Mais de 25 anos se passaram desde a queda do símbolo da divisão da Alemanha, e seus restos ainda são vendidos. Sobretudo as partes coloridas fazem sucesso, mas especialistas questionam autenticidade dos souvenirs.
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"Um pedaço de história viva", diz Sarah, apontando para os coloridos restos do Muro de Berlim dispostos sobre uma mesa numa loja de souvenirs na capital alemã. A turista sueca acha legal poder levar um pedaço do símbolo da divisão da Alemanha para casa.
Como se fossem pedras preciosas, os itens de concreto são vendidos em embalagens plásticas vedadas. Os preços variam entre 6,99 e 23,99 euros. Nenhum dos minipedaços é cortado com cuidado. Eles têm o formato irregular, como se tivessem acabado de ser quebrados do Muro.
Ainda há uma demanda grande pelos restos. Depois de imãs de geladeira, eles são os itens mais vendidos, diz a dona da loja, na famosa avenida Unter den Linden. "Um em cada cinco clientes compra um pedaço do Muro."
Wieland Giebel, gerente da livraria Berlin Story confirma que o interesse é grande. Nos quatro estabelecimentos que administra na cidade e na loja virtual, ele fatura milhares de euros por ano com pedaços do Muro. A procura pelo souvenir se manteve ao longo dos anos.
Giebel descreve a si mesmo como "o maior comerciante de partes do Muro de Berlim no mundo". Além das partes pequenas, ele vende grandes segmentos de concreto, pelo preço de 7 mil a 12 mil euros. Segundo ele, os compradores de pedaços com grandes proporções costumam ser empresas ou grandes instituições.
A maior parte da renda vem, no entanto, das pequenas partes do símbolo berlinense. O interesse tende a aumentar perto da data de aniversário da queda do Muro, em 9 de novembro. O aniversário do início da construção, no dia 13 de agosto, costuma ser menos celebrado.
Apenas um quilômetro vendido
De acordo com a Fundação Federal pela Reconciliação da Ditadura da República Democrática Alemã, a antiga Alemanha Oriental, mais de 360 trechos completos do Muro foram vendidos desde a sua queda. "Isso corresponde a um quilômetro", afirma Anna Kaminsky, especialista da instituição.
Teoricamente, isso significa que 154 quilômetros do muro ainda deveriam estar disponíveis, mas muitos pedaços foram demolidos e vendidos como material de construção depois de 1989. Alguns pedaços acabaram no lixo.
No total, 241 partes do Muro foram dispostas em 146 lugares do mundo, estando 57 deles nos Estados Unidos, de acordo com a fundação. No verão de 1990, cinco artistas soviéticos pintaram cem pequenas placas de concreto do Muro e as venderam por centenas de milhares de dólares para um colecionador nos EUA.
Frequentemente pedaços são dados como presente simbólico, como o trecho que se encontra nos jardins da sede da ONU em Nova York. Recentemente cinco segmentos foram para a Coreia do Sul, segundo Elmar Prost, diretor do da empresa berlinense Klösters, de materiais de construção.
A companhia comprou 164 trechos há alguns anos e os disponibilizou para artistas e pintores amadores por um pequeno valor. Foi assim que nasceu uma série de laureados pelo Prêmio Nobel, pintados pelo espanhol Victor Landeta, por exemplo.
Questão de confiança
Quanto mais o tempo passa depois da queda do Muro de Berlim, mais se discute a autenticidade dos pedaços. "A venda de partes é uma questão de confiança", afirma Ronny Heidenreich, especialista no símbolo da Alemanha dividida.
Não é mais possível confirmar se todos os pedaços do tamanho de uma unha são autênticos, fazendo da confiança um fator importante para os negócios.
Gerhard Sälter, do Memorial do Muro de Berlim, afirma ter ressalvas particularmente em relação a partes coloridas, que vendem mais que as partes cinzas. "Suspeito que a maioria das partes do Muro que podemos comprar como turistas tenham sido pintadas depois."
Giebel dá menos importância à questão. "Eu pessoalmente nunca ouvi falar em partes falsas do Muro sendo vendidas. E você não é obrigado a comprá-las", diz. Mas as pessoas as compram. O interesse é particularmente alto nos EUA, continua o comerciante, "porque o Muro expressa o desejo alemão por liberdade".
