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Como é a vacinação pelo mundo

13 de julho de 2018

Enquanto o Brasil é um dos países mais rigorosos no que diz respeito ao calendário de vacinação nacional, europeus costumam ser mais flexíveis. Movimentos antivacinas e surtos de sarampo preocupam mundo afora.

Vacina
Baixa imunização nesta década tem sido atribuída a movimentos contrários a vacinasFoto: picture-alliance/dpa/F. von Erichsen

No século 20, o mundo viveu uma epidemia de varíola que, entre as décadas de 1900 e 1970, deixou cerca de 500 milhões de mortos. Nos anos 1960, países de todo o mundo se uniram em campanhas de vacinação, fazendo com que a doença infecciosa, sem cura, se tornasse a única enfermidade a ser totalmente erradicada. O último caso notificado no Brasil foi em 1971, e no mundo, em 1977, na Somália.

Ao longo do século passado, as vacinas foram decisivas para que doenças infecciosas fatais fossem controladas. Contudo, em 2015, a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um alerta global, informando que uma em cada cinco crianças no mundo não recebe as vacinas básicas.

Com a baixa imunização das populações na última década, doenças que já estavam controladas na maior parte do mundo estão voltando a circular com grande intensidade. É o caso do sarampo, responsável por surtos na América e na Europa; as hepatites, que já matam mais que o HIV; e a poliomielite.

No Brasil, pelo menos 312 cidades estão sob alerta de volta do vírus causador da poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, e entre 1º de janeiro e 23 de maio deste ano, foram registrados 995 casos de sarampo no país.

A baixa imunização nesta década tem sido atribuída a movimentos de contestação a vacinas, que argumentam contra a quantidade de vacinas que devem ser tomadas ao longo da vida, duvidam de sua segurança ou disseminam teorias da conspiração que ligam vacinas a casos de autismo ou morte.

No Brasil, o Ministério da Saúde também alerta para o esquecimento dos brasileiros sobre determinadas doenças que não ocorriam mais no território, fazendo com que essas pessoas não vejam mais a necessidade de se vacinarem e vacinarem seus filhos.

Segundo a OMS, as vacinas representam o tratamento com melhor custo-benefício em saúde pública, pois evitam 2,5 milhões de mortes por ano e reduzem os custos dos tratamentos específicos de doenças evitáveis.

Veja como é a vacinação mundo afora:

Vacinas recomendadas globalmente

Entre as vacinas recomendadas mundialmente estão: a tríplice viral, contra os vírus do sarampo, rubéola e caxumba; vacinas contra a difteria, tétano, hepatite B e coqueluche; e a vacinação anual contra a Influenza, vírus causador da gripe.

Cada país tem seu calendário de vacinação nacional, que segue as recomendações globais e regionais da OMS e pode mudar de tempos em tempos, de acordo com eventos locais.

Em alguns países da Europa, o calendário de vacinação é mais flexível e contempla menos vacinas em relação à América. No Brasil, o esquema é mais rigoroso, com vacinas obrigatórias que costumam ser dadas logo nos primeiros anos de vida.

Brasil

O Plano Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde, atualmente oferece de graça 27 vacinas a toda a população, de todas as faixas etárias. Essas vacinas combatem sarampo, caxumba, rubéola, tétano, tuberculose, febre amarela, difteria, coqueluche, poliomielite, influenza e HPV.

Cada brasileiro tem sua própria Caderneta de Vacinação. É de responsabilidade dos pais manter o documento atualizado durante a infância, período em que se concentra a maioria das vacinas obrigatórias no Brasil.  

Além disso, uma vez por ano, no outono, assim como em outros países do mundo, acontece a campanha nacional de vacinação contra a Influenza. Diferentemente das outras vacinas – que têm dose única ou uma dose de reforço – a vacina contra a gripe tem duração de 12 meses e, por isso, deve ser tomada todos os anos. Outra diferença é que ela é oferecida de graça por poucos meses e somente para grupos de risco: crianças de seis meses a 5 anos; adultos a partir dos 60 anos; pacientes com doenças crônicas pulmonares, cardíacas ou metabólicas e com alterações de imunidade; gestantes; indígenas; privados de liberdade; profissionais de saúde; e professores da rede pública. 

Américas

Há algumas diferenças entre os esquemas de vacinação dos países da América Latina e dos da América do Norte, mas, no geral, os vírus combatidos pelas vacinais são os mesmos. A variação geralmente diz respeito a quando a vacina será tomada: no Brasil, por exemplo, o bebê já recebe as primeiras vacinas na maternidade; enquanto no Canadá e nos Estados Unidos, as vacinas começam a ser dadas somente a partir dos dois meses de vida.  

A atenção especial, assim, fica por conta da vacina contra a febre amarela, que é exigida para se entrar em vários países da América do Sul, como Brasil e Bolívia, e América Central, como Panamá, mas não é obrigatória nos EUA e no Canadá. E atenção: é necessário ter tomado a vacina pelo menos dez dias antes da viagem.

Além disso, as vacinas de febre amarela que foram tomadas há mais de dez anos podem ser desconsideradas em alguns países, sendo obrigatório, somente nesses casos, tomar uma segunda dose. No caso do Brasil, é preciso se informar se a dose recebida (a informação está anotada na carteira de vacinação) foi a padrão ou a fracionada. Se tiver sido a padrão, significa que a pessoa está imunizada para o resto da vida, sem necessidade de reforço.

Outra diferença diz respeito à vacina contra HPV, que previne o vírus sexualmente transmissível do papiloma humano: ela faz parte dos calendários dos países da América Latina, mas não é obrigatória nos países do Norte. Além disso, a BCG, obrigatória no Brasil, não é ministrada no Canadá.

África e Ásia

A febre amarela é uma das principais preocupações das autoridades de saúde em toda a África, no subcontinente indiano e no Sudeste Asiático. Já a malária preocupa, principalmente, na África Subsaariana e no Sudeste Asiático.

A vacina contra a febre amarela é obrigatória em todos os países desses continentes. No caso da malária, não existem vacinas, sendo o uso de repelentes específicos e de telas em portas e janelas as únicas medidas de proteção contra o mosquito que transmite a doença. 

Europa

O continente europeu vive um surto de sarampo em pelo menos 19 países, sendo Grécia, Romênia, França e Itália os países mais afetados. O Parlamento Europeu aponta os movimentos antivacinas – impulsionados principalmente por pais que decidem não vacinar os filhos – como responsáveis pelo surto do vírus. 

Em alguns países da Europa Ocidental, como a Alemanha, a BCG – vacina muito comum em bebês no Brasil e que previne a tuberculose – não é mais aplicada. Na União Europeia, a BCG é universal apenas em Portugal, Grécia e Irlanda.

As vacinas do Programa Nacional de Vacinação não costumam ser obrigatórias na Europa. Contudo, diante do surto de sarampo, leis aprovadas na França, Alemanha e Itália obrigam pais a vacinarem suas crianças contra o vírus especificamente.

No caso alemão e italiano, também foram estipuladas multas de 600 a 3.000 dólares para quem não cumprir a lei. Na Itália, poliomielite, tosse convulsa e hepatite B também passaram a ser obrigatórias para as crianças.

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