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O último processo?

S. Scheithauer (av)15 de setembro de 2008

O bávaro Josef S. era membro honrado de sua cidade. Aos 90 anos, ele responde agora por massacre na Toscana, em 1944. Trata-se, provavelmente, do último processo do gênero.

Justiça mais de 60 anos depoisFoto: AP

Como este processo, já houve diversos outros, só que desta vez há perspectiva de êxito. Ao contrário de outros acusados, o réu, Josef S., da Baviera, é considerado capaz de responder por seus atos, apesar de contar 90 anos de idade.

Segundo o parecer de um perito, o robusto aposentado pode perfeitamente comparecer diante do tribunal por algumas horas, a cada audiência. O Tribunal do Júri de Munique estipulou inicialmente a duração do processo que se inicia nesta segunda-feira (15/09) em 11 dias, até 21 outubro. Estão convocadas mais de 20 testemunhas e numerosos peritos.

Segundo julgamento

Os promotores públicos de Munique acusam Josef S. de, na qualidade de oficial do Exército nazista, haver ordenado um ato de represália contra partisans na cidade toscana de Falzano di Cortona. O crime ocorreu em junho de 1944, quando as tropas da Wehrmacht já se retiravam da Itália Central.

Sob seu comando, componentes da Primeira Companhia do Batalhão 818 fuzilaram primeiro um homem e três mulheres. Em seguida, trancaram 11 pessoas numa casa de fazenda que explodiram. Apenas um rapaz de então 15 anos sobreviveu. Agora, aos 79 anos, ele deporá no atual processo, como única testemunha ocular.

Em 2006, juntamente com um outro oficial, Josef S. já fora julgado à revelia por um tribunal militar na cidade italiana de La Spezia e condenado à prisão perpétua. Contudo o réu não foi entregue. Este ano a Promotoria Pública de Munique o acusou de homicídio cruel por motivos torpes em 14 casos.

Cidadão honrado

Reunião de veteranos da tropa de montanha em MittenwaldFoto: AP

Durante longos anos, Josef S. viveu tranqüilamente como mestre-carpinteiro em sua cidade natal, Ottobrun. Ele contava como cidadão honrado e apenas três anos atrás foi agraciado com uma medalha de honra pela cidade.

O ex-oficial participava também dos encontros tradicionais dos veteranos das tropas de montanha em Mittenwald. Observadores críticos já apontaram a proximidade deste assim chamado "círculo de camaradas" com os neonazistas.

Um correspondente do periódico Süddeutsche Zeitung descreveu a incompreensão e o sentimento de revolta em Ottobrun por um cidadão honorário da cidade ser responsabilizado após mais de 60 anos.

Josef S. sempre negou qualquer culpa ou cumplicidade com os crimes de Falzano di Cortona. Um de seus advogados será Klaus Goebel, de Munique, que já representou o ex-capo da SS Anton Malloth e diversos negadores do Holocausto.

Sem esperança

Em contrapartida, as autoridades judiciais alemãs têm poucas esperanças no processo contra o antigo soldado da SS Heinrich B.. Ele responde perante o Tribunal Regional de Aachen pela morte de três civis em 1944, na Holanda.

Durante muito tempo, o réu esteve na lista dos criminosos de guerra nazistas mais procurados pelo Centro Simon Wiesenthal. No seu caso, nem mesmo foi designado um perito, cujo parecer ainda se faria esperar um bom tempo, confirmou o juiz de Aachen à Deutsche Welle. A abertura de um processo nos próximos meses seria, portanto, "bastante improvável".

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