Grupo de 136 pessoas partiu das ilhas de Lesbos e Chios, iniciando execução de acordo entre Ancara e Bruxelas. Primeiros requerentes de asilo sírios a entrarem legalmente na Europa vindos da Turquia chegam à Alemanha.
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Migrantes são transferidos da Grécia para a Turquia
01:15
Os primeiros grupos de migrantes foram enviados de volta da Grécia à Turquia nesta segunda-feira (04/04), iniciando a execução de um acordo alcançado entre Ancara e a União Europeia (UE).
Ao todo, 136 migrantes de diferentes nacionalidades embarcaram em navios de passageiros contratados pela Frontex na ilha de Lesbos e 66, na ilha de Chios, com destino à Turquia. Cada imigrante foi acompanhado por um funcionário da Frontex. A ação ocorreu sem incidentes.
Segundo o acordo firmado entre a Bruxelas e Ancara no mês passado, todos os refugiados que chegaram na Grécia após o dia 20 de março e não requisitaram asilo ou cujos pedidos de asilo foram rejeitados devem ser deportados de volta à Turquia.
Em contrapartida, para cada migrante enviado de volta, a UE se compromete a receber outro refugiado sírio vindo da Turquia, através dos canais legais – até um limite de 72 mil.
De acordo com informações da polícia local grega, em entrevista à Deutsche Welle, 125 paquistaneses embarcaram em Lesbos nos navios turcos Nazli Jale e Lesvos, além de quatro migrantes do Sri Lanka, três de Bangladesh e dois da Índia. Dois sírios voltaram à Turquia por vontade própria e por razões familiares.
A maioria dos repatriados da ilha de Chios são afegãos (42), 10 são iranianos, seis vêm do Paquistão e cinco do Congo. Costa do Marfim, Índia e Somália tinham um cidadão cada. De acordo com a porta-voz da Frontex Ewa Moncure nenhuma das pessoas tinha solicitado asilo na Grécia.
Nem a polícia local nem a Frontex informaram se novos embarques estão programados para esta segunda ou para os próximos dias. Os agentes da Frontex que acompanharam os refugiados de Lesbos vieram da França, Dinamarca e dos três Estados bálticos Estônia, Letônia e Lituânia. De acordo com Ewa Moncure, os países da EU forneceram até agora cerca de 300 funcionários para a Frontex na Grécia. A Frontex havia solicitado 1.500 e espera que mais agentes cheguem nos próximos dias.
Os primeiros requerentes de asilo sírios a entrarem legalmente na UE vindos diretamente da Turquia aterrissaram no aeroporto de Hannover nesta segunda-feira. Os 24 refugiados foram levados para um centro de acolhimento em Friedland, perto de Göttingen, no norte da Alemanha. Outros 18 refugiados são esperados para chegar no mesmo aeroporto ainda nesta segunda-feira.
MD/afp/dpa/dw
A vida de um refugiado após selfie com Merkel
Há quem seja viciado em tirar autorretratos no celular, só ou acompanhado. Outros ridicularizam a moda como coisa de adolescentes. Para o sírio Anas Modamani, de 19 anos, um selfie foi o momento que transformou sua vida.
Foto: Anas Modamani
Encontrando Angela Merkel
Quando estava alojado no acampamento de refugiados de Berlim-Spandau, Anas Modamani ficou sabendo que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, viria visitar e conversar com os migrantes. O sírio de 19 anos, um adepto das mídias sociais, resolveu tirar um selfie com a chefe de governo, na esperança de que a iniciativa iniciasse uma mudança real em sua vida.
Foto: Anas Modamani
Fuga para a Europa
Quando a casa dos Modamani em Damasco foi bombardeada, Anas, seus pais e irmãos se transferiram para Garia, uma cidade menor. Foi aí que o jovem resolveu escapar para a Europa, na esperança de que sua família se unisse a ele mais tarde, quando tivesse conseguido se estabelecer. Primeiro, viajou para o Líbano, seguindo então para a Turquia, e de lá para a Grécia.
Foto: Anas Modamani
Jornada perigosa
Por pouco, Anas não morreu no caminho. Para atravessar o Mar Egeu, entre a Turquia e a Grécia, ele teve que pegar um barco inflável, como a maioria dos refugiados. O sírio conta que a embarcação estava superlotada, acabando por virar, e ele quase se afogou.
Foto: Anas Modamani
Cinco semanas a pé
O trajeto entre a Grécia e a Macedônia ele teve que fazer a pé, ao longo de cinco semanas, seguindo então para a Hungria e a Áustria. Em setembro de 2015, alcançou sua destinação final: Munique. Uma vez na Alemanha, Anas decidiu que queria ir para Berlim, onde está vivendo desde então.
Foto: Anas Modamani
Espera por asilo
Na capital alemã, o jovem de Damasco passou dias inteiro diante da central para refugiados LaGeSo. Lá, ele conta, a situação era difícil, sobretudo com a chegada do inverno. Por fim, foi enviado para o acampamento de Berlim-Spandau. Ele queria chamar a atenção para sua situação como refugiado, e um selfie com Merkel lhe pareceu a oportunidade ideal.
Foto: Anas Modamani
Enfim uma família
Anas confirma que o retrato ao lado da chanceler federal foi um elemento de mudança chave em sua vida. Ele recebeu grande atenção midiática depois que o selfie foi postado online, e foi assim que sua família adotiva chegou até ele. Há dois meses o sírio de 19 vive em Berlim com os Meeuw, que o apoiam em todos os aspectos.
Foto: Anas Modamani
Saudades de casa
Anas diz nunca ter estado tão feliz como agora, ao lado de sua família alemã. Além de fazer curso de idioma alemão, tem numerosas atividades culturais e já fez muitos amigos. Com curso médio completo na Síria, ele pretende fazer o curso superior na Alemanha. Porém, sua prioridade no momento é obter oficialmente asilo e poder trazer seus pais e irmãos para a Alemanha.
Foto: Anas Modamani
Onda de rejeição aos refugiados
O sírio Anas Modamani espera ter uma vida longa e segura em sua terra de adoção. Contudo está preocupado com os atuais sentimentos negativos contra os refugiados na Alemanha. Ele teme que esse clima de rejeição possa escalar e influenciar as leis referentes aos migrantes. Se isso acontecer e ele não obtiver asilo, será o fim do sonho de ter a própria família junto de si.