A rainha britânica veio ao mundo em 21 de abril de 1926. Eram os chamados "Loucos anos 20", que se seguiram aos horrores da Primeira Guerra e foram marcados por revoluções sociais e grandes mudanças geopolíticas.
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Nesta quinta-feira (21/03), a rainha Elizabeth 2ª completa 90 anos de idade, como a monarca reinante mais velha do mundo e a soberana que ocupou por mais tempo o trono britânico. A rainha veio ao mundo nos chamados "Loucos anos 20", um momento de relativa paz, otimismo e revolução social, na Europa e no mundo.
Foi também um período de forte mudança geopolítica no Reino Unido, quando o maior império que o planeta havia visto até então começou a perder sua posição de potência mundial dominante, passando o cetro para os EUA.
Quando a futura rainha britânica nasceu, em 21 de abril de 1926, o mundo que viria a herdar continuaria se transformando de forma inimaginável, com a Grande Depressão e o fascismo conspirando para reacender o caos.
Prazer, decadência e experimentação
Enquanto a Europa lutava para se reconstruir após a calamidade da guerra, e os EUA eram tomados por uma reação violenta contra a corrupção e a criminalidade associada à proibição de bebidas alcoólicas, os jovens se rebelavam contra as convenções sociais e adentravam dançando a era do jazz.
Os anos 1920 foram marcados pelos surrealistas na arte e pela nova literatura oriunda da chamada "Geração Perdida", de escritores como Ernest Hemingway, Gertrude Stein e F. Scott Fitzgerald – cujo romance O grande Gatsby, de 1925, documentou perfeitamente os excessos rebeldes da época. Foi também nessa década que as mulheres ganharam o direito de voto e começaram a adquirir sua independência sexual por meio de métodos contraceptivos.
Enquanto isso, trabalhadores socialistas protestavam por melhores salários e condições de trabalho, paralisando o Reino Unido com uma greve geral de 12 dias no ano em que Elizabeth nasceu.
No momento em que os EUA se tornavam a locomotiva da economia mundial – com seu Produto Interno Bruto superando o do Reino Unido somado aos da Alemanha, Japão e de muitos outros países –, o Império Britânico enfrentava uma crescente luta em torno da independência de sua maior colônia, a Índia.
Dez lugares que lembram a rainha
Conheça locais associados a Elizabeth 2ª, incluindo o Palácio de Buckingham e a Abadia de Westminster. A monarca completa 90 anos de idade com mais de seis décadas de reinado.
Foto: picture-alliance/dpa/A. P. Van Der Werf
Palácio de Westminster
Todos os anos, a rainha Elizabeth 2ª usa a coroa imperial para a abertura do Parlamento no Palácio de Westminster. Ainda que o prédio governamental seja um palácio real, a rainha só pode entrar lá para a tradicional cerimônia. São os políticos que reinam no local. O edifício às margens do rio Tâmisa é aberto ao público, e os turistas podem assistir até mesmo a debates públicos.
Foto: picture-alliance/dpa/PA
Palácio de Buckingham
Elizabeth 2ª reside a maior parte do tempo no Palácio de Buckingham, em Londres. Ele tem 775 cômodos, incluindo aposentos privados e salas de Estado. Essas últimas podem ser visitadas durante as férias da monarca, em agosto e setembro. Em junho deste ano, o aniversário de 90 anos da rainha vai ser marcado por uma grande festa, com o tradicional desfile equestre "Trooping the Colour".
Foto: picture-alliance/dpa/A. P. Van Der Werf
Castelo de Windsor
A rainha costuma passar seus fins de semana no Castelo de Windsor, próximo a Londres. O edifício foi construído há cerca de mil anos pelo rei Guilherme, o Conquistador, e sobreviveu todo esse tempo. Aqui os turistas podem visitar as salas de Estado e a Capela de São Jorge, onde estão enterrados dez monarcas, entre eles, Henrique 8º e sua terceira esposa, Jane Seymour.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Parsons
Castelo de Balmoral
O castelo na Escócia é uma das residências dos soberanos britânicos desde 1852, quando o principie Albert o comprou para a rainha Vitória. O castelo original foi reformado por ser considerado muito pequeno na época. Depois de sua morte, em 1901, a rainha Vitória o deixou de herança para os seus sucessores.
