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Estudo: Combate à pobreza passa pela redução do consumo nas nações ricas

27 de abril de 2012

Grupo de 23 cientistas defende uma mudança drástica nos padrões de consumo das nações ricas como forma de combater a pobreza mundial, diante do constante crescimento da população planetária.

Foto: dapd

Os níveis de consumo nos países desenvolvidos e nos países em desenvolvimento precisam ser reequilibrados em favor do combate à pobreza absoluta, que afeta cerca de 1,3 bilhão de pessoas em todo mundo, segundo um relatório intitulado Pessoas e o planeta, publicado pela Royal Society, a tradicional academia britânica de ciência.

O estudo foi elaborado por uma equipe de 23 cientistas para servir de subsídio aos debates da conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento sustentável, a Rio+20, que acontece no Rio de Janeiro em junho.

"O mundo está diante de uma escolha muito clara. Podemos optar por abordar as questões gêmeas da população e do consumo", declarou sir John Sulston, membro da Royal Society e responsável pelo relatório. "Podemos optar por reequilibrar o uso de recursos em favor de um padrão mais igualitário de consumo. Ou podemos optar por não fazer nada e nos deixar conduzir a uma espiral decrescente de males econômicos, sociopolíticos e ambientais, levando a um futuro mais desigual e inóspito", completou.

População e meio ambiente

O time internacional de cientistas apela aos governos para considerarem o crescimento populacional e os efeitos que o consumo excessivo em nações desenvolvidas tem sobre as nações mais pobres e "se comprometerem com um futuro mais justo, não baseado no crescimento do consumo material em seus países, mas nas necessidades da comunidade global, tanto no presente como no futuro".

O relatório aponta que, entre 2010 e 2050, a população global provavelmente aumentará em 2,3 bilhões de pessoas e se tornará predominantemente urbana e mais velha.

Nas nações ricas o padrão de consumo não raro causa problemas de saúdeFoto: picture-alliance/dpa

Os autores do relatório dizem que, por muito tempo, a relação entre população e meio ambiente foi negligenciada. Segundo os cientistas, o consumo por parte daqueles que mais consomem deve ser diminuído através de incentivos a "novos sistemas socioeconômicos e a instituições" e pelo fornecimento de serviços públicos que não sejam baseados apenas no consumo, sem levar em conta seu impacto mais amplo.

Eles constataram que a quantidade média de calorias consumidas mundialmente aumentou 15% entre 1960 e 2005, mas, em 2010, quase 1 bilhão de pessoas não consumia calorias suficientes para serem consideradas saudáveis.

Os cientistas também declararam que a medida tradicional de riqueza de uma nação através do Produto Interno Bruto (PIB) é "pobre" e "não leva em conta o capital natural".

Planejamento familiar

O relatório também sublinha que o acesso à contracepção e a educação no planejamento familiar é uma questão primordial nos países em desenvolvimento, especialmente na África, continente que, nas próximas décadas, deverá ser responsável por 70% do crescimento da população mundial.    

Sir Sulston apresentará as principais conclusões do relatório para representantes dos estados-membros das Nações Unidas em Nova York, na próxima terça-feira.

Autora: Nicole Goebel (mas)
Revisão: Alexandre Schossler

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