Economia brasileira passou por três fases nos últimos quatro anos: estagnação, crise da covid e recuperação na reta final. Mas ainda é incerto se a pobreza voltou ao nível pré-pandemia.
Na economia, seu governo teve três fases distintas. Na primeira, que compreende o primeiro ano da gestão, o Brasil andou de lado, com crescimento econômico fraco, inflação sob controle e desemprego relativamente estável. O novo presidente tentava governar sem o apoio do Congresso, e não conseguiu definir e implementar prioridades da sua gestão.
A segunda fase começa com a pandemia, no início de 2020. O país caiu em recessão, o desemprego subiu e muitos perderam sua fonte de renda, e o impacto na pobreza só não foi ainda maior por causa do auxílio emergencial. No ano seguinte, quando a economia começava a melhorar, a inflação disparou devido à desorganização das cadeias produtivas globais e à guerra na Ucrânia, que encareceu o preço dos combustíveis no mercado internacional, flutuação acompanhada pela Petrobras.
A terceira fase é de recuperação, com crescimento econômico, queda do desemprego e aumento da renda, ocorrida de forma mais evidente neste último ano do governo. Esse movimento acompanha a retomada da economia de outros países, e foi acelerado em nível nacional por um grande pacote de gastos públicos e redução de tributos anunciado às vésperas da campanha eleitoral.
Na área social, o retrato completo da gestão Bolsonaro ainda não está disponível devido à falta de indicadores de pobreza e de desigualdade de renda de 2022, que só serão divulgados no próximo ano. Mas eles refletem uma dinâmica parecida.
A pobreza ficou relativamente estável nos dois primeiros anos do governo, e registrou alta significativa em 2021. A insegurança alimentar também cresceu, e atingiu 33 milhões de pessoas no final de 2021. A tendência é último ano do governo registrar queda da pobreza e da fome, mas ainda é incerto se eles voltarão aos patamares anteriores aos da pandemia.
Veja como esses indicadores variaram ao longo dos anos Bolsonaro:
Crescimento econômico
O Produto Interno Bruto (PIB), medida das riquezas produzidas por um país, teve um desempenho fraco no primeiro ano do governo Bolsonaro, e já estava em tendência de queda antes do início da pandemia de covid-19.
O economista André Luiz Marques, coordenador do Centro de Gestão e Políticas Públicas do Insper, avalia que esse primeiro ano foi perdido porque, entre outros pontos, Bolsonaro gastou tempo demais tentando organizar seu governo de forma a "romper" com o modelo anterior, com muita instabilidade em sua equipe e choques com outras instituições.
"A definição de linhas gerais e do planejamento acabou não acontecendo", diz Marques. "E, para ter investimento privado, precisa de estabilidade, regras claras. Credibilidade não vira de uma vez, precisa mais do que palavras, precisa de atos concretos."
Com a chegada da pandemia, o espaço para planejamento reduziu-se e o governo precisou focar em "mais apagar o incêndio do que construir algo mais adiante", diz Marques.
E, na reta final do mandato, a gestão colhe o reflexo da recuperação da pandemia no mundo todo e de "medidas populistas" tomadas no período eleitoral e que já cobram seu preço, com "subida do juros e da dívida pública".
Inflação
Os dois primeiros anos do governo Bolsonaro registraram inflação sob controle, próxima da meta do Banco Central, que em 2019 era de 4,25% e em 2020, de 4% – com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Em 2021, os preços começaram a sair do controle. A vacinação contra a covid-19 avançava e os países voltavam gradativamente à atividade, mas a desorganização das cadeias logísticas e de produção e os lockdowns rigorosos na China pressionaram os preços em todo o mundo.
Naquele ano, a inflação anual no Brasil foi de 10,06%, muito acima da meta do BC, que era de 4%, com margem de 1,5 ponto percentual.
A alta dos preços continuou se agravando em 2022, devido também à guerra na Ucrânia. O conflito fez o preço dos combustíveis disparar, com reflexos pela economia como um todo e na popularidade do presidente.
Pressionado pela proximidade da campanha eleitoral, Bolsonaro articulou e aprovou no Congresso um limite de 17% para a alíquota do ICMS sobre os combustíveis, um imposto estadual. Antes essa alíquota variava de estado para estado, e chegava a 34% no Rio de Janeiro.
O presidente também isentou os combustíveis de PIS e Cofins, dois tributos federais, e promoveu seguidas trocas no comando da Petrobras para pressionar a estatal a adotar parâmetros mais favoráveis ao consumidor na redefinição dos preços.