Foto: imago/Eibner Europa
Palácio de Holyroodhouse
Localizado em Edimburgo, o Palácio de Holyroodhouse é a residência oficial da rainha na Escócia. Ali, ela passa curtos períodos de tempo para realizar cerimônias e recepções de Estado. O palácio é mais conhecido por ter sido a antiga residência de Maria Stuart. A soberana mais famosa da Escócia teve um mandato turbulento e acabou sendo executada por alta traição, em 1587.
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Clarence House
Antes de subir ao trono, Elizabeth 2ª vivia com seu esposo na Clarence House, próxima ao Palácio de Buckingham, em Londres. Hoje, o prédio é a residência oficial do príncipe Charles e sua esposa, Camilla. Todos os anos, em agosto, cinco salões de recepção no térreo são abertos à visitação pública.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Dempsey
Abadia de Westminster
Elizabeth 2ª subiu ao trono apenas alguns anos depois de ter se mudado para Clarence House. Sua cerimônia de coroação foi realizada na Abadia de Westminster, em 2 de junho de 1953. Nessa igreja também foram realizados outros eventos que atraíram a atenção mundial, como o casamento do príncipe Charles com a princesa Diana e, mais recentemente, o matrimônio do príncipe William com Kate Middleton.
Foto: AP
Torre de Londres
A Torre de Londres foi construída em 1066 por ordem de Guilherme, o Conquistador. Desde então, ela tem desempenhado muitas funções, incluindo as de residência e prisão. O visitante também pode admirar as joias da Coroa do local. Frequentemente, a coroa imperial não pode ser vista na área de segurança elevada, quando os turistas encontram um aviso dizendo "em uso".
Foto: picture-alliance/dpa/A. Rain
Royal Ascot
A rainha ama e até mesmo cria cavalos. Assim, a tradicional corrida de cavalos Royal Ascot é um acontecimento da alta sociedade realizado perto de Londres e data obrigatória na agenda da idosa senhora. Todos os anos, em junho, ela abre o evento de cinco dias e vê seus cavalos na pista de corrida. No Royal Ascot, as apostam focam no cavalo mais rápido e também na cor do chapéu da soberana.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Oliver
Pelo mundo
A rainha é a chefe de Estado que mais viajou pelo mundo na história. Ao visitar a Alemanha pela última vez, em junho de 2015, ela fez uma parada em Frankfurt. Ali, ela se posicionou na famosa varanda da prefeitura da cidade, dando aos fãs uma chance de saudá-la, como fazem seus súditos no Reino Unido.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Rumpenhorst
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O destemido Mahatma Ghandi inspirou movimentos nacionalistas antibritânicos na Índia e por todo o império – especialmente na Irlanda, que formou um Estado separatista em 1922. A própria juventude do Reino Unido começava a se rebelar contra o status quo.
Desiludida com o pesadelo da guerra e determinada a minar costumes sociais obsoletos, uma geração niilista procurava o prazer, a decadência e a experimentação – um cenário descrito pelo escritor Evelyn Waugh em seu romance de 1930, Corpos vis.
Tempos modernos
A cantora, ativista e artista performática afro-americana Josephine Baker foi um dos grandes símbolos da emancipação artística, social e sexual na década de 1920. Em 1925, ela fugiu da segregação nos EUA para se tornar uma das artistas mais bem pagas em Paris e Berlim, numa época em que aumentavam as taxas de divórcios e as melindrosas libertárias cortavam os cabelos e vestiam smokings.
Com a concessão do sufrágio feminino limitado na maioria dos países ocidentais por volta de 1920, as mulheres começaram a lutar mais fortemente pela igualdade de gênero. Em 1928, foi aprovada a lei conhecida como Equal Franchise Act, que garantia o direito de voto a todas as mulheres maiores de 21 anos de idade no Reino Unido.
