Companhia lança voo internacional mais curto do mundo
4 de novembro de 2016
Passageiros percorrem os 20 quilômetros que separam a cidade suíça de St. Gallen da alemã Friedrichshafen em apenas oito minutos. Ambientalistas criticam necessidade da rota e poluição gerada.
Foto: People's Viennaline
Anúncio
Uma coisa é certa: não há nem tempo para tomar um copo de suco de tomate no voo que liga o aeroporto de St. Gallen, na Suíça, a Friedrichshafen, no extremo sul da Alemanha.
O voo da companhia aérea austríaca People's Viennaline, que custa 40 euros e começou a operar nesta semana, dura apenas oito minutos. A rota tem somente 20 quilômetros e, de carro, margeando o Lago de Constança, levaria apenas uma hora.
O serviço entre os aeroportos foi lançado nesta semana e não tem como alvo apenas viajantes entre as duas cidades, mas também aqueles que queiram seguir viagem de Friedrichshafen para o aeroporto de Colônia-Bonn, ou de St. Gallen para Viena. A empresa oferece o voo entre St. Gallen e Friedrichshafen duas vezes por dia.
E o meio ambiente?
A empresa aérea se gaba em seu site por oferecer "o voo comercial internacional mais curto do mundo". Um usuário do Twitter apontou, porém, um problema: que sentido tem o voo a partir do ponto de visto ecológico?
De fato, ambientalistas tanto da Suíça quanto da Alemanha têm uma visão extremamente crítica sobre o curtíssimo voo. "Ele é totalmente supérfluo", diz Sylvia Pilarsky-Grosch, chefe da ONG ambiental Bund no estado alemão de Baden-Württemberg.
Ela afirma que particularmente a decolagem e a aterrissagem requerem elevado uso de combustível e provocam emissão de gases poluentes.
Viajantes com destino ao aeroporto de Colônia-Bonn, por exemplo, podem pegar um trem rápido ou se dirigir para Zurique e voar de lá, argumenta Pilarsky-Grosch.
A companhia aérea diz que o voo é neutro quanto às emissões, apontando que dirigir ao redor do lago por uma hora libera tanto gás carbônico quanto o voo de curta duração.
Voos de curta e longa duração
O voo doméstico mais curto do mundo, operado pela Loganair, faz a rota entre Westray e Papa Westray, nas Ilhas Orkney, na Escócia. Ele dura apenas 47 segundos se as condições de vento estiverem ideiais.
Em contraste, o título de voo internacional mais longo em termos de tempo é operado pela Emirates, entre Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e Auckland, na Nova Zelândia. O trajeto de 14,2 mil quilômetros leva mais de 17 horas.
O voo mais longo em termos de quilômetros percorridos, sem escala, pertence atualmente à Air India, e vai da cidade indiana de Nova Déli a São Francisco, nos EUA. Os 15,3 mil quilômetros são percorridos em 14,5 horas –, já que na rota sobre o Pacífico os ventos fortes e na mesma direção do avião encurtam o tempo de voo.
FC/dw/ots
O primeiro avião de passageiros "made in China"
Em um impulso significativo nos esforços para se aproximar de países industrializados na área de produtos de alta tecnologia, China apresenta o primeiro avião de passageiros produzido no país.
Foto: Reuters
Um marco significante
A Commercial Aircraft Corp. (Comac) apresentou em 2 de novembro sua nova criação para o mundo: o jato C919. A aeronave de corredor central único, que pode acomodar até 168 passageiros e tem um alcance de até 5.555 quilômetros, foi exibida em Xangai. "O lançamento do primeiro C919 é um marco significativo no desenvolvimento do primeiro avião chinês", disse o chefe da Comac, Jin Zhuanglong.
Foto: picture-alliance/dpa
Cerimônia pomposa
Cerca de 4 mil funcionários do governo e outros convidados estiveram presentes na cerimônia que ocorreu num hangar próximo ao Aeroporto Internacional Pudong, de Xangai. Um pequeno rebocador puxou a aeronave de 39 metros de comprimento, saindo de um espaço decorado com uma enorme bandeira da China.
Foto: picture-alliance/AP Photo
O primeiro atraso
O desenvolvimento do bimotor C919 começou em 2008. Os planos eram de que o primeiro voo fosse em 2014, e a participação em rotas comercias, em 2016. Mas as metas foram postergadas devido a atrasos na produção. É esperado agora que a aeronave esteja em serviço somente em 2019, no mínimo.
Foto: picture-alliance/dpa
Apoio estrangeiro
Embora o C919 tenha sido produzido na China, muitos dos equipamentos cruciais do avião, como motores e aviônica (parte eletrônica a bordo de aeronaves), estão sendo fornecidos por empresas estrangeiras ou joint ventures entre empresas chinesas e fabricantes ocidentais.
Foto: picture-alliance/dpa
Mercado de 800 bilhões
A China é um dos maiores mercados da aviação do mundo, com a Boeing projetando a demanda total do país por aeronaves civis ao longo das próximas duas décadas a valer mais de 800 bilhões de dólares americanos. Há um bom tempo, Boeing e Airbus vem olhando para o lucrativo mercado e querem se posicionar como os principais fornecedores de aviões para a China.
Foto: Getty Images/ChinaFotoPress
Reposicionamento no mercado
No entanto, a liderança da China tem se esforçado para fazer o país ser mais conhecido como fabricante de produtos de alta tecnologia do que de itens de baixo custo. O desenvolvimento do C919 é parte desses esforços de reestruturação.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eisele
Aumento na concorrência?
O C919 de corredor central único é destinado a competir com o Airbus A320 e o Boeing 737, não só na China, mas também em outros mercados mundiais. A Comac diz que já recebeu 517 encomendas, de 21 clientes diferentes. Enquanto a maioria dos pedidos vem de companhias sediadas na China, há também alguns de estrangeiras.
Foto: Getty Images/AFP/J. Eisele
Grande negócio
O lançamento do C919 ocorreu poucos dias depois de a Airbus ter assinado contratos com parceiros chineses para a entrega de 100 aviões de passageiros A320 e 30 aeronaves A330 no valor de 15,4 bilhões de euros. Os acordos foram assinados durante a recente visita da chanceler federal alemã, Angela Merkel, à China.