Começa em Bayreuth festival do bicentenário de Richard Wagner
25 de julho de 2013Em 22 de maio de 2013 comemorou-se o bicentenário de nascimento de Richard Wagner. Nesta quinta-feira (25/07) é inaugurada em Bayreuth, na Baviera, a edição de jubileu do festival criado pelo compositor, poeta e homem de teatro. Seguindo a tradição inaugurada em 1876, montagens exclusivas das óperas wagnerianas são executadas no teatro também concebido por ele.
Como sempre, a noite de abertura é um evento social de grande porte. A televisão exibe os convidados ilustres: ao lado de políticos alemães, como o presidente Joachim Gauck ou a chanceler federal Angela Merkel, são vistas personalidades do show-business e do alto empresariado europeu. Poucos deixam escapar a oportunidade de aparecer no tapete vermelho de Bayreuth.
Em geral, porém, as fileiras VIPs logo se esvaziam, dando lugar, até 28 de agosto, aos fãs "normais" de ópera e aos wagnerianos. Nem os assentos duros e estreitos nem o calor do verão os intimidam: grande parte deles teve que esperar até 12 anos por um ingresso. Graças aos subsídios públicos, os bilhetes para o Teatro de Bayreuth são relativamente acessíveis, na comparação internacional, e, portanto, avidamente disputados.
Febre wagneriana na Baviera
Apesar do jubileu, a casa de ópera se apresenta, à primeira vista, em seu aspecto de sempre. Observando-se de perto, porém, nota-se que a suposta fachada está impressa sobre enormes outdoors.
É atrás destes, rodeado de andaimes, que se encontra o teatro, patrimônio da cultura mundial, atualmente sendo submetido a uma restauração. As obras deverão custar 30 milhões de euros e demorar anos. Também está sendo restaurada a Vila Wahnfried, antiga residência de Wagner, hoje um museu.
Naturalmente o artista e sua obra dominam por completo a cidadezinha na região bávara da Alta Francônia, seja em leituras, seja em exposições ou palestras sobre suas óperas. O programa paralelo é complementado com atrações como o concurso de curtas-metragens intitulado "Happy Birthday, Wagner!".
Remontagens e estreias
O programa principal, no Teatro de Bayreuth, começa com a montagem de O Navio Fantasma já vista no ano anterior, com direção de cena de Jan Philipp Gloger e regência de Christian Thielemann. Pela primeira vez, a récita de abertura será transmitida ao vivo em cinemas alemães.
A programação prossegue com Tannhäuser (direção de Sebastian Baumgarten e regência de Axel Kober) e Lohengrin (com direção de cena de Hans Neuenfels e musical de Andris Nelsons).
No entanto, a atração principal, esperada com grande suspense, é a nova encenação da tetralogia O anel do Nibelungo. O ciclo com 16 horas de duração, distribuídas por quatro récitas, será regido pelo austro-russo Kirill Petrenko e colocado em cena pelo alemão Frank Castorf.
O Anel do enfant terrible
Castorf, diretor-geral do teatro Berliner Volksbühne, tem fama de ser polêmico e provocador. Suas montagens imaginativas modificam obras clássicas. Isso, no entanto, é proibido no Festival de Bayreuth, de acordo com os estatutos do evento.
Escândalo operístico à vista? Até o momento, muito pouco se sabe sobre a interpretação de Castorf do Anel. Segundo os boatos, o diretor transferirá para o mundo moderno a trama wagneriana, baseada em mitos germânicos. Seu tema é a história do petróleo e sua exploração. Os fãs do berlinense já contam, nesta produção, com muitas outras referências contemporâneas, projeções de vídeo e crítica social.
A atual montagem da tetralogia é a 12º na história do tradicional festival. E trata-se também do primeiro projeto inteiramente supervisionado, da concepção à apresentação, pelas bisnetas de Wagner e atuais diretoras do Festival de Bayreuth: Katharina Wagner e Eva Wagner-Pasquier.