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SociedadeJapão

Como o Japão mantém seus idosos no mercado de trabalho

18 de outubro de 2021

Muitos aposentados japoneses voltam ao mercado de trabalho por causa da renda extra ou para se manter ocupados. Governo elevou idade de aposentadoria, mas país deve ter déficit de 6,44 milhões de trabalhadores até 2030.

Idosos em uma rua de comércio em Tóquio, no Japão
Atualmente, um em cada quatro japoneses tem mais de 65 anos e prevê-se que aumente para um em cada três nos próximos 15 anosFoto: picture-alliance/Jiji Press Photo/M. Taga

Aos 68 anos, Atsuko Kasa diz que não tem absolutamente nenhuma intenção de diminuir seu ritmo. A mulher alegre e enérgica planeja continuar trabalhando no Centro Silver Jinzai perto de sua casa, na cidade japonesa de Yokohama, pelo tempo que for possível. Ela afirma que é muito jovem para se aposentar, faz piadas e quer ajudar os outros.

Kasa, que trabalhava no departamento de contabilidade de uma empresa de cosméticos, é uma das legiões de japoneses idosos que optaram por abandonar os tradicionais passatempos da aposentadoria como jardinagem, encontros com amigos e cuidados com os netos. Em vez disso, eles voltaram ao mercado de trabalho.

Para alguns, a renda extra que ganham por meio da organização Silver Jinzai é certamente digna de consideração, mas o dinheiro não é a motivação para a maioria. Para a maioria dos 700 mil aposentados que estão registrados na organização nacional criada em Tóquio, em 1975, as coisas mais importantes são se manter ocupados e retribuir à sociedade.

Ajuda a outras pessoas

"Quando comecei a envelhecer, senti que meu mundo estava ficando menor", disse Kasa, em entrevista à DW. "Para ter uma vida significativa, decidi começar um trabalho onde pudesse ajudar outras pessoas. Não tenho nenhuma habilidade especial, mas sempre trabalho com um coração solidário."

Kasa trabalha em um grupo de apoio para pessoas com necessidades especiais em Yokohama. Ela ajuda a preparar as refeições em um refeitório nas instalações e diz que queria "enfrentar os desafios de trabalhar em um mundo que eu nunca havia experimentado antes".

"Gosto desse trabalho", disse ela. "As pessoas são honestas, brilhantes e gentis. Na verdade, eu as amo. Além disso, trabalhar com a equipe que apoia a independência [das pessoas com necessidades especiais] enriquece minha vida, e sou grata a eles por isso."

Há cerca de 10 mil pessoas registradas para trabalhar no Centro Silver Jinzi, em Yokohama, e esse número tem aumentado nos últimos anos, disse Takao Okada, presidente da organização. A pessoa mais velha nos registros tem 100 anos.

"Há um número crescente de pessoas saudáveis ​​e muito motivadas para trabalhar", disse Okada. "Há uma ampla gama de razões pelas quais nossos membros querem trabalhar: para alguns é financeiro, é claro, mas muitas pessoas querem manter sua saúde, outras querem contribuir para a sociedade ou aproveitar ao máximo sua experiência e habilidades."

Kasa trabalha em um grupo de apoio para pessoas com necessidades especiais em YokohamaFoto: Julian Ryall/DW

Oportunidades de emprego

Okada disse que os funcionários da Silver Jinzai geralmente trabalhavam no máximo 20 horas por semana, distribuídas em dois ou três dias, e normalmente estão empregados em supermercados; como faxineiros, jardineiros, recepcionistas, carpinteiros ou assistentes de cuidados infantis; ou ajudando a cuidar de pessoas idosas.

Outros empregam seu know-how em projetos com o auxílio de computadores ou ajudam a recolher o lixo nas ruas da cidade. Pessoas com habilidades em línguas estrangeiras são particularmente procuradas, disse Okada.

As tarefas são pagas a valores diferentes que variam em todo o país, mas a assistência a tarefas domésticas normalmente rende a um trabalhador da Silver Jinzai o valor de 870 ienes (cerca de 42 reais) por hora; a limpeza de janelas, 910 ienes (cerca de 44 reais); e a jardinagem, 1.040 ienes (cerca de 50 reais). Já o trabalho mais árduo de limpar a neve em cidades do norte do país paga 1.855 ienes (cerca de 90 reais) por hora.

Além de proporcionar renda adicional e manter ocupada a população idosa do país, o plano também está ajudando a aliviar a crescente escassez de trabalhadores no Japão.

Japão enfrenta escassez aguda de mão de obra

Embora a força de trabalho do país esteja envelhecendo, a taxa de natalidade está caindo e um número cada vez maior de pessoas está vivendo até uma idade mais avançada, graças aos avanços da medicina.

Atualmente, um em cada quatro japoneses tem mais de 65 anos, e isso deve aumentar para um em cada três nos próximos 15 anos – o que significa que a população do Japão está envelhecendo a uma taxa duas vezes maior do que a da Alemanha e quatro vezes mais rápida do que a da França.

O governo introduziu medidas para reverter essa tendência ao elevar a idade de aposentadoria compulsória de 65 para 70 anos em abril, mas analistas sugerem que o Japão terá um déficit de 6,44 milhões de trabalhadores até 2030.

E, embora a rede Silver Jinzai esteja atualmente minimizando a escassez de mão de obra existente, os especialistas alertam que é pouco provável que seja suficiente para compensar a escassez no futuro, especialmente se houver opções mais bem pagas disponíveis.

"Em 1975, quando foi criado, havia cada vez mais idosos que queriam trabalhar após a aposentadoria porque sentiam que isso os manteria em forma à medida que envelheciam", disse Hiroshi Yoshida, professor do Centro de Pesquisa para Economia e Sociedade Idosa, da Universidade de Tohoku.

"No entanto, os idosos de hoje são muito mais saudáveis ​​e enérgicos do que naquela época, e eles simplesmente não se consideram muito velhos", disse ele. "Este grupo de pessoas quer trabalhar, mas também quer um salário melhor. Então eles estão procurando empregos fora do sistema da Silver Jinzai."

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