As medidas surtiram efeito, o preço dos combustíveis caiu significativamente, e a inflação começou a recuar no segundo trimestre de 2022. O país registrou deflação em julho (-0,68%), agosto (-0,36%) e setembro (-0,29), a estimativa atual é que o ano feche com inflação acumulada de 5,8%, segundo o Boletim Focus do Banco Central.
A isenção do PIS e do Cofins deve acabar no próximo ano. O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira que Lula não deseja manter a isenção e pediu ao atual ministro da Economia, Paulo Guedes, que não a prorrogue.
O futuro governo Lula ainda analisa como lidar com o limite à alíquota do ICMS, que afeta a arrecadação de estados e suas transferências obrigatórias aos municípios.
Desemprego
O desempenho do emprego durante o primeiro ano do governo Bolsonaro foi de relativa estabilidade, na faixa de 12%, com variações sazonais. A chegada da pandemia, com as restrições sanitárias e o fechamento do comércio, impactou o mercado de trabalho a partir do início de 2020, e levou o desemprego às alturas. Em setembro de 2020 e março de 2021, a taxa bateu em 14,9%.
Depois o mercado de trabalho começou a se recuperar. O dado mais recente, do trimestre encerrado em outubro deste ano, coloca a taxa de desemprego em 8,3%, nível que havia sido alcançado pela última vez no trimestre encerrado em maio de 2015, antes do afastamento de Dilma Rousseff em seu processo de impeachment.
A retomada do emprego deveu-se principalmente ao setor de serviços, que é intensivo em mão de obra, mas em geral oferece vagas de pior qualidade e remuneração mais baixa do que as da indústria.
Nesse cenário, o número de trabalhadores informais bateu recorde neste ano. No trimestre encerrado em agosto, o número de empregados sem carteira assinada no setor privado chegou a 13,2 milhões de pessoas, o maior número desde o começo da série histórica, há 10 anos.
Marques pontua que o espaço para o desemprego seguir caindo nos próximos meses é pequeno devido à falta de reformas que fundamentem uma alta sustentada do PIB. "Há risco de ser um voo curto, na falta de fôlego para um crescimento mais estruturado", diz.
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Rendimento
Outro parâmetro que mostra como a economia impacta as condições de vida das pessoas é o de rendimento médio real de todas as fontes, que mede quanto as pessoas com renda receberam mensalmente, seja do seu trabalho ou de transferências do governo.
Ao longo dos três primeiros anos do governo Bolsonaro, esse rendimento registrou queda em termos reais. Em 2019, foi de R$ 2.471, um real a menos do que o do ano anterior. Em 2020, de R$ 2.386, e no ano seguinte de R$ 2.265, sempre a preços de 2021. Foi o menor valor da série histórica, iniciada em 2012.
A piora sensível do rendimento em 2021 deveu-se, entre outros fatores, a mudanças na concessão do auxílio emergencial, que não foi pago no primeiro trimestre daquele ano, e depois retornou com valores mais baixos do que no primeiro ano da pandemia. Além disso, a alta da inflação corroeu o valor real recebido pelas pessoas.
Em 2022, o rendimento médio real de todas as fontes voltou a subir, mas o dado consolidado, que reúne todas as fontes, só será conhecido no próximo ano.
Outra forma de medir a renda da população é a renda média dos trabalhadores. Nesse cálculo, porém, só é considerada a população ocupada e a renda obtida do trabalho, sem os benefícios sociais.
Essa série também registra a relativa estabilidade do primeiro ano do governo Bolsonaro. No ano seguinte, porém, há uma alta da renda, que pode ser resultado do impacto desigual da pandemia no mercado do trabalho, diz Marques.
Como pessoas em funções menos remuneradas – garçons, pedreiros e empregadas domésticas, por exemplo – foram mais afetadas por demissões no início da pandemia do que as pessoas com funções mais bem remuneradas, que conseguiram manter seus trabalhos em home office, a renda média de quem tinha emprego inicialmente subiu.
Em seguida, porém, com a gradual retomada da economia, a renda média começou a cair e chegou a R$ 2.574 em dezembro de 2021, o menor valor da série histórica iniciada em 2012.
A partir desse momento tem havido recuperação. A renda média dos trabalhadores em outubro deste ano foi de R$ 2.754, mas ainda abaixo da do início do governo Bolsonaro, quando era de R$ 2.821 – os valores estão corrigidos pela inflação.
