Comunicado final do G20 expõe divisão em relação ao clima
8 de julho de 2017
Após cúpula em Hamburgo, todos os países-membros do grupo exceto os EUA consideram Acordo de Paris irreversível. Merkel diz que decisão de Washington de abandonar pacto climático é "lamentável".
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A declaração final acordada neste sábado (08/07) pelos líderes do G20 reunidos em Hamburgo, na Alemanha, reflete uma divisão entre os Estados Unidos e os demais membros do grupo em relação ao Acordo do Clima de Paris.
"Tomamos nota da decisão dos Estados Unidos de se retirarem do Acordo de Paris", diz a declaração, em referência ao pacto que visa combater as mudanças climáticas. "Os líderes dos demais Estados-membros do G20 afirmam que o acordo é irreversível."
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, anfitriã da cúpula de dois dias do grupo das 20 maiores economias do mundo, disse estar satisfeita com a posição de todos os membros exceto os EUA, que se comprometeram a implementar o Acordo de Paris rapidamente.
"Acho que está muito claro que não chegamos a um consenso, mas as diferenças não foram escondidas, e sim claramente apontadas", comentou Merkel ao fim do encontro. Ela disse não compartilhar da visão da primeira-ministra britânica, Theresa May, que na sexta-feira disse acreditar que Washington pudesse decidir retomar o Acordo de Paris.
Aprovado no final de 2015, o pacto climático visa limitar o aumento da temperatura global ao teto máximo de 2ºC em relação aos níveis da era pré-industrial. Abandonar o Acordo de Paris era uma das promessas de campanha do presidente americano, Donald Trump.
Neste sábado, Trump parabenizou Merkel pela condução do encontro de chefes de Estado e de governo em Hamburgo. "Você foi incrível e fez um trabalho fantástico. Muito obrigado, chanceler", disse Trump.
Merkel: "bons resultados"
Merkel destacou que, apesar da divisão em relação às mudanças climáticas, de discussões "difíceis" e da decisão "lamentável" dos EUA de abandonarem o Acordo de Paris, "bons resultados em algumas áreas" foram alcançados durante a cúpula.
Líderes do G20 posam para a tradicional foto
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Quanto ao comércio, outro tema-chave durante a cúpula de dois dias em Hamburgo, os líderes concordaram em "combater o protecionismo, incluindo todas as práticas comerciais injustas, e reconhecer o papel de instrumentos legítimos de defesa do comércio". O comunicado final afirma que o comércio deve sempre trazer vantagens mútuas.
Comunicados emitidos pelo G20 expressam intenções e depende de cada governo se estas serão seguidas. Ainda assim, os documentos acordados pelas 20 maiores economias do mundo dão o tom para a formulação de políticas globais e permitem que pressão seja exercida quando o que foi acordado não é cumprido.
Outros acordos fechados durante o encontro incluem um acordo para pressionar provedores de internet a detectarem e remover conteúdo extremista, visando o combate ao terrorismo.
A cúpula em Hamburgo também foi marcada por protestos anticapitalismo e antiglobalização. Apesar de a maioria dos manifestantes protestar de forma pacífica, alguns milhares provocaram caos na cidade, erguendo e incendiando barricadas, saqueando supermercados e atacando forças de segurança. Mais de 200 policiais ficaram feridos.
LPF/rtr/ap
Dez ações contra as mudanças climáticas
Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Foto: Getty Images/J. Sullivan
Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.