Cidades rapidamente industrializadas no pós-guerra cresciam a um ritmo recorde, e um novo consumismo de massa marcava a vida urbana. Em reação, diretores de cinema passaram a retratar essa estonteante idade da máquina. Metrópolis, filme de Fritz Lang de 1927, viria a simbolizar esse admirável mundo novo. Uma década depois, Charlie Chaplin relataria em Tempos modernos a luta de seu "pequeno vagabundo" para acompanhar a modernidade.
Enquanto isso, as primeiras transmissões de TV iam ao ar, e a medicina passava por uma revolução, com a descoberta da penicilina e da insulina para o combate de doenças. Na Alemanha, o físico teórico Albert Einstein continuava a desenvolver sua Teoria da Relatividade, que também abriria o caminho para a invenção da bomba atômica.
A futura rainha Elizabeth 2ª ainda era uma criança pequena quando os "dourados anos 20" chegavam ao fim e a Crise de 1929 se tornava o prenúncio de tempos muito mais obscuros pela frente. Com as feridas da Primeira Guerra ainda não completamente cicatrizadas, o folheado de uma idade de ouro iria rapidamente descascar na Europa e no resto do mundo.
O guarda-roupa da rainha
Normalmente, Elizabeth 2ª é vista de blazer e chapéu de mesma cor. Mas o closet tem muito mais a oferecer do que conjuntos sóbrios e adereços chiques de cabeça.
O tom sobre tom usual
O traje da rainha da Inglaterra é lendário. A um blazer com barras longas – para que nada voe para fora – soma-se uma criação de chapéu extravagante, com combinação perfeita de cor. Para completar, uma bolsa de mão sempre de um mesmo formato. Preta, pequena - com espaço para o batom, óculos de leitura, pastilhas de menta e lenço de papel. É assim que ela se apresenta ao mundo há 60 anos.
O segredo de seus chapéus
Ela possui chapéus em todas as formas e cores. Por vezes, é lúdico, com florzinhas, outras vezes, mais sóbrio e singelo. Mas as cores sempre se ajustam perfeitamente às vestimentas. Raramente se vê a rainha com a cabeça descoberta. Quantas caixas de chapéu se encontram no closet da rainha é um grande mistério.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Brady
Chapéu-mania
A cabeça jamais descoberta! Mesmo na juventude, com visual despojado na praia. O registro pertence a uma série de fotografias históricas da rainha, que foram leiloadas em 2008 e hoje estão nas mãos de um colecionador privado.
Até a princesa se juntou à força-tarefa: durante a Segunda Guerra Mundial, Elizabeth Windsor fez parte da Divisão de Mulheres do Exército Britânico. Lá ela se formou em mecânica e aprendeu a dirigir caminhões. Esta foto foi tirada em abril de 1945. Aqui também ela não está com a cabeça à mostra.
Foto: public domain
O vestido de casamento
Dois anos e meio após a guerra, Elizabeth se casou com seu amor da adolescência, o príncipe Philip da Grécia e Dinamarca. Por este vestido, foi recolhida uma série de cupons de desconto, já que logo após a guerra, não era fácil nem para uma família real fazer aquisições valiosas como essas: cetim, 10 mil pérolas e cristais, além de um lenço de renda de quatro metros de comprimento.
Foto: Imago/ZUMA/Keystone
O manto da coroação
No dia 2 de junho de 1953, a princesa Elizabeth se tornou rainha. Na cerimônia de coroação, ela usou um vestido de seda branco, com o emblema dos países da Commonwealth bordado a cores. Por cima, o manto régio de veludo, cuja calda de cinco metros de comprimento foi segurada por seis damas de honra.
