Compradora aceita pagar por obra desfeita de Banksy
11 de outubro de 2018
Vencedora de leilão pagará 1,04 milhão de libras esterlinas por restos de quadro parcialmente destruído logo depois de ser arrematado. Colecionadora diz que tem agora "pedaço de história da arte".
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A compradora anônima da obra do artista britânico Banksy que se desfez num triturador de papel momentos depois de ser arrematada decidiu pagar os 1,04 milhão de libras esterlinas (cerca de 5,2 milhões de reais) ofertados no leilão pelos restos do quadro, anunciou nesta quinta-feira (11/10) a Sotheby's, em Londres.
"Quando o martelo caiu e a obra foi triturada, fiquei inicialmente chocada, mas gradualmente comecei a perceber que acabaria com meu próprio pedaço de história da arte", disse a compradora citada pela casa de leilões. Ela foi identificada apenas como uma colecionadora europeia e cliente de longa data da Sotheby's.
A obra Girl With Balloon se fez em tiras ao passar por um triturador de papel escondido na parte inferior da moldura, logo após a sua venda. Banksy, cuja verdadeira identidade é desconhecida, divulgou em sua conta oficial no Instagram uma imagem da ação. Após a destruição, a obra passou a ser chamada de Love is in the Bin (O amor está no lixo) e foi autenticada pela agência do artista.
"Banksy não destruiu uma obra no leilão, ele criou outra", afirmou Alex Branczik, diretor de arte contemporânea da Sotheby's.
A pintura em spray que se desfez, de 2006, retratava uma menina tentando alcançar um balão vermelho em forma de coração. Tratava-se de uma versão em tela de um grafite feito numa rua de Londres. A obra foi reproduzida inúmeras vezes e, em 2017, foi escolhida como a favorita dos britânicos.
A obra foi arrematada por um valor mais de três vezes superior ao estimado antes do leilão, equivalendo ao valor recorde já pago por uma obra do artista.
Original de Bristol, na Inglaterra, Banksy ficou famoso pelos grafites que pintou em diversas partes do mundo, de Londres à Palestina. Atualmente, ele é um dos artistas mais conhecidos do mundo. Além da garota com o balão em formato de coração, suas imagens, muitas vezes satíricas, incluem dois policiais se beijando e um chimpanzé com uma placa com os dizeres: "Ria agora, mas um dia eu estarei no comando".
CN/ap/dpa/afp
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Os ângulos retos característicos das suásticas viram base para um motivo colorido. A iniciativa PaintBack foi fundada em Berlim pelo artista de grafite e empresário Ibo Omari. A ideia nasceu em 2015, quando um freguês da loja de tintas para grafite de Omari quis comprar um spray de tinta para cobrir uma pichação nazista.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Kembowski
Pichando símbolos do ódio
Além de ser dono de uma loja de materiais para grafiteiros, Ibu Omari, de 37 anos, dirige um clube jovem que reúne crianças e adolescentes de origem alemã e imigrante para promoção de atividades diversas, incluindo arte de rua. "Nós, como artistas da rua, queríamos enviar a mensagem 'você está usando o grafite de forma abusiva', diz ele, para justificar a criação da iniciativa PaintBack.
Foto: picture alliance / dpa
Gato na janela
Omari e outros voluntários adultos usam os motivos criados pelos menores de seu clube para "embelezar" as suásticas. O grafite é aplicado quando alguma suástica é encontrada nas redondezas, após ser obtida uma autorização do dono da propriedade pichada. "Escolhemos imagens doces e atrevidas", diz ele.
Foto: Legacy BLN - Graffiti Culture & Art Tools
Coruja
A maioria dos motivos é desenhado por crianças, para que mesmo os iniciantes, que não são artistas de grafite, possam reproduzi-las facilmente. A ideia da iniciativa é responder aos símbolos nazistas, ícones do ódio e do preconceito, com "humor e amor'".
Foto: Legacy BLN - Graffiti Culture & Art Tools
Mosquito
A ação visa combater a tendência de aumento de pichações nazistas, que voltaram a se multiplicar, aparentemente alimentadas pelo afluxo de mais de um milhão de imigrantes após a chanceler Angela Merkel ter aberto as fronteiras em 2015. A agência de inteligência doméstica alemã registrou aumento de 7% dos crimes politicamente motivados em 2016, um terço deles foi tido como "crime de propaganda".
Foto: Legacy BLN - Graffiti Culture & Art Tools
Humor contra o preconceito
Omari, cujos pais fugiram do Líbano como refugiados quando ela ainda estava por nascer, disse que os jovens de seu clube são importantes para transformar em ação "os sentimentos de choque e impotência" provocados pelas pichações de suásticas. Assim, eles apagam, com humor, símbolos nazistas e, ao mesmo tempo, deixam suas próprias marcas em Berlim.