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Sucesso da democracia?

18 de maio de 2009

Enquete de fundação democrata-cristã registra satisfação surpreendente com o sistema de governo adotado na Alemanha há 60 anos. Em teoria, pois nem todos estão felizes com a prática da democracia.

País adota democracia desde 1949Foto: AP

O presidente estadunidense Abraham Lincoln definiu a democracia como o governo do povo, pelo povo, para o povo. Assim sendo, na República Federal da Alemanha os cidadãos estariam há 60 anos no poder. Com que sentimento eles encaram esse período?

Uma pergunta central na pesquisa "Noção de democracia na Alemanha", realizada por iniciativa da Fundação Konrad Adenauer (KAS), ligada à União Democrata Cristã (CDU). Por sua encomenda, o instituto de pesquisa de opinião Infratest Dimap confrontou 1.300 eleitores com essa questão em março de 2009.

Satisfação surpreendente

"Nós mesmos ficamos surpresos com o resultado", declarou Bernhard Vogel, presidente da KAS. Apesar da crise econômica, o estudo indica que continua sendo grande no país a confiança na ordem democrática.

Fundação leva o nome do antigo chanceler federal democrata-cristão Konrad Adenauer (1876-1967)Foto: AP

"Para 90% dos alemães, os 60 anos de história da RFA foram, de certa forma, uma história de sucesso. Dois terços estão orgulhosos da República Federal. A opinião também é positiva no tocante às características atribuídas ao país. Quase todos os alemães – 94% – gostam de viver aqui. Apesar da crise financeira e dos eventos nos mercados de capitais, 73% disseram que, no geral, a RFA é socialmente justa."

A enquete desmente a tese de que, na extinta Alemanha comunista, a igualdade seria considerada mais importante do que a liberdade. Foram constatadas poucas diferenças entre as antigas Alemanha Ocidental e Oriental, explica Viola Neu, coordenadora para pesquisa eleitoral e partidária da fundação democrata-cristã. Segundo ela, há uma visão comum das características essenciais da democracia.

"É especialmente importante para os cidadãos haver igualdade de chances e de direitos, que vigore o Estado de direito, que haja liberdade de opinião e liberdade de propriedade. São temas que se repetem nas três pesquisas realizadas desde 1999."

Teoria e prática

Outro estudo representativo – encomendado pela particular Fundação Bertelsmann e realizado em novembro e dezembro de 2008 – registrou igualmente uma atitude positiva frente ao sistema democrático na Alemanha. A maioria dos 2 mil entrevistados considerou a democracia como o melhor de todos os regimes de governo.

Entretanto, aqui cerca de 45% revelou-se "mais para descontente" com o funcionamento da democracia na Alemanha. Sobretudo imigrantes e jovens com baixo nível educacional mostraram-se decepcionados. No Leste Alemão, chegou a quase 60% a porcentagem dos descontentes com a democracia. Alguns aparentemente têm nostalgia de certas condições de vida sob o regime comunista.

"Mas 'lestalgia' não é necessariamente algo ruim", observa Viola Neu. "Só seria crítico se isso implicasse uma mudança de sistema, ou seja, da democracia para a ditadura. Em 2007, fizemos uma pesquisa sobre essa temática, perguntando sobre ambas as alternativas, e concluímos que a oposição ao sistema, uma rejeição definitiva da democracia, é um fenômeno absolutamente minoritário, tanto no leste como no oeste."

Alternativas?

As enquetes das duas fundações expressam que o sistema é bom, porém seu funcionamento não corresponde às expectativas das pessoas, aponta Gero Neugebauer, do Instituto Otto Suhr de Ciências Políticas da Universidade Livre de Berlim. Isso se deve ao fato de muitos esperarem decisões concretas que se reflitam positivamente em suas existências.

"Essa mentalidade de output – 'o que é que eu ganho com isso' – é o que, por um lado, define a postura diante da democracia. O outro lado é: que alternativa temos, realmente?"

Com base na média etária da população alemã, Neugebauer sublinha que poucos dos entrevistados vivenciaram a época do nacional-socialismo. A democracia em que vivem é, portanto, aquilo que conhecem. São poucas suas possibilidades de comparação com outras formas de governo, "fora, talvez, as que obtêm através de sua formação política ou nas aulas escolares".

Autor: Marika Adamovská
Revisão: Rodrigo Abdelmalack

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