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Criminalidade

Começa julgamento sobre morte do irmão de Kim Jong-un

2 de outubro de 2017

Irmão mais velho do líder da Coreia do Norte foi assassinado em fevereiro na Malásia. As duas suspeitas, uma indonésia e uma vietnamita, negam as acusações e dizem terem sido ludibriadas por agente norte-coreano.

A indonésia Siti Aisyah (esq.) e a vietnamita Doan Thi Huong se declararam inocentes das acusações
A indonésia Siti Aisyah (esq.) e a vietnamita Doan Thi Huong se declararam inocentes das acusações

As duas mulheres suspeitas do assassinato de Kim Jong-nam, irmão mais velho do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, foram a julgamento nesta segunda-feira (02/10) na Malásia. A indonésia Siti Aisyah, de 25 anos, e a vietnamita Doan Thi Huong, de 29, se declararam inocentes das acusações.

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Ambas são acusadas de jogar um líquido com o agente tóxico VX no rosto de Kim Jong-nam no dia 13 de fevereiro, num terminal do aeroporto de Kuala Lumpur.

Elas afirmam que foram recrutadas por um homem – suspeito de ser um agente da Coreia do Norte – para realizar uma espécie de pegadinha para um show de televisão com câmeras escondidas, e que não sabiam se tratar de uma tentativa de assassinato.

As duas mulheres são as únicas acusadas pela morte de Kim. A polícia malaia afirma que quatro norte-coreanos suspeitos de envolvimento no assassinato deixaram o país no dia do ataque. Outros três que estavam confinados na embaixada norte-coreana tiveram a saída do país permitida após as autoridades chegarem a um acordo com Pyongyang para aliviar as tensões, apesar da revolta no país pelo uso de armas químicas no território malaio.

A agência de inteligência da Coreia do Sul acredita que o assassinato seria parte de um complô de cinco anos levado a cabo pelo líder norte-coreano para eliminar seu irmão mais velho, que ele nunca teria chegado a conhecer.

Kim Jong-nam era o primeiro filho do falecido ditador norte-coreano Kim Jong-il Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Kambayashi

No julgamento, o médico que atendeu Kim Jong-nam no aeroporto forneceu detalhes sobre os últimos instantes antes de sua morte. "Quando eu o vi, ele apertava sua cabeça com as mãos. Fechava os olhos com força e seu rosto estava bastante avermelhado. Ele suava muito", disse Nik Mohd Adzrul Ariff Raja Azlan, afirmando que Kim era incapaz de dizer o que havia ocorrido.

Segundo o médico, Kim estava com a pressão sanguínea bastante alta, com o pulso acelerado e começou a apresentar sintomas de convulsão. Pouco depois, ficou inconsciente, a pressão caiu, e ele perdeu a pulsação.

A fase inicial do julgamento deverá levar em torno de dois meses até que o juiz decida se há argumentos para que os advogados das rés possam elaborar suas defesas. Eles afirmam que um total de 153 testemunhas serão convocadas para depor. A Promotoria havia dito anteriormente que esse número seria de entre 30 e 40, incluindo 10 especialistas.

Preterido por Kim Jong-il

Kim Jong-nam é o primeiro filho do falecido ditador norte-coreano Kim Jong-il. Com cerca de 45 anos, chegou a ser considerado o melhor posicionado para substituir o pai à frente do regime.

Fruto do casamento entre Kim Jong-il e a segunda mulher, a atriz Song Hye-rim, Kim Jong-nam foi para a China em 1995 e vivia desde então entre Pequim e Macau, amparado pelo governo chinês e focado em investimentos.

Kim Jong-nam perdeu definitivamente a preferência do pai quando, em 2001, foi detido num aeroporto de Tóquio com um passaporte dominicano falso que pretendia usar para entrar no Japão e supostamente visitar o parque Disneyland.

Durante os últimos anos, os veículos de imprensa sul-coreanos especularam sobre supostas tentativas do regime de assassinar o primogênito de Kim Jong-il e, em 2012, informaram sobre a detenção de um suposto espião norte-coreano que teria confessado ter ordens para assassinar Kim Jong-nam na China.

RC/ap/dpa

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