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Com X bloqueado no Brasil, quais as principais alternativas?

Thomas Latschan
5 de setembro de 2024

Desde que Elon Musk comprou o Twitter e mudou a plataforma de nome, ela virou alvo de críticas de entidades e governos pela disseminação de discurso de ódio e fake news. Mas há outros serviços similares.

Mãos seguram um celular que mostra postagens no X, incluindo uma com a bandeira do Brasil
O Brasil era o sexto maior mercado para o X em todo o mundo, mas isso chegou ao fim por enquantoFoto: EVARISTO SA/AFP/Getty Images

Desde sábado passado, o X passou a ter – pelo menos teoricamente – 21,5 milhões de usuários a menos de uma só vez. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou o bloqueio do serviço em todo o país, em mais um capítulo de uma longa disputa com o proprietário do serviço, Elon Musk.

A medida foi determinada – e posteriormente referendada pela Primeira Turma do STF – após a rede social se recusar a cumprir ordens judiciais para apagar determinadas postagens e para indicar um representante legal da empresa no Brasil.

O Brasil era o sexto maior mercado para o X em todo o mundo, mas isso chegou ao fim por enquanto. Quem tentar contornar a proibição usando meios técnicos, como conexões por VPN, pode ser multado em até R$ 50 mil por dia.

Enquanto isso, os usuários do Brasil já estão se reorientando; o concorrente Bluesky, em particular, tem recebido um afluxo maciço desde o bloqueio do X. A plataforma é uma das alternativas, além de outros serviços de microblogging usados no mundo todo:

Bluesky

À primeira vista, o Bluesky parece uma versão reduzida do X. Não é de se admirar, pois ela foi lançada por Jack Dorsey, o ex-cofundador e CEO do Twitter. A rede está aberta ao público em geral desde 2023.

Ao contrário do X, o Bluesky é organizado de forma descentralizada – os usuários podem se registrar por meio de vários servidores menores, em vez de depender de um grande. As postagens no Bluesky são limitadas a 300 caracteres e, portanto, são um pouco mais longas do que no X. Uma característica especial da rede é que os usuários podem escolher entre diferentes algoritmos e, assim, determinar o que é exibido em seus feeds. Ao contrário do X, também é possível simplesmente levar suas conversas e contatos ao sair da plataforma.

Desde que o X foi bloqueado no Brasil, o Bluesky ganhou mais de um milhão de novos usuários – um grande aumento para uma empresa com apenas 8,4 milhões de usuários no total.

Ao contrário do X, o Bluesky é organizado de forma descentralizada

Mastodon

A rede desenvolvida pelo desenvolvedor de software russo-alemão Eugen Rochko também é organizada de forma descentralizada, com vários servidores operados por indivíduos ou instituições privadas conectados entre si. Ao se registrarem, os usuários escolhem o servidor que melhor lhes convém. Os servidores – também conhecidos como "instâncias" na Mastodon – geralmente são voltados para uma região ou comunidade específica. O Mastodon afirma que dá grande importância à ausência de discurso de ódio, notícias falsas e outros conteúdos ilegais. Cada "instância" individual decide por si mesma o que é censurado, excluído ou bloqueado.

Fora isso, o Mastodon funciona exatamente da mesma forma que outros serviços de microblogging: os usuários podem postar os chamados toots – o equivalente a tweets no X. Há um espaço de 500 caracteres por toot, que outros usuários podem comentar, curtir ou compartilhar. O Mastodon é um software de código aberto: o código-fonte é acessível a todos. O desenvolvimento do serviço é financiado quase exclusivamente por doações. Desvantagem: o Mastodon é (ainda) relativamente pequeno: tem apenas cerca de um milhão de usuários ativos por mês.

Mastodon diz que dá grande importância à ausência de discurso de ódio e notícias falsasFoto: Thomas Trutschel/photothek/picture alliance

Threads

Quando se trata de mídia social, ele não está muito longe: Mark Zuckerberg. O chefe da empresa controladora do Facebook, a Meta, lançou no ano passado seu próprio concorrente do X, o Threads. O serviço também é baseado em texto e descentralizado e tem basicamente funções semelhantes às do X. No entanto, os críticos reclamam que está muito integrado a outra rede social da Meta: Instagram.

Desvantagem: os usuários usam o mesmo nome de usuário em ambas as plataformas. Não é possível criar uma conta no Threads sem mais nem menos; primeiro é preciso ter uma conta no Instagram e depois vinculá-la ao serviço. Também não é possível excluir uma conta do Threads sem excluir a conta do Instagram ao mesmo tempo. Vantagem: o Threads pode acessar as conexões já existentes entre centenas de milhões de usuários.

Outra crítica é que o Threads coleta muitos dados pessoais – na União Europeia, o serviço só foi lançado após um atraso de seis meses, pois primeiro foi necessário verificar sua compatibilidade com as novas leis digitais europeias. Nada disso reduziu a popularidade da rede: o Threads tem atualmente 175 milhões de usuários ativos.

Mark Zuckerberg, chefe da empresa controladora do Facebook, a Meta, lançou o Threads em 2023Foto: Mateusz Slodkowski/ZUMA Press/picture alliance

Amplo mercado, com muitos provedores

Além das plataformas aqui apresentadas, há vários outros serviços de microblogging: os maiores incluem Tumblr, Plurk e identi.ca. Várias empresas de mídia social também integraram suas próprias funções de microblogging em suas plataformas, como Facebook, TikTok, LinkedIn e Telegram, que recentemente ganhou as manchetes após a prisão de seu fundador Pavel Durov.

Até Trump tem seu próprio site de microblogs após ser banido do Facebook, do Instagram e do TwitterFoto: Muhammad Ata/ZUMAPRESS.com/picture alliance

A China bloqueou ou restringiu muitos desses serviços e lançou sua própria plataforma de microblogging: o Weibo é um dos pesos pesados globais do setor; semelhante em estrutura ao Twitter, cerca de 580 milhões de usuários, principalmente chineses, usam o serviço todos os meses. O Weibo é constantemente monitorado pela autoridade de censura chinesa, o que significa que o conteúdo "impopular" pode ser rapidamente bloqueado e excluído.

Até mesmo Donald Trump abriu seu próprio site de microblogs. Depois de ser banido do Facebook, do Instagram e do Twitter, após a invasão do Capitólio dos EUA, ele desenvolveu o Truth Social. Não foi um sucesso: a rede está custando ao candidato à presidência dos EUA milhões em prejuízo – e a aceitação entre os usuários também é relativamente baixa. A rede teria apenas um milhão de usuários ativos.

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