Mostra "Beyond the Wall" permite ter ideia do que se via ao olhar por cima da barreira que dividia lado ocidental do oriental. Artista transportou para painéis de três metros de altura imagens registradas nos anos 1980.
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Com sua instalação ao ar livre Beyond the Wall (Além do Muro) o videoartista e cineasta teuto-americano Stefan Roloff quis dar uma ideia de como era espiar por cima do Muro de Berlim na década de 1980, através da assim chamada "terra de ninguém" e pela Alemanha Oriental comunista adentro.
Diante do mais longo trecho preservado do Muro, num total de 229 metros, ele dispôs gigantescos stills cinematográficos. As imagens, que incluem silhuetas de alemães-orientais que testemunharam a ditadura socialista, foram reproduzidos a partir de vídeos que Roloff registrou na época.
Apesar de já estar visível para os passantes, a exposição será inaugurada oficialmente neste domingo (13/08), permanecendo até 9 de novembro. Essas datas não foram escolhidas ao acaso, mas marcam o início das obras do Muro, em 13 de agosto de 1961, e sua histórica queda, em 9 de novembro de 1989.
Visão de uma máquina de morte
Em 1984, Roloff filmou a partir de Berlim Ocidental alemães-orientais na fronteira. Anos mais tarde, depois da queda do Muro, ele conversou com 79 testemunhas da época, para obter uma visão mais profunda da vida atrás da Cortina de Ferro.
"Eu sempre lembrava desses vídeos. Tem coisas que a gente nunca esquece, e a situação era muito intensa", comenta o cineasta, de 64 anos. Assistindo-os novamente, afirma: "Você lembra como era, até como estava o tempo, como você se sentia."
Roloff, também responsável por alguns dos grafites originais do lado oeste do Muro de Berlim, diz ter ficado feliz pela oportunidade de exibir imagens de "como este lugar realmente era, que horrível máquina de morte, as cercas elétricas, os holofotes, os pastores-alemães e guardas armados, tudo o que ficava confinado nessa faixa entre os dois muros".
Hoje em dia as pessoas não têm noção de como era a metrópole dividida, comenta Roloff, criticando o fato de uma porção tão grande do Muro ter sido demolida. Assim, alguns que hoje veem os trechos remanescentes comentam que nem parece tão ruim assim, diz.
Nas costas da East Side Gallery
Preparar as imagens para a instalação não foi tarefa fácil, lembra Roloff, que também é pintor: "O desafio era ampliar stills de um vídeo feito nos anos 1980 até três metros de altura."
Ele e seu gráfico levaram um ano e meio para desenvolver uma técnica que confere às imagens uma aparência de pintura. "Você não vai ver pixels, todas as linhas são 100% nítidas, mas parece uma pintura. Quando você se afasta, aí parece uma imagem fotorrealista."
A instalação Beyond the Wall está montada na assim chamada West Side Gallery. Trata-se da parte posterior – não decorada e de frente para o rio Spree – da famosa East Side Gallery, a maior galeria de arte a céu aberto do mundo.
Em 1990, esse trecho de 1.316 metros de extensão do Muro de Berlim foi disponibilizado a diferentes street artists internacionais – inclusive do Brasil –, resultando numa mostra que atrai milhões de visitantes a cada ano.
Dez razões para amar Berlim
A capital alemã é muitas coisas: sede do governo, metrópole cultural, centro de vida noturna. Mas, acima de tudo, ela é eletrizante, uma cidade em constante mutação. Talvez, por isso, os turistas gostem tanto dela.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Vista do alto
A torre "Fernsehturm", com seus 368 metros de alturam é a estrutura mais alta da Alemanha. Em um dia claro, a plataforma de observação oferece visibilidade de até 40 quilômetros. Acima da plataforma, fica o restaurante giratório, que realiza uma rotação a cada 30 minutos.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Um lugar feliz
Em 1989, quando o Muro de Berlim caiu, artistas de todo o mundo pintaram sobre a barricada de concreto cinza. A East Side Gallery é até hoje a mais longa galeria ao ar livre do mundo. A arte criada espontaneamente ainda reflete a alegria que se espalhou por toda a Berlim com a queda do Muro.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Museus e galerias
Rodeada pelo rio Spree, a Ilha dos Museus foi nomeada Patrimônio Mundial pela Unesco em 1999. Lá, é possível admirar tesouros artístico de todo o mundo, como um busto da rainha egípcia Nefertiti e o Altar de Pérgamo, construído entre 160 e 180 a.C. em homenagem a Zeus, o reio do Olimpo. Berlim tem ainda outros 175 museus e cerca de 300 galerias de arte.
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Diversidade cultural
Cosmopolita, ricamente colorida e com um entusiasmo pela vida — assim Berlim apresenta-se durante o festival Carnaval das Culturas. Cerca de 180 nacionalidades chamam a cidade de casa. E todo o mês de maio eles — recém-chegados e berlinenses estabelecidos — celebram o que é, provavelmente, a melhor festa de rua da cidade.
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Em constante mutação
Desde a Reunificação, em 1990, os guindastes não param: a Potsdamer Platz foi reconstruída, o Reichstag (prédio do Parlamento alemão) ganhou uma cúpula e o quarteirão do governo foi construído. O Palácio de Berlim, que deverá ser concluído em 2019, está lentamente tomando forma. Ninguém sabe ainda, porém, se o novo - e muito atrasado - aeroporto de Schönefeld estará aberto até lá.
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Tapete vermelho
Em fevereiro, Berlim estende o tapete vermelho para receber estrelas do cinema. Desde 1951, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, conhecido como Berlinale, é um dos principais do mundo. Estrelas do cinema amam a cidade, mesmo em outras épocas do ano, como Arnold Schwarzenegger e Emilia Clarke, que estiveram na capital para a estreia do mais recente "Exterminador do Futuro".
Foto: picture-alliance/dpa/C. Carstensen
Memória preservada
O Memorial do Holocausto, composto por 2.711 placas de concreto para lembrar os seis milhões de judeus europeus mortos pela Alemanha nazista, é o memorial mais visitado de Berlim. Outros monumentos incluem os dedicados às Forças Aliadas que libertaram a cidade no final da Segunda Guerra Mundial, aos que morreram tentando escapar pelo muro e aos herois da força aérea de Berlim.
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Parques e jardins
Há mais de 2.500 parques em Berlim, mas o "New York Times" nomeou, recentemente, o pequeno "Prinzessinnengarten" como um dos mais belos espaços verdes da cidade. Esse antigo terreno baldio no bairro de Kreuzberg foi transformado em um jardim orgânico, em que mais de 500 tipos de vegetais são cultivados por centenas de voluntários locais.
Foto: picture-alliance/dpa
Vida noturna
A vida noturna de Berlim, conhecida como uma das mais excitantes do mundo, oferece diversão para todos os gostos, do indie rock ao hip hop e house. Alguns dos melhores DJs do mundo tocam em clubes como Berghain e Watergate. Muitas pessoas vão a Berlim só para isso — elas chegam à cidade na sexta-feira à noite e passam o fim de semana inteiro na balada antes de voltarem para casa.
Foto: picture-alliance/schroewig
Capital canina
Cerca de 100 mil cães vivem na cidade, fazendo de Berlim a capital canina da Alemanha. Mas quando os berlinenses dizem que "ladram, mas não mordem", eles estão se referindo a eles próprios. Os moradores são conhecidos por não serem muito simpáticos: "Berliner Schnauze", o termo em alemão para focinho, é usado para caracterizar a rispidez no trato considerada típica do berlinense.