Comandante do Exército alemão pede mais verba para militares
26 de fevereiro de 2023
Depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, a Alemanha criou um fundo especial de 100 bilhões de euros para reequipar suas Forças Armadas. Para o chefe do Exército e o ministro da Defesa, não é suficiente.
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O fundo especial alemão de 100 bilhões de euros (R$ 550 bilhões) para modernizar a Bundeswehr, as Forças Armadas da Alemanha, não será suficiente para equipar completamente os militares do país, disse o comandante do Exército alemão, general Alfons Mais, à agência de notícias alemã dpa.
Esse fundo foi criado no ano passado, após o início da invasão da Ucrânia, e constitui uma verba extra, além das dotações orçamentárias já previstas para as Forças Armadas.
Alfons Mais provocou polêmica no ano passado quando criticou o que descreveu como anos de negligência na prontidão operacional da Bundeswehr, mas disse à dpa que já foram feitos progressos no processo de aquisição de novos equipamentos.
"Vejo uma grande pressão para avançar com as compras na maior velocidade possível. Ainda não entregamos os tanques Leopard e já estamos pensando em como podemos substituí-los o mais rápido possível, e com razão", disse, referindo-se à entrega planejada de tanques de batalha Leopard 2, de fabricação alemã, para a Ucrânia.
Mas, além de repor os tanques e armas enviados à Ucrânia, é importante um "aumento material na direção de ter o equipamento completo", enfatizou Mais. "Contudo, o fundo especial por si só não será suficiente para conseguir isso."
Em 24 de fevereiro do ano passado, no dia em que a Rússia iniciou a invasão do país vizinho, Mais escreveu no LinkedIn: "A Bundeswehr, o Exército que tenho o privilégio de liderar, está mais ou menos vazia". Atualmente ele diz que prefere não usar mais esse termo. "Isso não faz mais justiça à situação hoje, um ano depois", disse.
Muito teria sido feito desde então, e a prontidão não deveria ser reduzida a equipamentos, acrescentou. "As coisas estão avançando."
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Ministro da Defesa pede mais 10 bilhões de euros
O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, também reafirmou neste domingo, em entrevista à emissora pública ARD, que as Forças Armadas do país precisam de mais verbas, "pois do contrário não seremos capazes de realizar as tarefas que não foram realizadas por 30 anos", ressaltando que a lacuna se deve também ao período anterior ao início da guerra na Ucrânia.
O ministro do Partido Social-Democrata (SPD), atualmente o político mais popular da Alemanha, quer aumentar o orçamento da sua pasta em 10 bilhões de euros (R$ 55 bilhões), mas não está claro até o momento de onde essa verba viria e há disputas dentro da própria legenda sobre qual deve ser a prioridade com gastos militares face às demandas sociais no país.
Pistorius também disse que cerca de 30 bilhões de euros do fundo especial já haviam sido comprometidos com gastos contratados, e disse que novos contratos para a compra de obuseiros autopropulsados devem ser fechados até o final de março.
bl (dpa, ots)
Os blindados da Bundeswehr
O envio de armamentos pesados da Alemanha à Ucrânia é tema recorrente desde o ínício da invasão russa. A DW lista exemplos de veículos de infantaria e tanques antiaéreos produzidos no país e explica suas características.
Foto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance
Tanque de combate Leopard 2
O Leopard 2 é um tanque principal de batalha (MBT, na sigla em inglês), um veículo blindado com forte poder de fogo. É descrito como "altamente móvel, com tração sobre esteiras e uma arma muito potente como armamento principal, em uma torre giratória em 360 graus", com ao menos mais uma metralhadora. Entre os concorrentes, estão o M1 Abrams, dos EUA, o Challenger 2 britânico e o Leclerc francês.
Foto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance
Panzerhaubitze 2000
O obuseiro autopropulsado Panzerhaubitze 2000 é a peça de artilharia móvel mais moderna das Forças Armadas Alemãs (Bundeswehr). Com um calibre de 155 mm, pode disparar projéteis a até 54 km de distância. O veículo é montado sobre esteiras e tem uma taxa muito alta de fogo contínuo, com recarregamento automático.
Foto: Sven Eckelkamp/IMAGO
Veículo de combate de infantaria Marder
Estes veículos blindados de combate de infantaria são colocados na linha de frente, protegem contra fogo de armas pequenas e oferecem quase a mesma proteção que um tanque de batalha. Sua principal tarefa é transportar a infantaria para o local de combate e acompanhar e proteger os tanques de guerra. Eles são equipados com canhões leves e muitas vezes com mísseis guiados.
Foto: Philipp Schulze/dpa/picture alliance
Veículo de combate de infantaria Puma
O Puma é mais avançado do que o Marder, com um maior alcance de combate. Tem um canhão totalmente estabilizado com um calibre de 30 milímetros. Não há tripulação na torre do tanque. A arma é controlada de forma remota.
Foto: picture alliance/dpa/H. Hollemann
Transportador blindado Fuchs
Os blindados Fuchs (raposa) e Boxer (raça canina) são projetados para transportar um esquadrão de infantaria, feridos ou munições e são armados apenas levemente. Por isso, eles normalmente só podem fazer frente a armas de infantaria leves e médias.
Foto: Sven Eckelkamp/IMAGO
Veículo blindado de reconhecimento Fennek
Pequeno, rápido, silencioso e com armas leves, o Fennek (raposa-do-deserto) é sucessor do Luchs e o principal veículo de reconhecimento sobre rodas da Bundeswehr. Tem proteção de nível 3 de blindagem e pode ser equipado com uma variedade de metralhadoras. O Fennek não corresponde aos "tanques de reconhecimento" AMX-10 RC que a França quer fornecer à Ucrânia, que têm arma maior.
Foto: picture-alliance/dpa
Blindado especializado Büffel
O veículo de recuperação blindado Büffel (búfalo) permite à Bundeswehr recuperar tanques e outros equipamentos pesados avariados no campo de batalha.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Schulze
Blindado lançador de pontes Biber
O Biber (castor) é um tanque de lançamento de pontes projetado para transitar através de rios e trincheiras.
Foto: Patrik Stollarz/AFP via Getty Images
Blindado especializado antiaéreo Gepard
O Gepard (guepardo) é um tanque antiaéreo de propulsão independente projetado para todas as condições meteorológicas, desenvolvido nos anos 60, lançado nos anos 70 e atualizado várias vezes com eletrônica de última geração. Foi fundamental na defesa aérea da Bundeswehr e de vários outros países da Otan. Em 2010 foi desativado e substituído pelo tanque antiaéreo leve Wiesel 2 Ozelot.