Foto: picture-alliance/Heritage Images
Na jovem república alemã
"A visita do século" aconteceu em maio de 1965: nenhuma visita oficial era mais bem-vinda do que a da rainha. A última visita de Estado da Inglaterra tinha ocorrido há 56 anos, depois de duas guerras, nas quais os alemães imprimiram grandes sofrimentos aos ingleses. A visita de Elizabeth 2ª à Alemanha durou 11 dias. Nesse período, ela encantou os alemães com sua seleção de trajes.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Rohwedder
Realeza na Áustria
Depois de desfilar pela Alemanha com seus chapéus extravagantes, Elizabeth optou por uma apresentação mais tradicional na visita de Estado à Áustria. Com um vestido de seda branco e faixa vermelha, e diadema no lugar de chapéu, ela visitou o país em 1969.
Foto: picture-alliance/G. Rauchwetter
Com turbante em visita a Walter Scheel
Em 1978, Elizabeth veio à Alemanha pela segunda vez. Ela foi recebida novamente com grande louvor, mas não chegou à altura daquela primeira visita. O pano de fundo: a normalidade tomou conta, e a amizade entre os dois países havia se consolidado – em grande parte graças ao empenho do então presidente alemão Walter Scheel.
Foto: imago
Moda verão na Tailândia
Em fevereiro de 1972, a rainha visitou o rei Bhumibol na Tailândia. Naturalmente, levou blazers e tiaras na bagagem, mas um ou outro vestido mais ousado (com chapéu combinando, é claro) também não faltou. Nesta imagem, ela veste um conjunto de verão, que, apesar de seu aspecto lúdico, não peca por falta de seriedade.
Foto: picture-alliance/H. Ossinger
Óculos high-tech
Na cabeça de um membro da realeza não pode faltar nada – inclusive, os óculos 3D, que a rainha apresenta nesta foto. Em uma visita à Universidade de Sheffield, a monarca pôde conduzir uma escavadeira através de um display com exibição em 3D.
Foto: Getty Images
Look casual
Em seu dia a dia, a rainha também gosta de trocar seu chapéu por um lenço de cabeça. E, subitamente, não há mais sinais de realeza nela: Elizabeth 2ª pode até ser confundida com uma avó plebeia.
Foto: Getty Images
A cavalo com Reagan
Estilo rústico também no passeio ao lado do então presidente americano, Ronald Reagan, em 1982. Na foto, ela mostra a Reagan o parque do Castelo de Windsor, a residência favorita da rainha.
Foto: public domain
O casamento do filho
No dia 29 de julho de 1981, o filho de Elizabeth, príncipe Charles, casou-se com Diana. Embora a rainha tenha contribuído significativamente para a realização do casamento e, sempre que possível, tenha aparecido junto ao casal, ela não ofuscou a nora naquele dia. Nem com essa roupa em tom turquesa brilhante.
Foto: Imago/Photoshot/John Shelley Collection
O casamento do neto
Quando o príncipe William se casou com Kate Middleton em 2011, a rainha se apresentou com uma vestimenta muito mais discreta do que no casamento de Charles e Diana; ela entrou na Abadia de Westminster com um tom mostarda singelo.
Foto: Imago/Photoshot/John Shelley Collection
Discurso oficial
Quando a rainha fala ao Parlamento, a tradição dita que ela esteja com sua vestimenta oficial. Toda vez que um novo período legislativo tem início, ela apresenta, com coroa, os projetos do governo.
Foto: Reuters/S. Plunkett
Realeza de manto púrpura
Apesar da idade, a rainha ainda aposta em pesados mantos régios. Aqui ela aparece junto ao príncipe Philip em frente à Catedral de Saint Paul durante um culto religioso.
Foto: Getty Images
Signo: touro
No dia 21 de abril, a rainha completa 90 anos. Oficialmente, ela prefere celebrar seu aniversário no segundo sábado de junho – primeiro porque é quando acontece a cerimônia militar "trooping the colour" em honra à monarquia britânica, e segundo porque faz tempo bom. A foto foi tirada em 13/06/2015, na celebração de seu 89º aniversário. Toda de branco, ao lado do marido, príncipe Philip.