Anne Hoffmann / Elena Tairis (af)17 de setembro de 2015
Sudoku e palavras cruzadas não são suficientes. Um bom exercício para o cérebro deve quebrar hábitos rotineiros, com atividades como ler o jornal de trás para frente e fazer a conta do mercado de cabeça.
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Dizem que Sudoku e palavras cruzadas fazem bem para a cabeça. Na verdade, essas atividades dificilmente contribuem para melhorar a memória ou aumentar a capacidade de raciocínio. Elas servem apenas para treinar habilidades necessárias para realizar esses exercícios ou similares. Quando os enigmas viram rotina, o cérebro recorre às conexões nervosas já existentes, em vez de fazer novas.
Um bom treinamento para a memória envolve lidar com diferentes técnicas e variar sempre os exercícios. Quando há o desvio de um hábito, o cérebro cria novas conexões. A pessoa pode, por exemplo, ler o jornal de trás para frente alguns dias ou, quando for ao supermercado, somar os valores da compra de cabeça.
Quem quiser manter a memória afiada, deve se aventurar no desconhecido, como, por exemplo, aprender malabarismo ou uma nova língua. As informações complexas novas estimulam exatamente a região do cérebro mais ameaçada de degradação com o passar do tempo.
Aqueles que aprendem um instrumento também fazem um bom exercício. Ao tocar uma música, muitas partes diferentes do cérebro são ativadas, por exemplo, as áreas de habilidades motoras e de escuta e estruturas da memória, como a de planejar com antecedência.
Campeonato de memória
Althea Heidemüller, vice-campeã júnior no Campeonato Alemão de Memória, treina num internato particular, com aulas em grupo e individuais.
Em um minuto, de quantos números Althea consegue se lembrar na ordem certa? Seu treinador, Steffen Bütow, cronometra, e a jovem usa fones de ouvido para manter a máxima concentração. O resultado: 26 números. A maioria das pessoas consegue se lembrar apenas de dois a seis.
Para guardar tantas coisas na cabeça, Althea usa o método do Palácio da Memória — também chamado de método de loci (plural de locus, "lugar" em latim). Com base em objetos de uma sala, Althea imagina um circuito, em que cada item "recebe" um número. Assim, ela associa os números a objetos.
O 46, por exemplo, é um cone, que, na imaginação de Althea, é colocado sobre a escultura do tio Fritz. "O velho tio Fritz queria ter um chapéu, mas as lojas de chapéu já tinham vendido tudo. Quando ele estava voltando para casa, viu um cone na rua e pensou que era um chapéu bonito que alguém, provavelmente, havia perdido. Então, ele pegou o cone e levou com ele. Por isso que ele tem um cone na cabeça", conta.
Com esse método, Althea consegue se lembrar de cem números em dez minutos. "Ela já tem um talento especial, uma memória naturalmente muito boa, e com as técnicas é possível memorizar três ou quatro vezes mais do que sem elas", diz o treinador.
Mais que um passatempo
Uma vez por semana, Althea e outros alunos se reúnem na Associação da Memória. Lá, eles treinam a "memorização de cartas", outra disciplina do campeonato.
Os alunos têm cinco minutos para memorizar a sequência correta de cartas. Althea consegue acertar perfeitamente a ordem de 52 cartas.
"É um pouco mais do que um passatempo, caso contrário, não faríamos isso, porque exige muito da gente e toma tempo", diz a jovem. "Quero ser campeã do mundo um dia."
Dez dicas para estudar na Alemanha
A Alemanha está se tornando um destino cada vez mais atraente para estudantes de diversos países, mesmo aqueles com tradição em receber estrangeiros nas suas universidades, como Inglaterra e Estados Unidos.
Foto: DAAD/Volker Lannert
Gratuidade relativa
Depois de longo impasse e muitos protesos, os Estados alemães aceitaram, no ano passado, abolir as mensalidades em várias universidades. Mas só fica livre do pagamento de taxas quem se candidatar para cursos específicos nas universidades públicas, aceitar e quiser estudar sob as mesmas condições que os estudantes alemães - com todos os desafios inerentes.
