Comitê de Apelação da Fifa reduz pena de Blatter e Platini
24 de fevereiro de 2016
Órgão decide manter suspensão do ex-presidente da entidade máxima do futebol mundial e do ex-chefe da Uefa, mas reduz afastamento de todas as atividades ligadas ao esporte de oito para seis anos.
Anúncio
O Comitê de Apelação da Fifa manteve, mas reduziu nesta quarta-feira (24/02) as suspensões do ex-presidente da entidade Joseph Blattter e do ex-presidente da Uefa Michel Platini de oito para seis anos. Nesse período os dois ex-mandatários estão proibidos de se envolver com qualquer atividade ligada ao futebol.
A punição, que havia sido determinada pelo Comitê de Ética em dezembro passado e entrou em vigor de forma imediata, teve como base o pagamento de 2 milhões de francos suíços (1,8 milhões de euros) que a Fifa fez a Platini em fevereiro de 2011. A transação teria sido autorizada por Blatter. Tanto Platini quanto Blatter anunciaram imediatamente que apelariam da sanção.
Apesar de rechaçar os recursos de ambos os dirigentes, o Comitê de Apelação afirmou ter "constatado que não se levaram em contra algumas circunstâncias atenuantes ao estabelecer a sanção". O órgão da Fifa disse que a contribuição de ambos os homens para o futebol ao longo dos anos deveria ser considerada.
"Decidiu-se ser adequado um ano de redução da proibição de cinco anos por violação do artigo 20º do Código de Ética da Fifa [Aceitação e oferta de presentes e outros benefícios] e de um ano da proibição de três anos por outras contravenções", disse o comitê.
A suspensão de Blatter e Platini do futebol por seis anos, em âmbito nacional e internacional, valerá a partir de outubro do ano passado. Além disso, Blatter deverá pagar uma multar de 50 mil francos suíços no prazo de 30 dias, e Platini, de 80 mil francos.
A eleição para o sucessor de Blatter está marcada para esta sexta-feira.
LPF/efe/ap/rtr
O escândalo de corrupção na Fifa
A entidade máxima do futebol vive a maior crise de sua história, pressionada por investigações nos Estados Unidos e na Suíça sobre corrupção envolvendo seus membros. Entenda o caso.
A Fifa começou a viver, um dia antes da abertura de seu congresso anual em Zurique, a maior crise de sua história. A Justiça americana indiciou por corrupção e lavagem de dinheiro 14 pessoas ligadas à entidade, sete delas foram presas pela polícia suíça. Entre os detidos, o ex-presidente da CBF José Maria Martin. Joseph Blatter não foi indiciado, mas o escândalo o colocou sob pressão.
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Os detidos
Sete cartolas foram presos, seis deles funcionários diretamente ligados à Fifa. Os de maior destaque são: José Maria Marin, ex-presidente da CBF, e os vice-presidentes da Fifa Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb. Também foram detidos os dirigentes esportivos Eduardo Li (Costa Rica), Julio Rocha (Nicarágua), Rafael Esquivel (Venezuela) e Costas Takkas (Reino Unido).
Foto: picture-alliance/epa
O esquema
Cartolas, sobretudo de federações da América Latina, vendiam direitos de propaganda e transmissão de competições a empresas de marketing esportivo, que conseguiam o apoio deles com propina. Essas empresas, depois, revendiam o direito de transmissão a emissoras. O esquema, segundo a Justiça americana, teria movimentado mais de 150 milhões de dólares em dinheiro sujo ao longo de 24 anos.
Foto: Getty Images/AFP/D. Emmert
O modelo de negócios da Fifa
Como associação de utilidade pública sem fins não lucrativos, a Fifa se compromete a reinvestir no futebol todos os seus lucros. Seu modelo comercial é simples: ela lucra com a exploração, sobretudo, da Copa do Mundo – o país-sede lhe garante isenção de impostos. A fatia mais gorda das rendas da Fifa são os direitos de transmissão televisiva e os patrocínios oficiais ao Mundial.
Foto: Reuters/R. Sprich
Jurisdição sobre o caso
Os Estados Unidos têm jurisdição sobre o caso porque boa parte da propina foi paga ou recebida usando instituições americanas, como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e Bank of America. Além disso, o dinheiro sujo teria sido movimentado em filiais nos EUA de instituições estrangeiras, como os brasileiros Itaú e Banco do Brasil. Na foto, investigadores apresentam caso à imprensa.
Foto: picture-alliance/epa/J. Lane
Brasileiros na mira
O Brasil tem dois envolvidos além de Marin (foto): o dono da empresa de marketing Traffic, José Hawilla, e o intermediário José Margulies (argentino naturalizado brasileiro). A Copa do Brasil e o contrato da CBF com a Nike estão sob investigação. Marin, que presidiu a CBF entre 2012 e 2015, aparece em dois dos 12 esquemas listados. Ele teria recebido, só da Traffic, 2 milhões de reais por ano.
Foto: dapd
A investigação
O FBI (a polícia federal americana) começou a investigação sobre a Fifa há três anos. O processo teve início devido à escolha de Rússia e Catar como países-sede das Copas de 2018 e 2022, mas acabou expandida para analisar os acordos da entidade nos últimos 20 anos. Os Mundiais, então, acabaram sendo deixados de lado na investigação.
Foto: picture-alliance/dpa/P. B. Kraemer
Copas da Rússia e do Catar
O Ministério Público da Suíça anunciou ter aberto uma investigação criminal sobre um possível esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo as escolhas das sedes das Copas de 2018 e 2022, que ocorrerão na Rússia e no Catar (foto). A investigação corre paralelamente ao processo judicial aberto nos Estados Unidos. Os nomes dos investigados não foram divulgados.