Pobreza
A evolução da pobreza no governo Bolsonaro registrou leve melhora no primeiro ano, leve piora no segundo e uma grande piora no terceiro. Os dados sobre o quarto ano ainda não estão disponíveis
O presidente assumiu o Planalto com 19,5% dos moradores de regiões metropolitanas em situação de pobreza (com renda diária de até 5,50 dólares em paridade do poder de compra) e 4,4% deles em pobreza extrema (com renda diária de até 1,90 dólar em paridade do poder de compra).
Depois dos dois primeiros anos de relativa estabilidade, em 2021 o percentual de pessoas em situação de pobreza nas regiões metropolitanas subiu para 23,7% (7,2 milhões de pessoas a mais do que em 2014). Já o percentual de pessoas em extrema pobreza chegou a 6,3%, ou 3,1 milhões a mais do que 2014 – dos quais 1,6 milhão entraram nessa faixa apenas em 2021.
A recuperação da renda do trabalho neste ano, combinada à redução da inflação e à queda do desemprego, deve resultar em redução da pobreza. A medição precisa do impacto na pobreza, no entanto, só poderá ser feita em 2023, quando saem os dados da renda de todas as fontes, incluindo a de benefícios sociais. Há dúvidas entre especialistas se a pobreza retrocederá ao patamar anterior ao do início da pandemia.
Fome
O governo atual também foi marcado por seguidos alertas sobre o aumento da fome no país, que já vinha crescendo antes de Bolsonaro assumir o Planalto.
O segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (Vigisan), realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), apontou que 58,7% da população brasileira vivia com algum grau de insegurança alimentar no final de 2021 e início de 2022.
Classifica-se como insegurança alimentar leve quando há indisponibilidade de algum alimento básico; moderada quando a pouca disponibilidade ou variedade afeta o indivíduo do ponto de vista nutricional; e grave quando não é possível fazer nenhuma refeição durante um dia ou mais.
O levantamento identificou que 15,5% da população brasileira estava em insegurança alimentar grave naquele período, ou seja, passando fome. Isso equivale a 33,1 milhões de pessoas. No final de 2022, eram 19,1 milhões de pessoas nessa situação.
A Rede Penssan afirma que a piora da fome reflete "opções de políticas econômicas e sociais dos governos", e que a pandemia agravou um quadro que já vinha em deterioração desde a crise econômica e política deflagrada em 2015, que afetou negativamente o emprego e a renda.
Além disso, houve o desmonte de políticas públicas voltadas à segurança alimentar, com a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário em 2016, no governo Michel Temer, com reflexos na agricultura familiar, e a extinção, por Bolsonaro, do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
Os presidentes do Brasil
Desde a Proclamação da República, em 1889, dezenas de chefes de Estado e de governo estiveram à frente do país e tiveram gestões marcadas por momentos conturbados – de revoltas a golpe militar e escândalos de corrupção.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/R. Ghement
Lula
Após uma das campanhas mais tensas da história brasileira, Lula conquistou em 2022 novamente a Presidência para seu terceiro mandato, com o apoio de uma frente ampla contra Jair Bolsonaro que contou com um ex-adversário, Geraldo Alckmin, como vice.
Foto: Ueslei Marcelino/REUTERS
Jair Bolsonaro
O capitão reformado Jair Messias Bolsonaro venceu as eleições para a presidência do Brasil em 2018, como candidato do Partido Social Liberal (PSL). Em 1º de janeiro de 2019, assumiu o cargo de 38º presidente do Brasil. Antes de ser presidente, foi vereador (1989-1991) e deputado federal pelo Rio de Janeiro (1991-2019).
Foto: AFP/Brazilian Presidency/M. Correa
Michel Temer
Por ser o vice-presidente, Michel Miguel Elias Temer Lulia assumiu em 31 de agosto de 2016, após o impeachment de Dilma Rousseff, e ficou no poder até 1º de janeiro de 2019. Membro do MDB, Temer foi o presidente brasileiro mais idoso a tomar posse, aos 75 anos.
Foto: Reuters/C. Allegri
Dilma Rousseff
Dilma Vana Rousseff foi a primeira mulher presidente do Brasil. Ela combateu a ditadura militar e foi presa em 1970. Eleita em 2010, assumiu em 1º de janeiro de 2011 e foi reeleita em 2014. Erros na gestão econômica, falta de habilidade política, isolamento do PMDB, corrupção e polarização foram as principais razões que levaram ao seu impeachment, em 31 de agosto de 2016.
