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Com vacinas sobrando, Alemanha tenta agilizar doações

Kay-Alexander Scholz
30 de julho de 2021

A partir de agosto, Berlim pretende doar a outros países ao menos 30 milhões de doses contra covid-19, através do Covax e diretamente. Mas em meio a obstáculos burocráticos e logísticos, vacinas correm risco de estragar.

Foto de frasco de vacina apoiado sobre globo terrestre
Além do programa Covax, Alemanha pretende doar doses para os Bálcãs, Ucrânia, Armênia e NamíbiaFoto: K. Schmitt/Fotostand/picture alliance

Aproximadamente 60% da população da Alemanha já foi vacinada pelo menos uma vez contra a covid-19. Para a política nacional, isso significa um marco alcançado: até agora, "todos que estejam dispostos a se vacinar na Alemanha receberam uma oferta de vacina", consta do relatório do Ministério da Saúde de 26 de julho de 2021 sobre a campanha de vacinação.

Embora a disposição à inoculação tenha diminuído, aguardam-se mais cerca de 100 milhões de doses para o terceiro trimestre, de julho a setembro. A oferta supera a demanda, e há, portanto, doses disponíveis para doação.

O governo federal havia decidido doar a outros países pelo menos 30 milhões de doses até o fim de 2021. No começo de junho, seguiu-se a resolução de que seriam entregues os imunizantes da AstraZeneca e da Johnson & Johnson. Agora é hora de iniciar a operação internacional de doação, seguindo um plano central do Ministério da Saúde.

Um desafio é reunir e levar de volta aos depósitos federais tanto as doses que restaram nos centros estaduais de distribuição, quanto as já distribuídas entre médicos e postos de vacinação, e que não deverão mais ser utilizadas nos locais. Em seguida, segundo o Ministério, é preciso assegurar que os imunizantes "estejam qualitativamente impecáveis e apresentem uma certa data de validade".

Recentemente, alguns médicos se queixaram que doses urgentemente necessárias no exterior correm o risco de estragar na Alemanha. No entanto, "por razões legais", consultórios, municípios ou estados alemães não têm autonomia para doar as vacinas a outros países ou projetos, ressalva a pasta da Saúde.

Covax e doações bilaterais controversas

A partir de 2 de agosto, deverão ser enviadas as primeiras doses ao programa internacional Covid-19 Vaccines Global Access (Covax). A iniciativa, que visa reduzir a desigualdade de vacinas entre os países industrializados e os emergentes ou em desenvolvimento, deverá receber quatro de cada cinco doses doadas pela Alemanha e decidir a que regiões distribuí-las.

A agência humanitária da Igreja luterana alemã Brot für die Welt (Pão para o mundo) pede pressa: na África, por exemplo, apenas 1% da população está vacinada contra a covid-19, e "uma grave terceira onda custa muitas vidas humanas". Teria sido necessário, desde o início, equipar a Covax muito melhor do que tem sido o caso, critica a organização.

A Alemanha também doará 20% de seu excedente diretamente a países, sobretudo do oeste dos Bálcãs (3 milhões de doses), assim como à Ucrânia, Armênia e Namíbia, porém a ação ainda não tem data marcada para começar.

As doações bilaterais de vacinas contra o novo coronavírus são objeto de polêmica, suspeitas de servirem a fins estratégicos dos Estados doadores, numa espécie de "diplomacia da vacina". A Brot für die Welt vê a questão com pragmatismo: as doações bilaterais "podem não ser ideais, mas se forem realizadas em regiões onde não há outras vacinas, são melhor do que nada".

A agência eclesiástica considera os 30 milhões de doses que a Alemanha planeja doar uma boa coisa, "mas são apenas uma pequena parte", e "só uma ampliação das capacidades vai nos levar adiante", afirma.

Já foram dados os primeiros passos nesse sentido, com mais instalações de produção in loco. Contudo falta ainda a quebra de patentes, como reivindicam a Índia e a África do Sul desde outubro de 2020.

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