Comboio entrega ajuda humanitária em subúrbio de Damasco
1 de junho de 2016
Essa é a primeira vez desde 2012 que a região controlada por rebeldes e sitiada por tropas do governo recebe assistência internacional. Moscou coordena cessar-fogo local para garantir entrega de suprimentos na cidade.
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Um comboio de ajuda humanitária entregou nesta quarta-feira (01/06) suprimentos na cidade síria de Daraya, localizada no subúrbio de Damasco e controlada por rebeldes. Essa é a primeira assistência internacional que a região recebe desde que o regime do presidente Bashar al-Assad montou um cerco ao local em 2012.
Apesar do apelo por comida, as caminhonetes levaram à região suprimentos médicos, vacinas, leite para crianças e itens nutricionais. O diretor do Programa Alimentar Mundial na Síria, Jakob Kern, afirmou que o governo não permitiu a entrega de alimentos no primeiro transporte, mas que ela está planejada para acontecer na sexta-feira.
A ONU alertou que crianças poderiam morrem de fome diante a horrível situação em Daraya e avisou, no mês passado, que se não tivesse permissão para o acesso às zonas cercadas até o início de junho iria começar a prestar assistência via aérea na região.
A organização Save the Children criticou a proibição da entrega de alimentos junto com o primeiro comboio. "A comunidade internacional precisa pressionar ambos os lados do conflito para permitir e manter a ajuda humanitária", ressaltou uma diretora da ONG.
A entrega da ajuda humanitária foi possível graças a um cessar-fogo local de 48 horas, anunciado por Moscou no início desta quarta-feira. O Ministério de Defesa da Rússia afirmou que coordenou com autoridades sírias e os Estados Unidos a pausa nos conflitos.
Cidade sitiada
Daraya, que possuía cerca de 8 mil habitantes, foi uma das primeiras cidades sírias a se manifestar contra o governo em 2012. Forças de segurança de al-Assad sitiaram a região no fim do mesmo ano. Apesar de apelos internacionais, as autoridades Damasco se recusam a liberar o envio de ajuda humanitária ao local.
As Nações Unidas estimam que 4 mil civis ainda estejam na cidade, que é bombardeada constantemente desde 2012.
O enviado especial da ONU para a crise Síria, Staffan de Mistura, ressaltou que as negociações de paz, encerradas no fim de abril, só serão retomadas quando houver melhoras no acesso à ajuda humanitária, além da redução dos confrontos.
Mai de 280 mil pessoas morreram na Síria desde o início do conflito em março de 2011 e milhões foram obrigadas a abandonar suas casas.
CN/rtr/afp/lusa
Amor em tempos de guerra na Síria
Apesar dos contínuos bombardeios sobre sua cidade natal, um casal de Homs recusou-se a abandonar a esperança, usando as ruínas como cenário para seu álbum de casamento. A agência AFP deu projeção mundial às imagens.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Vida e amor entre ruínas
Nada Merhi, de 18 anos, e o soldado Hassan Youssef, de 27, escolheram um pano de fundo inusitado para suas fotos de casamento: as ruínas de sua cidade natal, Homs, na Síria, destroçada por bombardeios. A ideia foi do fotógrafo Jafar Meray, com a intenção de mostrar que "a vida é mais forte do que a morte".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
"O amor reconstrói a Síria"
Um mês depois de o casal sírio posar na cidade bombardeada, a agência de notícias francesa AFP divulgou uma série feita por um de seus fotojornalistas, documentando a iniciativa. O fotógrafo Meray postou o inusitado álbum de casamento no Facebook, sob o título "O amor reconstrói a Síria".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Cidade dilacerada
A guerra civil na Síria já fez mais de 250 mil vítimas, a maior parte delas civis. Terceira maior cidade síria, Homs tem sofrido tremendamente com as ofensivas das forças leais ao presidente Bashar al-Assad. Ela foi uma das primeiras cidades a se opor ao governo em 2012, embora em vão. Desde então, o governo conseguiu expulsar de Homs a maioria dos combatentes rebeldes.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Destroços cinzentos, vestido branco
Em meio à antes próspera metrópole, o branco do vestido de noiva de Nada realça a destruição que circunda o jovem casal. Buracos de bala, prédios abandonados, ruínas incendiadas e estradas desertas são um lembrete constante das vidas que Homs abrigava antes da guerra civil.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Ataques continuam
Homs continua sendo alvo frequente de ataques armados. Em 26 de janeiro de 2016, 22 pessoas foram mortas e mais de cem feridas num atentado suicida a bomba no bairro de Al-Zahra. A maioria da população local é de alauítas, a seita islâmica minoritária a que também pertencem o presidente Assad e sua família. A milícia jihadista do "Estado Islâmico" (EI) reivindicou o ato terrorista.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Homs não é única vítima
Desde 30 de setembro de 2015, aviões de combate russos têm realizado ofensivas aéreas em apoio às forças de Assad. Homs não é a única cidade síria atingida: em 15 de fevereiro, um hospital perto de Murat al-Numan, a cerca de 280 quilômetros de Damasco, foi atingido por bombardeios. Ao menos nove pessoas morreram.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Pressão internacional
Numa entrevista à agência de notícias AFP, Assad afirmou que continuaria a lutar, apesar da pressão internacional crescente no sentido de um cessar-fogo. O ministro saudita do Exterior, Adel al-Jubeir, rebateu, falando a um jornal alemão: "Não vai mais haver um Bashar al-Assad no futuro. Ele não vai mais arcar com a responsabilidade pela Síria."
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Destaque na Conferência de Munique
O sofrimento contínuo dos habitantes nas áreas sitiadas da Síria foi um dos pontos centrais de debate na Conferência de Segurança de Munique, realizada de 12 a 14 de fevereiro de 2016 e dedicada à segurança. O secretário de Estado americano, John Kerry, declarou: "Em nossa opinião, a grande maioria dos ataques da Rússia foi contra grupos oposicionistas legítimos."
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Repercussão na rede social
Alguns usuários do Facebook comentaram as imagens de Jafar Meray de forma emocional. "Sinto-me como o noivo na foto", escreveu um deles. Outro desejou: "Que Deus esteja com vocês e com todos os sírios. Obrigado por todas estas fotos e por partilhá-las com o mundo." Um terceiro propôs um título alternativo: "Amor em tempos de guerra".
Foto: Getty Images/AFP/J. Eid
Prova de que a vida continua
As fotografias de Meray se tornaram um sucesso tão grande que, além de comentá-las, seus seguidores no Facebook criaram sequências de slides com a série e a transformaram em vídeos para o YouTube. Para um usuário, o trabalho de Meray é "prova de que a vida continua, mesmo em Homs, a cidade mais devastada da Síria".