1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
MídiaGlobal

Comentário antissemita de Musk gera fuga de anunciantes no X

18 de novembro de 2023

Apple, IBM e Disney boicotam antigo Twitter após dono do serviço endossar alegação de que judeus nutrem ódio contra brancos. Casa Branca critica empresário.

Elon Musk de blazer preto, em frente a um fundo preto
Desde que Musk comprou o Twitter, discursos de ódio têm proliferado na plataformaFoto: Alain Jocard/AFP

O empresário Elon Musk ameaçou neste sábado (18/11) processar o órgão de vigilância da mídia Media Matters e aqueles que criticaram sua plataforma de mídia social X, após uma nova debandada de grandes anunciantes como reação à promoção de conteúdo antissemita no site.

Desde que o magnata comprou a empresa em 2022, Musk e seu X (antigo Twitter) vêm chamando a atenção devido à proliferação na plataforma de conteúdo antissemita e racista .

Na quarta-feira, Musk endossou uma postagem no X que alegava falsamente que membros da comunidade judaica estavam alimentando ódio contra os brancos.

Ele respondeu à postagem de um usuário na rede social que dizia que "as comunidades judaicas têm promovido exatamente o tipo de ódio dialético contra os brancos que, segundo afirmam, querem que as pessoas parem de usar contra eles".

Teoria conspiratória

A mensagem também se referiu a uma teoria da conspiração que argumenta que os judeus apoiaram a chegada da população não branca aos países ocidentais. Uma teoria apoiada pelo homem que atacou uma sinagoga em Pittsburg em 2018 e matou 11 pessoas.

"Você disse a pura verdade", respondeu Musk ao usuário.

Na quinta-feira, um dia depois do comentário, a ONG progressista Media Matters for America publicou um artigo informando que anúncios de grandes marcas como Apple, Bravo, Oracle, Xfinity e IBM têm aparecido perto de mensagens "pró-nazistas" no X.

Musk, em mensagem em sua rede social após a publicação do artigo, disse que a Media Matters "é uma organização maligna".

Debandada de grandes anunciantes 

Paralelamente, um grupo de 164 "líderes judeus", incluindo rabinos, artistas e acadêmicos de "ideologias diversas", emitiu um comunicado denunciando o "antissemitismo no X", acusando Musk de "propagá-lo" e exigindo que estas grandes empresas parem para financiá-lo.

Posteriormente, a IBM anunciou que suspendia sua publicidade "enquanto investiga esta situação completamente inaceitável", e a Lionsgate disse à mídia através de um porta-voz que também a retiraria.

A Comissão Europeia solicitou nesta sexta-feira a seus serviços a suspensão de suas campanhas publicitárias no X pelas preocupações em torno da "desinformação".

"Ação termonuclear"

"A X Corp estará entrando com uma ação termonuclear contra a Media Matters e todos aqueles que conspiraram neste ataque fraudulento à nossa empresa", escreveu Musk na X.

Várias outras empresas suspenderam seus anúncios no serviço de mensagens curtas X nos últimos dois dias, incluindo Disney, Warner Bros Discovery e Comcast, Lions Gate Entertainment e Paramount Global. A Apple, a maior empresa do mundo em valor de mercado, também anunciou que faria o mesmo.

"Esta semana, Media Matters for America postou uma história que deturpou completamente a experiência real no X, em outra tentativa de minar a liberdade de expressão e enganar os anunciantes", disse um comunicado postado por Musk. Ele acusou a Media Matters de criar uma conta alternativa destinada a "desinformar anunciantes" sobre suas postagens.

Anunciantes têm abandonado o site desde que Musk o comprou em outubro de 2022 e reduziu a moderação de conteúdo, resultando em um aumento acentuado do discurso de ódio, de acordo com grupos de direitos civis.

Condenação da Casa Branca

A Casa Branca condenou na sexta-feira o endosso de Musk ao que chamou de "horrível" teoria da conspiração antissemita e acusou Musk de "promoção abominável de práticas antissemitas e ódio racista" que "vai contra nossos valores fundamentais como americanos".

Musk também é CEO da montadora de carros elétricos Tesla, que foi atingida por vários processos judiciais que alegam racismo ou violência desenfreada e assédio sexual contra trabalhadores.

O antissemitismo tem aumentado nos últimos anos no Estados Unidos e no mundo. Após a eclosão da guerra entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas, que atacou Israel em 7 de outubro, incidentes antissemitas aumentaram quase 400% nos Estados Unidos em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a ONG judaica Liga Antidifamação (ADL, na sigla em inglês).

md/le (EFE, Reuters)