Foto: Reuters/Sergio Moraes
Lula
Os oito anos de governo do presidente Luiz Inácio da Silva, de 2003 a 2011, foram marcados por programas sociais e modificaram os destinos e a imagem do Brasil – tanto no próprio país como no exterior. Em 2018, tornou-se o primeiro ex-presidente a ser preso acusado de corrupção. Foi solto após 19 meses, teve a sua condenação anulada pelo Supremo e elegeu-se novamente ao Planalto em 2022.
Foto: O. Kissner/AFP/Getty Images
Fernando Henrique (FHC)
Sociólogo, professor universitário e escritor, Fernando Henrique Cardoso, ou apenas FHC, foi o primeiro presidente do Brasil a ter dois mandatos consecutivos, de 1995 a 2003. Um dos principais responsáveis pelo Plano Real, que tirou o Brasil de anos de inflação descontrolada, seu governo foi marcado ainda pela criação de programas sociais e por privatizações.
Foto: Acervo FHC
Itamar Franco
O engenheiro, militar e político Itamar Augusto Cautiero Franco assumiu interinamente a chefia de Estado e de governo em outubro de 1992, enquanto corria o processo de impeachment do presidente Fernando Collor, de quem era vice. Com a renúncia de Collor antes da decisão do impeachment, Itamar Franco assumiu a presidência em 29 de dezembro de 1992 e a entregou em 1º de janeiro de 1995.
Foto: picture-alliance/dpa
Fernando Collor de Mello
Fernando Affonso Collor de Mello assumiu a presidência aos 40 anos, em 15 de março de 1990. O Plano Collor, que incluiu o confisco de poupanças, levou ao aumento da recessão e da inflação. Denúncias de corrupção envolvendo o tesoureiro PC Farias culminaram num processo de impeachment. Collor renunciou em 29 de dezembro de 1992, horas antes antes de ser condenado por crime de responsabilidade.
Foto: JOSE VARELLA/AFP/Getty Images
José Sarney
Presidente de 1985 a 1990, José Ribamar Ferreira de Araújo Costa adotou o nome do pai, Sarney, para fins eleitorais. Foi vice de Tancredo, e seu governo marcou a volta à normalidade democrática, com liberdade de imprensa e de associação e amplas concessões de rádio e TV. Tentou combater a hiperinflação com três planos econômicos fracassados e a moratória à dívida externa.
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Tancredo Neves
Tancredo de Almeida Neves foi o 1º presidente eleito após o golpe de 1964. Em 15/1/1985, foi escolhido pelo voto indireto de um colégio eleitoral. Ele adoeceu gravemente um dia antes da posse. Na época, foi alegada uma diverticulite. Só em 2005, o hospital revelou tratar-se de um tumor benigno infectado, o que não havia sido revelado por se temer uma associação com câncer e temor de instabilidade.
Foto: Célio Azevedo
Ernesto Geisel
Ernesto Beckmann Geisel governou de 1974 a 1979. Além do início da redemocratização do país, no seu governo houve a incorporação da Guanabara ao Rio de Janeiro, a divisão do Mato Grosso em dois estados, a assinatura de acordos nucleares com a Alemanha Ocidental e a extinção do AI-5. Ele foi sucedido pelo último presidente da ditadura militar, João Baptista de Oliveira Figueiredo (1979 a 1985).
Foto: imago/Sven Simon
Emílio Garrastazu Médici
Presidiu de 30/10/1969 a 15/03/1974. General do Exército, assumiu o governo da junta militar que regeu o Brasil de 31 de agosto a 30 de outubro de 1969. Seu governo marcou o auge da ditadura, com acirramento da repressão, tortura e assassinatos. O Plano de Integração Nacional levou à construção da Transamazônica e da Ponte Rio-Niterói. Foi assinado o acordo para a construção da usina de Itaipu.
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Costa e Silva
Arthur da Costa e Silva assumiu em 15/03/1967 e foi afastado em 31/08/1969 devido a uma trombose. Seu vice, Pedro Aleixo, foi impedido de assumir pelos ministros militares. Esta junta militar governou de agosto a outubro. Em 67, a limitação dos direitos civis levou a protestos estudantis. O AI-5, de 1968, permitiu ao presidente fechar o Congresso, cassar políticos e institucionalizar a repressão.
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Castello Branco
Humberto Castello Branco foi o 1º presidente após o golpe de 64. Eleito pelo Congresso, tomou posse em 15 de abril. Logo teria o mandato prorrogado, de janeiro de 1966 a 15 de março de 1967. As eleições presidenciais de 1965 foram canceladas. Em seu governo, foi promulgado o AI-2, que aboliu o pluripartidarismo e deu poderes ao Presidente para cassar deputados e convocar eleições indiretas.
