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ConflitosIsrael

Como funciona o gabinete de guerra de Israel

16 de abril de 2024

Após o ataque iraniano, surge a pergunta: qual será a reposta de Israel? Um órgão multipartidário criado logo após o início da guerra em Gaza deve desempenhar um papel central nessa questão.

Pessoas, a maioria homens, sentados em torno de uma mesa longa. No centro, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu
Membros do gabinete de guerra de Israel reunidos durante o ataque iranianoFoto: Israeli Prime Minister Office/AFP

A escalada entre o Irã e Israel vem mantendo o mundo em suspense. No fim de semana, o Irã lançou cerca de 300 armas aéreas, entre drones e mísseis balísticos e de cruzeiro, e afirmou que o ataque foi uma retaliação ao bombardeio do consulado iraniano na capital síria, Damasco, em 1º de abril, que o regime de Teerã atribuiu a Israel. Os israelenses afirmaram que 99% das armas aéreas iranianas foram abatidas com sucesso.

Os israelenses não reagiram até o momento e afirmaram que a reposta será "na forma e no momento certo". Seus aliados, inclusive os EUA, têm apelado para que os israelenses ajam com cautela. De acordo com o especialista em Israel Peter Lintl, do Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança (SWP), a resposta israelense, a depender da sua natureza, pode ter consequências de longo alcance para o futuro próximo do Oriente Médio.

Antes mesmo de os primeiros drones chegarem a Israel, o Irã se apressou em falar que a ofensiva seria limitada e que considerava o assunto "concluído". Alguns especialistas apontaram que o ineficiente ataque iraniano parece ter sido "performático", funcionando mais como uma advertência a Israel.

Nesta terça-feira (16/04), o gabinete israelense realizou sua quinta reunião desde o ataque iraniano. Aparentemente, ainda não houve um consenso entre o colegiado sobre como responder ao Irã.

Quem vai decidir qual será resposta de Israel?

As decisões decisivas devem ser tomadas pelo gabinete de guerra de Israel, um órgão multipartidário criado logo após o início da guerra entre Israel e o Hamas, em outubro. Sua tarefa é direcionar o curso da guerra, sendo legalmente subordinado ao gabinete de segurança israelense. O ataque iraniano está de certa forma ligado à guerra de Israel na Faixa de Gaza, pois o Irã é um apoiador e financiador aberto da organização terrorista Hamas.

Quem são os membros do gabinete de guerra?

O gabinete de guerra é chefiado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, do partido conservador Likud. Os outros dois membros são o ministro da Defesa, Yoav Gallant, também do Likud, e Benny Gantz, da aliança partidária HaMahane HaMamlachti. O líder da oposição, Yair Lapid, recusou-se a participar.

O general reformado Gadi Eisenknot, o presidente do partido Shass, Arie Deri, e o ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer (Likud), foram nomeados observadores do colegiado. Embora não tenham direito a voto, eles participam das reuniões.

Por que o gabinete foi formado?

O atual gabinete regular de Netanyahu é considerado o governo mais direitista que Israel já teve. De acordo com o cientista político Peter Lintl, o fato de o gabinete de guerra ser mais equilibrado serve para legitimar melhor as decisões políticas e militares que vêm sendo tomadas durante a guerra contra o Hamas. "Netanyahu já havia perdido muito apoio devido à polêmica reforma judicial, e o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro aumentou ainda mais a pressão", avalia Lintl.

Dessa forma, o primeiro-ministro avaliou que as decisões relativas à guerra não seriam executadas sem o apoio de uma ampla coalizão e que haveria pressão crescente para que ele renunciasse.

Qual é a posição do gabinete em relação ao ataque do Irã?

"Um contra-ataque militar é muito provável, a questão é quando, como e onde", supõe Peter Lintl. Os membros do gabinete têm opiniões diferentes sobre o que poderia ser um contra-ataque adequado. Reações simbólicas ou ataques cibernéticos também são concebíveis. "Só podemos ter a esperança que um contra-ataque israelense não seja imediato e tenha um escopo limitado para evitar uma escalada maior no conflito do Oriente Médio", avalia o cientista político.