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PolíticaFrança

Comboio antivacina bloqueia Arco do Triunfo, em Paris

12 de fevereiro de 2022

Inspirados em caminhoneiros canadenses, manifestantes fecharam ruas para exigir fim das restrições impostas para conter a pandemia de covid-19. Ao menos 14 pessoas foram detidas.

Três policiais parados ao lado de viatura. Eles observam carros bloqueando a região. Bem ao fundo é possível ver o Arco do Triunfo.
Cerca de 7.200 agentes foram mobilizados para monitorar protestosFoto: Benoit Tessier/REUTERS

Um comboio de centenas de veículos conduzidos por manifestantes antivacinas e contrários às medidas de restrições impostas pelo governo francês para conter o coronavírus bloqueou neste sábado (12/02) o Arco do Triunfo, em Paris.

Os veículos estavam estacionados nos arredores da capital francesa desde a noite de sexta-feira. A polícia tentou impedi-los de seguirem para o centro de Paris, usando gás lacrimogêneo. Cerca de 500 veículos foram abordados e ao menos 280 multas foram aplicadas. 

A polícia estima que cerca de 3.300 veículos participaram deste e de outros comboios na cidade. Ao menos 14 pessoas foram detidas, informou o jornal francês Le Monde. Os protestos deste sábado não foram autorizado pelas autoridades, e a polícia francesa destacou 7.200 agentes para monitorar os comboios por três dias. Protesto semelhante ocorreu em Haia, na Holanda.

Inspiração no Canadá

Em ambos os casos, os manifestantes se inspiram nos caminhoneiros canadenses do movimento "Comboio da Liberdade", que conseguiram fechar a capital, Ottawa, para protestar contra as medidas anticovid. Eles também bloquearam várias pontes na fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá.

Embora o conceito de "Comboio da Liberdade" tenha sido construído em torno do movimento de protestos antivacina em Ottawa, na França também reuniu manifestantes irritados com o aumento da energia e alguns associados ao movimento dos "coletes amarelos".

Para que as reivindicações sejam atendidas, milhares de pessoas de toda França prometeram formar "uma massa de veículos que as forças de segurança achem impossível conter".

Policiais interceptaram motoristas e aplicaram multasFoto: Benoit Tessier/REUTERS

No Twitter, a polícia parisiense apresentou alguns dos equipamentos de controle disponíveis para deter os comboios, como tratores para remoção de barricadas e caminhões com canhões de água. 

"Se eles bloquearem o tráfego ou tentarem bloquear a capital, devemos ser muito firmes", disse o primeiro-ministro francês, Jean Castex, à France 2 TV.

"O direito de manifestação e de opinião é constitucionalmente garantido em nossa República e em nossa democracia. O direito de bloquear os outros ou impedir o ir e vir, não", acrescentou.

Na sexta-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, reconheceu o cansaço sentido pelas pessoas à medida que a pandemia se arrasta.  

"Essa fadiga também leva à raiva. Eu a entendo e a respeito. Mas peço a máxima calma", disse ao jornal Ouest-France.

Fim dos bloqueios no Canadá

A polícia da cidade de Windsor, no Canadá, começou na manhã deste sábado a retirar caminhões e outros veículos que bloqueiam há seis dias a ponte internacional Ambassador, que liga o país aos Estados Unidos.

A ação policial foi tomada um dia depois que o juiz Geoffrey Morawetz, do Tribunal Superior da província de Ontário, ordenou aos caminhoneiros manifestantes que parassem de bloquear a ponte até as 19h de sexta-feira.

Atendendo a ordem, a polícia distribuiu folhetos aos caminhoneiros, advertindo que entraria em vigor em Ontário o estado de emergência a partir deste sábado e que o bloqueio da ponte era "ilegal".

O bloqueio causou sérios danos às economias canadense e americana. Pelo menos seis fábricas de montagem de veículos em ambos os lados da fronteira tiveram que reduzir ou interromper a produção devido à falta de peças.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, falou com o presidente americano, Joe Biden, e se comprometeu a pôr fim ao bloqueio na ponte, que liga Windsor a Detroit (EUA).

Além do bloqueio em Windsor, manifestantes fecharam dois outros postos da fronteira com os EUA.

le (Lusa, EFE)