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João Goulart (Jango)
João Belchior Marques Goulart presidiu de 8/9/1961 a 2/4/1964. Militares tentaram impedir a posse, alegando que traria instabilidade, mas o aceitaram após a adoção do regime parlamentarista, que cortou poderes presidenciais. Seus planos de reformas de base levaram ao golpe que o depôs. Primeiro premiê do Brasil foi Tancredo Neves. A experiência parlamentarista foi revogada por plebiscito em 1963.
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Jânio Quadros
Jânio da Silva Quadros presidiu de 31/1/1961 a 25/8/1961. Eleito até 1965, teve a maior votação até então obtida no Brasil. A tentativa de reestruturar o orçamento do Estado com meios radicais e sua natureza excêntrica o tornaram impopular. Após sete meses no poder, renunciou alegando a pressão de "forças ocultas". Seu sucessor seria o reformador socialista João Goulart, então seu vice.
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Juscelino Kubitschek (JK)
Juscelino Kubitschek de Oliveira presidiu de 31/1/1956 a 31/1/1961. Seu maior projeto foi a fundação de Brasília. Em seu governo foram concluídos grandes projetos rodoviários e foi estabelecida a indústria automotiva brasileira. Houve um boom econômico no país, que foi freado pela queda do preço mundial do café nos anos 50. Ele rompeu com o FMI, que não aceitava os níveis da inflação brasileira.
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João Café Filho
João Fernandes de Campos Café Filho presidiu de 24/8/1954 a 8/11/1955. Seu governo foi marcado por inflação e alto déficit orçamentário. Por questões de saúde, licenciou-se do cargo. Assumiram de forma interina o presidente da Câmara, Carlos da Luz, e depois, Nereu Ramos, vice do Senado. Em outubro, JK venceu as eleições. Embora Café Filho quisesse reassumir, foi impedido pelo Congresso.
Foto: Public Domain
Getúlio Vargas
O segundo mandato de Getúlio Vargas começou em 31/1/1951. Seu tumultuado governo teve medidas como um polêmico reajuste do salário mínimo em 100% e acusações de corrupção. Um atentado a tiros que matou um major e feriu o oposicionista Carlos Lacerda foi atribuído a membros da guarda pessoal do presidente. A pressão contra Getúlio o levou a se suicidar em 24 de agosto de 1954.
Foto: public domain
Eurico Gaspar Dutra
Eurico Gaspar Dutra foi presidente de 31/1/1946 a 31/1/1951, após vencer a eleição em dezembro de 1946. Como presidente, proibiu o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e rompeu relações diplomáticas com a União Soviética. Ao mesmo tempo, melhorou as relações com os Estados Unidos através da OEA. Mas a situação econômica se deteriorou, levando Getúlio a vencer a eleição presidencial em 1950.
Foto: wikipedia/Governo do Brasil
Getúlio Vargas
Getúlio Dornelles Vargas assumiu o poder em 3/11/1930, após a Revolução de 1930. Em 1937, ele instaurou o Estado Novo, regime caracterizado pela centralização do poder, nacionalismo, anticomunismo e autoritarismo. Ele ficou no poder até 29 de outubro de 1945, quando foi deposto pelo Alto Comando do Exército, colocando fim à Era Vargas. A seguir, José Linhares assumiu a presidência por 3 meses.
Foto: Imago/United Archives International
Washington Luís
Washington Luís de Sousa governou de 15/11/1926 a 24/10/1930, nos tempos da Grande Depressão. Júlio Prestes foi eleito para sua sucessão, mas a oposição, que se recusou a reconhecer a derrota do seu candidato, Getúlio Vargas, e os militares fizeram um golpe que se alastrou do Sul ao RJ. Em outubro de 1930, Washington Luís rejeitou renunciar. Os militares o prenderam e o forçaram ao exílio.
Foto: Public Domain
Arthur Bernardes
O governo de Artur da Silva Bernardes (15/11/1922 a 15/11/1926) enfrentou oposição por militares, uma guerra civil no Rio Grande do Sul, e também o movimento operário, que se fortalecia. As inquietações levaram Bernardes a decretar estado de sítio, que perdurou durante quase todo seu governo.
