1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Para matar

2 de maio de 2011

Soldados de elite da Marinha americana invadiram a residência onde o líder da Al Qaeda se refugiava e o mataram numa operação que durou apenas 40 minutos. Para chegar até Bin Laden, agentes vigiaram um mensageiro dele.

Osama Bin Laden em 1998Foto: AP

A caçada ao líder terrorista mais procurado do mundo durou quase uma década, mas o momento culminante não durou mais que 40 minutos. Neste domingo (01/05), uma unidade especial da Marinha dos Estados Unidos invadiu a casa onde o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, estava escondido e o matou.

A equipe que invadiu a casa cumpria ordens para matar Bin Laden, segundo declarações de um oficial americano à agência de notícias Reuters. “Foi uma operação para matar”, afirmou, deixando claro que a intenção não era capturar vivo o líder terrorista.

O corpo de Bin Laden foi jogado ao mar numa cerimônia fúnebre em conformidade com a tradição do Islã, afirmaram militares americanos. “Queríamos evitar uma situação na qual se criasse um santuário”, disse um oficial.

Bin Laden foi morto com tiro na cabeça

Na madrugada desta segunda-feira, após a confirmação da morte pelo presidente Barack Obama, oficiais do governo dos Estados Unidos deram detalhes da operação. O que eles descreveram parece um filme de ação, com um refinado trabalho conjunto de diversos serviços secretos e informações fornecidas por terroristas detidos.

A ação do comando de elite Navy Seal começou na tarde deste domingo, pelo horário de Washington, ou pouco depois da meia-noite no Paquistão. Segundo forças de segurança paquistanesas, a operação durou ao todo cerca de quatro horas.

Complexo residencial onde Bin Laden se escondia, em AbbottabadFoto: dapd

Os soldados se dirigiram à residência onde Bin Laden estava escondido em dois helicópteros. O chefe da Al Qaeda tentou resistir à invasão e, segundo a emissora CNN, foi morto com um tiro na cabeça. Além dele, mais três homens morreram durante a operação. A invasão aconteceu entre a 1h30 e 2h, pelo horário local.

Oficiais americanos supõem que os mortos sejam um filho adulto de Bin Laden e dois irmãos que trabalhavam como mensageiros do líder terrorista e que foram uma pista importante para determinar sua localização.

No local, estavam também diversas mulheres e crianças. Segundo fontes oficiais, uma das mulheres foi utilizada como escudo por um combatente da Al Qaeda e morreu durante a ação. Duas outras ficaram feridas.

Nenhum soldado americano foi ferido na operação. A equipe perdeu, porém, um dos helicópteros e deixou o local em apenas uma das aeronaves. Antes de partir, militares americanos destruíram o helicóptero abandonado.

Dois mensageiros foram a pista

A operação do comando de elite vinha sendo preparada há muito tempo. Os Estados Unidos passaram a coletar informações sobre o círculo de pessoas próximas ao líder terrorista quando ficou claro que Bin Laden era uma ameaça, disseram fontes do governo, que pediram anonimato. Isso deve ter sido já antes do 11 de Setembro.

Depois dos ataques, informações fornecidas por terroristas detidos pela CIA levaram a pessoas que possivelmente ajudaram Bin Laden e o número 2 da Al Qaeda, Aiman Al Zawahiri, a fugir para o Afeganistão.

Casa de Bin Laden, invadida neste domingo pelos EUAFoto: dapd

Mais tarde, um mensageiro de Bin Laden despertou a atenção da CIA. Terroristas detidos o identificaram como um protegido de Khalid Sheikh Mohammed, o suposto autor intelectual dos ataques de 11 de Setembro, e como um dos poucos mensageiros da Al Qaeda que tinha a confiança de Bin Laden.

Os informantes também disseram que o mensageiro talvez vivesse com Bin Laden, podendo atuar também como uma espécie de guarda-costas. Até mesmo um nome eles forneceram, ainda que fosse apenas um pseudônimo.

Somente quatro anos atrás os agentes conseguiram identificar o mensageiro. Há dois anos, eles definiram a região no Paquistão onde o mensageiro e seu irmão atuavam. Mas a moradia exata dos dois permanecia um mistério, o que só reforçava nos agentes dos EUA a certeza de que estavam na pista certa.

Complexo residencial fortemente protegido

A mudança de rumo aconteceu apenas em agosto de 2010, segundo fontes oficiais do governo dos Estados Unidos. Foi nesse mês que o refúgio dos dois foi descoberto, um local na cidade de Abbottabad, a cerca de 60 quilômetros ao norte da capital do Paquistão, Islamabad.

“Ficamos chocados com o que vimos”, disse um dos funcionários do governo. “Uma propriedade única, realmente extraordinária.” Trata-se de um complexo construído há cerca de seis anos num terreno grande, talvez até com a finalidade de ser usado por Bin Laden.

A segurança no local era altíssima. Um muro de cinco metros e meio de altura e com arame farpado no alto cercava o complexo. O acesso se dava apenas por dois portões vigiados. Os moradores queimavam o próprio lixo, provavelmente para não deixar vestígios. Não havia telefones nem acesso à internet.

A residência principal tem três andares e poucas janelas. Os funcionários americanos a avaliaram em cerca de 1 milhão de dólares, muito dinheiro para padrões paquistaneses e também para os padrões dos dois mensageiros da Al Qaeda.

Para o serviço secreto dos EUA, a explicação era clara: tratava-se de um esconderijo feito sob medida para alguém muito importante. Foi quando se descobriu que, além das famílias dos dois mensageiros, uma terceira família habitava o local, em tamanho semelhante à de Bin Laden.

Segundo os funcionários, todos os detalhes fechavam com os do local onde se imaginava que Bin Laden estivesse escondido. Foi aí que veio o sinal verde para a operação deste domingo.

AS/dpa/rtr/afp
Revisão: Rodrigo Rimon

Pular a seção Mais sobre este assunto