, Bolsonaro tem vantagem apenas contra Haddad.
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O candidato Jair Bolsonaro (PSL) lidera a disputa no primeiro turno da eleição presidencial, com 22% das intenções de voto, segundo pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira (05/09). É a primeira sondagem desde que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) barrou a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em segundo lugar na corrida há um empate técnico triplo: Marina Silva (Rede) aparece com 12%, Ciro Gomes (PDT), também com 12%, e Geraldo Alckmin (PSDB), com 9%.
Em seguida, tecnicamente empatado com Alckmin, está Fernando Haddad (PT), candidato a vice-presidente na chapa petista e possível substituto de Lula na corrida, com 6% das intenções.
Seguem no ranking os candidatos Alvaro Dias (Podemos) e João Amoêdo (Partido Novo), ambos com 3% dos votos, e Henrique Meirelles (MDB), com 2%. Já João Goulart Filho (PPL), Guilherme Boulos (Psol) e Vera Lúcia (PSTU) somaram 1% cada um. Cabo Daciolo (Patriota) e Eymael (DC) ficaram abaixo de 1% cada.
Segundo a pesquisa Ibope, a segunda realizada pelo instituto após a oficialização das candidaturas, os brancos e nulos somaram 21% dos entrevistados – em comparação com os 29% da sondagem anterior. Outros 7% não souberam ou preferiram não responder ao levantamento.
Segundo turno
Embora Bolsonaro lidere a corrida presidencial no primeiro turno, o candidato do PSL perderia no segundo turno em todos os cenários simulados, exceto se a disputa fosse com Haddad. Nesse caso, haveria um empate técnico: 37% para o deputado contra 36% para o petista.
Em um segundo turno com Ciro Gomes, 44% dos votos iriam para o candidato do PDT e 33% para Bolsonaro. Já contra Marina o placar seria de 43% a 33%, e contra Alckmin, de 41% a 32%.
O Ibope também avaliou a taxa de rejeição dos candidatos, ou seja, em quem os eleitores não votariam de jeito nenhum. Bolsonaro também lidera esse ranking, com 44% de rejeição – ante os 37% registrados na pesquisa anterior.
Em seguida aparecem Marina (26%), Haddad (23%), Alckmin (22%), Ciro (20%), Meirelles (14%), Cabo Daciolo (14%), Eymael (14%), Alvaro Dias (13%), Boulos (13%), Vera Lúcia (13%), Amoêdo (12%) e Goulart Filho (11%).
A sondagem, encomendada pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela TV Globo, foi realizada entre 1 e 3 de setembro e ouviu 2 mil eleitores em 142 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
1989: a primeira eleição direta da redemocratização
Os brasileiros voltaram a escolher diretamente um presidente depois de 27 anos. Um total de 22 candidatos se apresentou – até hoje um recorde. O pleito foi marcado por debates na TV e acusações de manipulação jornalística. Fernando Collor, filiado a um partido nanico, largou na frente ao se apresentar como “caçador de marajás”. No final, Collor derrotou o líder sindical Lula (PT) no 2° turno.
Foto: Radiobras/Roosewelt Pinheiro
1994: o início da era tucana
No início de 94, o pleito tinha um favorito: Lula. No entanto, alguns meses antes da eleição foi lançado o Plano Real, bem-sucedido em conter a inflação. A popularidade de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos autores do plano, disparou. Lula, que havia criticado o real, afundou nas pesquisas. FHC acabou vencendo a eleição ainda no 1° turno. Era o início de oito anos de hegemonia do PSDB.
Foto: Acervo FHC
1998: a reeleição entra em cena
Em 1997, foi aprovada a emenda da reeleição– com denúncias de compra de votos –, abrindo caminho para FHC disputar mais um mandato. Mais uma vez seu adversário foi Lula, que indicou Leonel Brizola, seu antigo rival na esquerda, como vice. Durante a campanha, o governo omitiu que o real estava sobrevalorizado. FHC foi eleito no 1° turno. Depois da posse, o real sofreu uma desvalorização recorde.
Foto: Acervo FHC/Secretaria de Imprensa
2002: o início da hegemonia petista
Lula chegou à eleição com uma nova imagem: se comprometeu a apoiar o plano real, nomeou um empresário como vice e recorreu a marqueteiros. A estratégia para acalmar o mercado deu certo. Ciro Gomes chegou a despontar em segundo lugar, mas afundou após uma série de declarações que repercutiram mal. No final, Lula derrotou o candidato do governo FHC, José Serra, no segundo turno, com 61% dos votos.
Foto: Agência Brasil/M. Casal Jr.
2006: escândalos não impedem reeleição de Lula
Lula se candidatou novamente após a eclosão do escândalo do Mensalão. Parecia destinado a vencer no 1° turno, mas a prisão de assessores do PT na reta final abalou sua campanha. No 2° turno, os petistas contra-atacaram. Rotularam o tucano Geraldo Alckmin de privatista e de ser contra o Bolsa Família. Alckmin acabou recebendo menos votos no 2° turno do que na primeira rodada, e Lula foi reeleito.
Foto: Instituto Lula/R. Stuckert
2010: a primeira presidente mulher
Com alto índice de popularidade, Lula apresentou Dilma Rousseff como candidata à sucessão. Os tucanos voltaram a lançar José Serra, e a ex-ministra Marina Silva disputou pela primeira vez. A campanha de Serra tentou encurralar Dilma ao acusá-la de ser favorável ao aborto. No final, pesou a popularidade de Lula, e a petista ganhou no 2° turno, se tornando a primeira mulher a chegar à Presidência.
Foto: Agência Brasil/W. Dias
2014: a campanha mais cara e acirrada
Nova polarização entre PSDB e PT: Dilma disputou um novo mandato com Aécio Neves. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva entrou na corrida, mas desabou nas pesquisas após ataques do PT. Dilma foi reeleita com apenas 3,28 pontos percentuais a mais que Aécio no 2° turno. A petista e o tucano gastaram R$ 570 milhões - com muitas doações de empresas acusadas de corrupção na Lava Jato.
Foto: Reuters/R. Moraes
2018: polarização entre PT e Bolsonaro
Após uma campanha que acirrou ânimos e dividiu o país, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A vitória do ex-capitão defensor do regime militar marcou a volta da extrema direita brasileira ao poder e representou um fracasso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesse pleito estava preso por corrupção e impedido de se candidatar.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
2022: inédita disputa entre presidente e ex-presidente
Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou os direitos políticos. Bolsonaro ampliou benefícios sociais às vésperas da campanha e vem questionando o sistema eleitoral. Já Lula busca aliança ampla contra extrema direita e capitalizar sua experiência anterior no governo.