Foto: wikipedia/Governo do Brasil
Epitácio Pessoa
Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa presidiu o país de 28/07/1919 a 15/11/1922. Ele venceu a eleição em 13 de abril de 1919 para suceder a Rodrigues Alves, que morreu de gripe espanhola em 1918. Entre os fatos que marcaram o governo de Pessoa, está a abolição, em 1920, da lei que bania a família imperial do Brasil.
Foto: imago images/United Archives International
Delfim Moreira
Delfim Moreira da Costa Ribeiro, na realidade vice-presidente, presidiu interinamente o Brasil de 15/11/1918 a 28/07/1919 porque o presidente eleito em 1918, Rodrigues Alves, morreu de gripe espanhola antes da posse. Na época, a Constituição previa que o vice só assumiria definitivamente caso o presidente morresse depois de dois anos de sua posse, ou seja, a metade de seu mandato.
Foto: wikipedia/Arquivo Nacional do Brasil
Wenceslau Braz
O governo de Wenceslau Braz Pereira Gomes (15/11/1914 a 15/11/1918) foi marcado pela 1ª Guerra Mundial, a gripe espanhola e a greve geral de 1917, na indústria e no comércio, que durou 30 dias em julho de 1917 e fez parte do processo de politização dos trabalhadores brasileiros. O torpedeamento de navios brasileiros por submarinos alemães em 1917 fez o Brasil declarar guerra à Alemanha.
Foto: Fundação Biblioteca Nacional
Hermes da Fonseca
Hermes Rodrigues da Fonseca, presidente de 15/11/1910 a 15/11/1914, era sobrinho de Deodoro da Fonseca. Já na primeira semana de governo houve uma insurreição de marinheiros, a Revolta da Chibata. Sua "política das salvações", que consistia na deposição das oligarquias nos estados, substituindo-as por interventores ligados ao presidente, tornaram o estado de sítio uma constante em seu governo.
Foto: wikipedia/Arquivo Nacional do Brasil
Afonso Penna
No governo de Afonso Augusto Moreira Pena (15/11/1906 a 14/06/1909), o Brasil começou a influenciar o mercado de café, comprando por exemplo excedentes de produção para manter os preços no mercado mundial. Pena expandiu a rede ferroviária, modernizou o Exército e incentivou expedições do marechal Rondon à Amazônia. Após sua morte, a presidência foi assumida pelo vice, Nilo Peçanha.
Foto: Public Domain
Rodrigues Alves
Francisco de Paula Rodrigues Alves presidiu o país de 15/11/1902 a 15/11/1906. Depois da Proclamação da República, foi membro da Assembleia Constituinte e governador do estado de São Paulo. Foi escolhido por uma grande maioria na eleição presidencial em 1902. No seu governo, o Rio de Janeiro foi amplamente reformado. Em 1918, foi eleito de novo, mas morreu de gripe espanhola antes de tomar posse.
Foto: Public Domain
Campos Salles
Manuel Ferraz de Campos Sales foi presidente do Brasil de 15/11/1898 a 15/11/1902. Durante seu mandato, uma forma de combater a oposição e afirmar a supremacia das principais oligarquias dos estados foi a chamada Política dos Governadores, que afastou os militares da política e consolidou a chamada República Oligárquica.
Foto: picture-alliance/dpa/Heritage-Images
Prudente de Morais
Primeiro presidente civil do Brasil, Prudente José de Morais e Barros governou de 15/11/1894 a 15/11/1898. Em seu governo, aconteceu a Guerra de Canudos: o líder religioso Antônio Conselheiro liderava o arraial de Canudos, no sertão da Bahia, que atraiu milhares de sertanejos, indígenas e escravos recém-libertos. Canudos foi destruído pelo Exército da República em 1897.
Foto: wikipedia/Governo do Brasil
Floriano Peixoto
Floriano Vieira Peixoto presidiu o Brasil de 23/11/1891 até 15/11/1894. Revoltas sacudiram alguns estados, a Marinha se rebelara no Rio. Com uma inteligente estratégia de reformas na política e na economia, ele conseguiu consolidar a República, apesar da resistência de militares monarquistas.
Foto: picture-alliance/dpa/United Archives/WHA
Deodoro da Fonseca
Manuel Deodoro da Fonseca proclamou a República em 15 de novembro de 1889 e liderou o governo provisório. Depois, foi o primeiro presidente eleito do Brasil, de 25/02/1891 a 23/11/1891. A dissolução do Congresso Nacional levou a tensões e culminou na formação de um movimento legalista, sob a liderança do vice-presidente, Floriano Peixoto, que fez Fonseca entregar o cargo.