Como os alemães dão boas-vindas aos recém-nascidos
Karina Gomes
14 de setembro de 2018
Quando um bebê nasce na Alemanha, a família prepara uma recepção especial para o novo membro, que inclui decoração em frente de casa, com o nome e a data de nascimento da criança.
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Ao caminhar por bairros residenciais na Alemanha, é comum ver placas com imagens de cegonhas ou de ursinhos simpáticos em frente a algumas casas. Além do desenho, a placa é acompanhada do nome e da data de nascimento do mais novo membro da família.
Na Alemanha, a chegada de um bebê não é comemorada apenas com o quadro decorativo em frente ao quarto no hospital e com lembrancinhas para os primeiros visitantes. É comum decorar as janelas e as portas para mostrar a todos que uma nova alemã ou alemãozinho chegou ao mundo. Afinal, a espera de nove meses foi longa.
Os pais, padrinhos, avós e amigos da família participam do ritual de recepção. "Willkommen Jonas” (Seja bem-vindo, Jonas), "Sara ist geboren!” (Sara nasceu!) são frases comuns vistas nas placas de boas-vindas. Além do pequeno texto, a placa é decorada com um varal cheio de roupas e meias de bebê, balões e corações.
Em vez de usar a figura da cegonha, também há a opção de colocar uma árvore em frente à porta decorada com pequenas meias, luzinhas, macacões e presentes para o bebê. Alguns pais investem pesado na decoração e criam um varal cheio de presentes conectado a todas as janelas da casa.
A ideia é ter tudo preparado antes de o bebê nascer. E o momento de tirar a placa de frente de casa é uma opção da família. Alguns objetos decorativos permanecem em frente às portas ou janelas até quando a criança já tem três, quatro anos de idade.
Na maioria das vezes, a decoração também é uma surpresa para a mãe na volta do hospital ou clínica de parto. Familiares preparam a placa de boas-vindas e uma grande festa para recepcionar a mais nova família. Uma forma doce de comemorar novos recomeços.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.
Ditados e expressões refletem o modo de pensar de uma cultura. Conheça os seis provérbios mais usados pelos alemães.
Foto: picture-alliance/dpa
"Es ist nicht alles Gold, was glänzt"
Corresponde ao nosso "Nem tudo o que reluz é ouro!". A origem deste provérbio remonta à peça "O Mercador de Veneza", de William Shakespeare. Ele significa que não se deve acreditar em tudo que se ouve ou se vê. Nada é tão valioso quanto parece. Nem mesmo gnomos dourados, provavelmente de produção barata.
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"Lieber den Spatz in der Hand als die Taube auf dem Dach"
"Melhor um pardal na mão do que uma pomba no telhado" é o mesmo que "mais vale um pássaro na mão do que dois voando". Ou seja, fique satisfeito com o que tem, mesmo que seja singelo, em vez de ambicionar algo grande, mas inatingível. Como muitos provérbios, este provavelmente se originou do Evangelho de Lucas na Bíblia: "Vocês valem muito mais para Ele do que um bando inteiro de pardais."
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"Fünf Minuten vor der Zeit ist des Deutschen Pünktlichkeit"
A pontualidade é tão importante para os alemães que eles têm até um provérbio em forma de verso rimado: "Cinco minutos antes da hora, esta é a pontualidade alemã".
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"Übung macht den Meister"
"Repetitio est mater studiorum", ou seja, a repetição é a mãe do estudo. Esta é a origem do provérbio alemão que, traduzido, significa "o treino faz o mestre". Variantes modernas são "Von nichts kommt nichts" (Nada vem do nada) ou "Ohne Fleiß kein Preis" (Sem dedicação não há prêmio). Tudo para dizer que é a dedicação que nos aperfeiçoa.
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"Wer anderen eine Grube gräbt, fällt selbst hinein"
A expressão alemã "Quem cava buracos para os outros acaba caindo neles ele mesmo" tem origem no Velho Testamento. Ela adverte "Não faça aos outros o que você não quer que façam a você".
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"Perlen vor die Säue werfen"
Somente com a tradução de Martinho Lutero a Bíblia para o alemão, a expressão "Pérolas aos porcos" começou a ser difundida. Ela é mencionada na Bíblia, mas talvez sua origem remonte à Antiguidade. O provérbio adverte que não se deve desperdiçar coisas com pessoas que não sabem valorizá-las. Afinal, porcos não sabem o que fazer com pérolas.