Dez razões para amar Berlim
A capital alemã é muitas coisas: sede do governo, metrópole cultural, centro de vida noturna. Mas, acima de tudo, ela é eletrizante, uma cidade em constante mutação. Talvez, por isso, os turistas gostem tanto dela.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Vista do alto
A torre "Fernsehturm", com seus 368 metros de alturam é a estrutura mais alta da Alemanha. Em um dia claro, a plataforma de observação oferece visibilidade de até 40 quilômetros. Acima da plataforma, fica o restaurante giratório, que realiza uma rotação a cada 30 minutos.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Um lugar feliz
Em 1989, quando o Muro de Berlim caiu, artistas de todo o mundo pintaram sobre a barricada de concreto cinza. A East Side Gallery é até hoje a mais longa galeria ao ar livre do mundo. A arte criada espontaneamente ainda reflete a alegria que se espalhou por toda a Berlim com a queda do Muro.
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Museus e galerias
Rodeada pelo rio Spree, a Ilha dos Museus foi nomeada Patrimônio Mundial pela Unesco em 1999. Lá, é possível admirar tesouros artístico de todo o mundo, como um busto da rainha egípcia Nefertiti e o Altar de Pérgamo, construído entre 160 e 180 a.C. em homenagem a Zeus, o reio do Olimpo. Berlim tem ainda outros 175 museus e cerca de 300 galerias de arte.
Foto: Fotolia/fhmedien_de
Diversidade cultural
Cosmopolita, ricamente colorida e com um entusiasmo pela vida — assim Berlim apresenta-se durante o festival Carnaval das Culturas. Cerca de 180 nacionalidades chamam a cidade de casa. E todo o mês de maio eles — recém-chegados e berlinenses estabelecidos — celebram o que é, provavelmente, a melhor festa de rua da cidade.
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Em constante mutação
Desde a Reunificação, em 1990, os guindastes não param: a Potsdamer Platz foi reconstruída, o Reichstag (prédio do Parlamento alemão) ganhou uma cúpula e o quarteirão do governo foi construído. O Palácio de Berlim, que deverá ser concluído em 2019, está lentamente tomando forma. Ninguém sabe ainda, porém, se o novo - e muito atrasado - aeroporto de Schönefeld estará aberto até lá.
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Tapete vermelho
Em fevereiro, Berlim estende o tapete vermelho para receber estrelas do cinema. Desde 1951, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, conhecido como Berlinale, é um dos principais do mundo. Estrelas do cinema amam a cidade, mesmo em outras épocas do ano, como Arnold Schwarzenegger e Emilia Clarke, que estiveram na capital para a estreia do mais recente "Exterminador do Futuro".
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Memória preservada
O Memorial do Holocausto, composto por 2.711 placas de concreto para lembrar os seis milhões de judeus europeus mortos pela Alemanha nazista, é o memorial mais visitado de Berlim. Outros monumentos incluem os dedicados às Forças Aliadas que libertaram a cidade no final da Segunda Guerra Mundial, aos que morreram tentando escapar pelo muro e aos herois da força aérea de Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Stache
Parques e jardins
Há mais de 2.500 parques em Berlim, mas o "New York Times" nomeou, recentemente, o pequeno "Prinzessinnengarten" como um dos mais belos espaços verdes da cidade. Esse antigo terreno baldio no bairro de Kreuzberg foi transformado em um jardim orgânico, em que mais de 500 tipos de vegetais são cultivados por centenas de voluntários locais.
Foto: picture-alliance/dpa
Vida noturna
A vida noturna de Berlim, conhecida como uma das mais excitantes do mundo, oferece diversão para todos os gostos, do indie rock ao hip hop e house. Alguns dos melhores DJs do mundo tocam em clubes como Berghain e Watergate. Muitas pessoas vão a Berlim só para isso — elas chegam à cidade na sexta-feira à noite e passam o fim de semana inteiro na balada antes de voltarem para casa.
Foto: picture-alliance/schroewig
Capital canina
Cerca de 100 mil cães vivem na cidade, fazendo de Berlim a capital canina da Alemanha. Mas quando os berlinenses dizem que "ladram, mas não mordem", eles estão se referindo a eles próprios. Os moradores são conhecidos por não serem muito simpáticos: "Berliner Schnauze", o termo em alemão para focinho, é usado para caracterizar a rispidez no trato considerada típica do berlinense.