Três semanas antes da cúpula do comércio mundial em Hong Kong, o comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, responsabilizou o Brasil e os Estados Unidos pelo bloqueio das negociações coordenadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

Em entrevista que será publicada nesta segunda-feira (21/11) no jornal econômico alemão Handelsblatt, Mandelson disse que o Brasil, como porta-voz do Grupo dos 20 países emergentes ou em desenvolvimento (G-20), ainda não apresentou uma proposta concreta para reduzir as taxas alfandegárias no setor industrial. Ele acrescentou que, definitivamente, não apresentará uma nova proposta de redução das taxas de importação de produtos agrícolas pelos 25 países da UE.

Segundo Mandelson, os EUA têm uma visão muito estreita das negociações da OMC, iniciadas há quatro anos em Doha. "Eles [os EUA] deveriam dar à redução das taxas alfandegárias para produtos industriais e serviços a mesma atenção que dão à agricultura", afirmou.

Na opinião do comissário europeu, o impasse nas negociações não se deve exclusivamente às barreiras alfandegárias no setor agrário, mas também ao fato de muitos parceiros comerciais da UE não estarem dispostos a abrir seus mercados para produtos industriais e serviços. Ele disse temer danos à OMC e um aumento do protecionismo, caso a cúpula de Hong Kong termine em fracasso.