Foto: Fotolia/N-Media-Images
Controle sua tendência “workaholic”
O visto para estudante limita a permissão de trabalho. Estudantes sem passaporte da União Europeia podem trabalhar anualmente 120 dias em tempo integral ou 240 em tempo parcial. Durante o semestre, estudantes devem somente trabalhar 20 horas por semana. Comparando com EUA e Inglaterra, aluguel, alimentação, seguro saúde e transporte público são mais baratos.
Foto: DW/M. Soric
Candidatura de bolsas
Se você é talentoso na sua área e assíduo em candidaturas, deve haver uma fonte de financiamento esperando por você para estudar na Alemanha. O DAAD – Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico - é uma instituição pública e oferece diversas possibilidades de auxílio para estrangeiros. Existem também fundações com bolsas especiais. A bolsa ajuda o estudante ser aceito na universidade.
Foto: DAAD - Chile
A luta dos imigrantes é real
Se voce não for cidadão europeu, certamente terá que dedicar bastante tempo ao Ausländerbehörde (o serviço de imigração). Você será responsável por resolver questões fundamentais para a sua permanência no país, como arranjar um seguro de saúde, provar suas condições financeiras, encontrar um apartamento, registrar-se na prefeitura, renovar o visto e manter esses documentos organizados.
Foto: AP
Não tema formulários
Você precisará se acostumar com papeladas e formulários diversos, convenções e linguagem burocrática. Tenha sempre a cópia de tudo. Ser organizado e rápido para acessar seus documentos vai ser um ponto importante a seu favor em situações concretas - desde negociações para um visto até eventuais problemas com apartamentos alugados.
Foto: picture-alliance / dpa/dpaweb
Falar alemão ajuda
Na maioria das cidades alemãs, você poderá viver sem saber a língua local. Muitos cursos nas universidades estão disponíveis inclusive em inglês. Contudo, a sua vida será mais fácil se você dominar o idioma alemão. Isso auxiliará em situações do quotidiano – desde lidar com servidores públicos até fazer amigos. Se você decidir trabalhar, a fluência será clara vantagem.
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As universidades não vão paparicar você
Muitas universidades privadas no Brasil costumam pegar os estudantes pelas mãos e quase implorar para que concluam seus trabalhos no final do semestre. Não é bem assim que o ensino superior alemão funciona. Você terá retorno se investir tempo e energia. Enquanto alguns cursos são mais expositivos - com avaliação da participação em aula e apresentação de seminários - outros fazem exames finais.
Foto: DW/J. Albrecht
Diversos tipos de acomodações
Algumas universidades alemãs têm residências oficiais para estudantes a seu modo - pode ser uma pequena “vila de estudantes” (Studentendorf) ou blocos de apartamentos localizados na zonas urbanas, que oferecem um quarto simples. Você pode também tentar partilhar um apartamento, ingressando em uma WG (Wohngemeinschaft). Esta pode ser uma boa alternativa para fazer amigos e aprimorar o idioma.
Você não será o primeiro
Não interessa a crise existencial que o afete – seja problemas com o visto ou o ingrediente “exótico” daquela comidinha caseira: alguém em algum fórum de discussão sobre a Alemanha já começou um debate espirituoso sobre o tema. Crie o costume de fazer buscas simples nestes fóruns antes de pedir dicas. Poucas coisas irritam mais os sabichões expatriados do que perguntas redundantes.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Bozoglu
Atenção: você pode querer ficar para sempre
Você terminou o curso e agora só vai querer ficar mais um tempinho, relaxar um pouco na Alemanha, talvez trabalhar e depois voltar para casa para se estabilizar financeiramente, certo? Talvez. Ou você pode se apaixonar perdidamente pela Alemanha. Então vai ter de enfrentar o dilema de dizer permanentemente Tschüss para a sua terra natal ou partir o seu coração por deixar um país encantador.