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Síria

28 de novembro de 2011

Comissão das Nações Unidas, presidida pelo diplomata brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, apresenta relatório sobre os crimes praticados pelo regime Assad na Síria. Violência continua no país.

Paulo Sérgio Pinheiro lidera comissão da ONU para a Síria
Paulo Sérgio Pinheiro lidera comissão da ONU para a SíriaFoto: dapd

Comissão de inquérito do Conselho de Direitos Humanos da ONU, presidida pelo diplomata brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, aponta que a violência praticada pelo governo contra a população do país poderá ser enquadrada na categoria de crimes contra a humanidade.

Entre os delitos praticados pelas forças militares e de segurança sírias, a comissão das Nações Unidas aponta detenções infundadas, execuções sumárias, tortura, violência sexual e violação de direitos de crianças. O Conselho da ONU apresentou um relatório de 22 páginas sobre as violações ocorridas no país e defendeu um "cessar imediato" das mesmas, bem como investigações para apurar a responsabilidade sobre o ocorrido.

Violência gratuita

De acordo com o documento, baseado no depoimento de testemunhas que se encontram fora do país, as forças de segurança teriam recebido comandos de "atirar para matar". Na cidade de Telbisa, onde ocorreu um massacre em maio último, um desertor conta que "os manifestantes exigiam liberdade. Eles carregavam galhos de oliveira e protestavam junto de suas crianças. Usávamos espingardas e outras armas. Houve muitos feridos e mortos". Em Sayda, continua o relatório, até crianças foram torturadas até a morte, entre estas dois meninos de 13 e 14 anos. Diversas testemunhas relatam casos de tortura sexual em detentos.

O cientista político brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, que preside o Conselho, reclamou também ter tido sua permissão de entrada no país negada por Damasco, apesar dos constantes pedidos por parte da ONU.

A União Europeia saudou a decisão da Liga Árabe, apontando a mesma como uma resposta "à brutalidade e arbitrariedade da mudança de curso" do governo do país.

Ativistas detidos

Nesta segunda-feira (28/11), os defensores do regime do presidente Bashar al-Assad foram às ruas de Damasco e Aleppo, em protesto contra as sanções aplicadas à Síria. Na província onde está situada a capital, dezenas de ativistas contrários ao regime foram detidos. Em Latakia, nove crianças, entre 9 e 13 anos, foram levadas de suas casas.

Manifestações pró-Assad na SíriaFoto: picture-alliance/dpa

No domingo (27/11), ativistas afirmam que as forças de segurança mataram 36 pessoas no país. No mesmo dia, a Liga Árabe havia anunciado no Cairo sanções econômicas a serem aplicadas contra a Síria.

Dos 22 membros da Liga, 19 votaram a favor das sanções. Além da própria Síria, membro do grêmio, somente o Iraque e o Líbano se posicionaram contra as medidas.

"Medo do Ocidente"

As medidas foram tomadas pela Liga Árabe em função do receio dos mesmos de que o Ocidente pudesse se envolver mais na questão. A intenção é fazer com que o presidente Assad cesse as medidas de repressão e violência aos manifestantes. As sanções preveem o congelamento das contas de membros do governo, bem como uma suspensão das atividades com o Banco Central sírio e de investimentos estrangeiros no país.

Um funcionário do governo em Damasco afirmou nesta segunda-feira que "as sanções vão atingir o povo sírio e não o regime". Até hoje, estima-se que os conflitos no país tenham causado a morte de mais de 3,5 mil pessoas. Em Homs e outros centros dos movimentos de protesto, desertores e tropas do governo continuam se enfrentando.

SV/dpa/rtr/apd
Revisão: Carlos Albuquerque

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