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Novo país na África

7 de janeiro de 2011

A maior nação africana está perto da divisão: neste domingo os eleitores do sul do Sudão começam a decidir se vão formar um novo país. Seria o primeiro a surgir na África desde a separação da Eritreia da Etiópia.

Eleitor se cadastra para a votação no sul do SudãoFoto: picture alliance/dpa

Dezessete anos depois da separação da Eritreia da Etiópia, um outro país africano, o maior do continente, está diante de uma divisão: o Sudão. No próximo domingo (09/01), os 5 milhões de habitantes do sul sudanês começam a decidir em referendo se a região, após muitas disputas, se tornará independente. A votação prosseguirá até o dia 15.

A guerra civil entre o norte islâmico do Sudão e o sul, majoritariamente cristão e animista, durou mais de 20 anos. Quase 2 milhões de pessoas morreram e outros milhões se tornaram refugiados. Os motivos para o confronto, segundo especialistas, foram conflitos étnicos e, acima de tudo, uma disputa de poder em torno de reservas de petróleo.

Omar al-Bashir, no centro, em visita ao sul do SudãoFoto: AP

Acordo de paz

O confronto chegou ao fim oficialmente em 2005, com a assinatura de um tratado de paz entre o Partido do Congresso Nacional, do norte sudanês, e o Movimento Popular de Libertação do Sudão (SPLM), do sul do país.

Segundo o acordo, ambas as partes concordam com um referendo no qual os habitantes do sul decidirão sobre a independência da região do governo sudanês. A votação aconteceria seis anos após a assinatura do tratado, entre 9 e 15 de janeiro de 2011. Até esta data, a autonomia do sul sudanês fora garantida.

Além da parte sul do país, o acordo também abrange a rica região petrolífera Abyei, na fronteira entre o norte e o sul sudanês. Para a província, um referendo paralelo seria agendado e os moradores poderiam decidir sobre o futuro da região. No caso de uma divisão do Sudão, Abyei teria a opção de escolher a qual das duas partes gostaria de pertencer.

Mas a falta de acordo sobre quais grupos da população poderiam participar deste segundo referendo levou ao cancelamento dele, o que não contribuiu para aliviar a precária situação política interna sudanesa antes da grande votação.

Os motivos da tensão incluem direitos sobre o uso da terra e também interferência política externa. Além disso, Cartum (a capital do Sudão) e Juba (a capital do sul) promovem uma luta pelo poder em Abyei, por meio de seus aliados regionais, para assegurar o controle dos campos de petróleo da província.

Eeitores em Juba carregam cartazes a favor da independênciaFoto: AP

Votação

Os principais preparativos para o grande plebiscito começaram em novembro de 2010, quando o governo do sul sudanês passou a registrar os eleitores – para os críticos, um início tardio. A dificuldade de se chegar a todos os eleitores logo ficou evidente. Além dos cerca de 4,5 milhões de eleitores que vivem na região, há muitos outros que se refugiaram em países vizinhos e mesmo além-mar durante a guerra civil.

Depois de diversas prorrogações, o prazo para o registro foi encerrado em 8 de dezembro último. Dos mais de 5 milhões de eleitores do sul sudanês, aproximadamente 3,9 milhões retiram o cartão de votação, informou a comissão do referendo.

Para que a votação seja válida, ao menos 60% dos registrados deverão participar do referendo do próximo domingo. E a decisão sobre a divisão do país necessita de maioria, ou seja, são necessários no mínimo 50% mais um dos votos. No sul sudanês, no entanto, ninguém duvida que essa marca será alcançada. O resultado do referendo deverá ser divulgado em 15 de fevereiro.

O presidente do Sudão, Omar Hassan al-Bashir, viajou nesta terça-feira a Juba, onde afirmou que o governo central acatará a decisão dos sul-sudaneses. As expectativas internacionais, entretanto, são de um otimismo cauteloso, principalmente devido ao conflito envolvendo a região de Abyei.

Autora: Vera Mertens (np)
Revisão: Alexandre Schossler

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