Órgão especial formado por Sri Lanka, Malásia e Senegal diz que práticas e políticas do governo Netanyahu são "consistentes com as características de genocídio". Chefe da diplomacia europeia propõe suspender diálogo.
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No mesmo dia em que um relatório da organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) equiparou o deslocamento de civis na Faixa de Gaza por Israel a "crimes contra a humanidade", um comitê especial das Nações Unidas afirmou nesta quinta-feira (14/11) ver indícios de um genocídio em curso no território palestino.
Israel tem negado veementemente acusações do gênero, e reagiu ao relatório da HRW afirmando que não trava uma guerra contra as pessoas em Gaza, e que seu único propósito é "desmantelar o Hamas", grupo palestino que controla a região e que comandou um ataque terrorista sem precedentes contra Israel em 7 de outubro de 2023.
O comitê da ONU, criado em 1968 após o fim da guerra árabe-israelense para monitorar a ocupação dos territórios palestinos, é formado por representantes de três países: Sri Lanka, Malásia e Senegal.
Em relatório anual, esses três países dizem temer que Israel esteja "usando a fome como arma de guerra" no conflito, que já dura três meses. Também dizem suspeitar que o país esteja promovendo um "apartheid" na Cisjordânia.
Segundo o comitê, o cerco israelense a Gaza, o bloqueio do envio de ajuda humanitária à região, além de mortes e ataques direcionados contra civis, estavam "intencionalmente causando morte, fome e sérios danos".
O comitê conclui que as táticas de guerra israelense "são consistentes com as características de genocídio". O grupo não esteve de fato em Gaza. Eles alegam que as tentativas de visitar a região foram ignoradas por Israel.
No fim de semana, a ONU já havia alertado que a fome era um problema iminente no norte de Gaza.
Embora o governo israelense ainda não tenha se pronunciado sobre o relatório do comitê especial da ONU, o país tem criticado a instância de governança internacional, acusando-a de ter um viés anti-Israel.
No passado, Tel Aviv também acusou um braço da ONU, a agência para refugiados palestinos UNRWA, de ter elos com o Hamas.
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HRW cita planos para criação de "zonas tampão" e fala em "limpeza étnica"
Também divulgado nesta quinta, um relatório da HRW conclui que "o deslocamento forçado [de palestinos em Gaza] é intencional e é parte da política de Estado israelense, e portanto caracteriza crime contra a humanidade".
Para a entidade, esses deslocamentos são provavelmente parte de um plano para a criação de "zonas tampão e corredores de segurança" – algo que equivaleria a "limpeza étnica". O Exército israelense nega, e autoridades israelenses têm dito que palestinos poderão regressar às suas casas quando o conflito for encerrado.
O documento da ONG foi elaborado com base em entrevistas com palestinos em Gaza, imagens de satélite e informações publicamente disponíveis até o mês de agosto.
Embora Israel alegue que alertas civis para que deixem determinadas regiões por sua própria segurança, Nadia Hardman, da HRW, alega que não tem cabimento que o Exército justifique o deslocamento de civis "apenas com a presença de grupos armados". Segundo ela, o direito internacional determina que esse deveria ser sempre comprovadamente o último recurso.
Um porta-voz do Ministério do Exterior israelense reagiu ao relatório da HRW afirmando que o país vê todo o sofrimento de civis como tragédia, "enquanto o Hamas vê todo o dano a civis como estratégia", e acusou o grupo de usá-los como "escudo humano".
Chefe da diplomacia europeia propõe suspensão de diálogo com Israel
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, anunciou nesta quinta-feira que vai propor a seus pares a suspensão do diálogo político com Israel. Ele alega estar preocupado com violações de direitos humanos e do direito internacional cometidos pelo país no contexto da guerra.
A proposta será apresentada aos ministros do exterior dos 27 países-membros da União Europeia em reunião na próxima segunda-feira, mas depende de aprovação unânime para de fato se concretizar – algo considerado improvável.
A guerra em Gaza foi deflagrada pelo atentado terrorista do Hamas contra Israel em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.200 mortos e terminou com o sequestro de outras mais 250 pessoas, das quais cerca de 100 ainda seguem em Gaza – parte delas, porém, já é dada como morta.
Israel reagiu ao ataque com uma ofensiva que, segundo autoridades ligadas ao Hamas, já deixou mais de 43 mil mortos. Segundo a ONU, 1,9 milhão do 2,4 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados pelo conflito. Alguns relatam já terem sido forçados a mudar de lugar diversas vezes em busca de segurança.
ra (AFP, Reuters, ots)
O mês de novembro em imagens
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Foto: Brian Snyder/REUTERS
EUA vão às urnas para escolher o novo presidente
Os EUA foram às urnas para definir quem vai comandar a maior potência econômica e militar do mundo. Na disputa estão a democrata Kamala Harris – que pode ser eleita a primeira mulher a ocupar a Casa Branca – e o republicano Donald Trump – que tenta um retorno à Presidência quase quatro anos após deixar Washington em desgraça, na esteira de uma tentativa de golpe. (05/11)
Foto: Timothy D. Easley/AP Photo/picture alliance
Morre Agnaldo Rayol aos 86 anos
Após mais de 60 anos de carreira artística, morreu o carioca Agnaldo Rayol, em consequência de uma queda em sua residência. Cantor romântico, com o auge do sucesso na década de 1960, também protagonizou telenovelas e filmes em papéis de galã, e apresentou programas próprios na TV. Descendente de imigrantes, tocou os corações de seus fãs com canções em italiano, até nos anos 90. (04/11)
Foto: Fotoarena/IMAGO
População joga lama em rei da Espanha durante protestos pós-enchentes
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Foto: Manaure Quintero/AFP/Getty Images
Espanha intensifica busca por sobreviventes após enchente
O governo espanhol enviou 10 mil agentes de segurança para auxiliar nas buscas por desaparecidos na região de Valência, leste do país, atingida por uma enchente de grandes proporções que deixou 211 mortos nesta semana. Esse é o maior emprego de forças do Exército espanhol em tempos de paz. A inundação já é considerada a segunda mais mortal deste século na Europa. (02/11)
Foto: Alberto Saiz/AP Photo/picture alliance
Alemanha facilita mudança legal de gênero
Maiores de 18 anos poderão requerer a alteração dos registros oficiais, adotando um novo prenome e gênero, ou até eliminando a indicação de gênero. Menores acima dos 14 anos também podem recorrer às novas regras, sob aprovação paterna ou por recurso legal. Em Berlim, que tem comunidade LGBT+ atuante, cerca de 1.200 requerimentos foram apresentados no primeiro dia de vigência da nova lei. (01/11)