Conferência internacional em Bruxelas garante repasse de 15,2 bilhões de dólares ao país. Recursos serão destinados para o fortalecimento de instituições, a redução da pobreza e o combate ao terrorismo.
Anúncio
A comunidade internacional prometeu nesta quarta-feira (04/10) 15,2 bilhões de dólares para ajudar o governo do Afeganistão nos próximos quatro anos. O montante será destinado para fortalecer as instituições do país, reduzir a pobreza e combater o terrorismo.
O anúncio foi feito pelo comissário europeu para o Desenvolvimento e Cooperação Internacional, Neven Mimica, no final de uma conferência que tratou do tema e reuniu em Bruxelas 75 países e 26 organizações internacionais. "As promessas [de doação] ultrapassaram nossos melhores cenários", ressaltou Mimica.
Sem a ajuda internacional, o governo afegão é capaz arcar somente com 20% de seu orçamento anual. Há 15 anos, desde a intervenção dos Estados Unidos e da Otan no país, Cabul depende deste reforço financeiro.
"Alguns disseram que haveria fadiga entre os doadores, mas o resultado foi impressionante", avaliou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini. O bloco prometeu contribuir com 5,6 bilhões de dólares. "Nosso projeto comum se converteu em programas para melhorar a vida das pessoas", acrescentou.
A comunidade internacional reafirmou o compromisso de manter os níveis das doações até 2020. O valor alcançado foi ligeiramente inferior ao montante prometido na conferência de Tóquio, em 2012, quando 16 bilhões de dólares foram arrecadados para o país e repassados entre 2012 e 2015.
A conferência contou com a participação do secretário de Estado americano, John Kerry, que pediu aos talibãs no Afeganistão para selarem uma paz "honrada" com as autoridades de Cabul, para garantir a reconstrução do país, em guerra há décadas.
"É um dia notável", disse o presidente afegão Ashraf Ghani, reafirmando o compromisso para combater a corrupção, a fim de alcançar a liberação dos recursos prometidos ao país.
CN/efe/lusa/ap
O Afeganistão moderno está no passado
O regime do Talibã reprime os direitos humanos, sobretudo das mulheres, na sociedade afegã, dominada pelos homens. Mas houve um tempo em que as mulheres circulavam livremente - e se vestiam como bem entendiam.
Foto: picture-alliance/dpa
Médicas aspirantes
Esta foto, tirada em 1962, mostra duas estudantes de medicina da Universidade de Cabul, ouvindo a professora enquanto examinam uma peça de gesso que representa uma parte do corpo humano. Naquele tempo, mulheres tinham um papel ativo na sociedade. Tinham acesso à educação e podiam trabalhar fora de casa.
Foto: Getty Images/AFP
Estilo nas ruas de Cabul
As fotos mostram duas jovens vestidas ao estilo ocidental, em 1962, do lado de fora do prédio da Rádio Cabul, na capital do país. Hoje em dia, com os fundamentalistas talibãs no poder, as mulheres são obrigadas a usar a burca, cobrindo o corpo totalmente quando estivessem em público.
Foto: picture-alliance/dpa
Direitos nem sempre iguais
Em meados de 1970, era comum ver estudantes do sexo feminino nas instituições de ensino afegãs - como a Universidade Politécnica de Cabul. Mas 20 anos depois, o acesso das mulheres à educação no país foi completamente bloqueado. Isso mudou apenas no fim do primeiro regime talibã, em 2001. Por duas décadas, as mulheres puderam estudar - até os fundamentalistas voltarem ao poder, em 2021.
Foto: Getty Images/Hulton Archive/Zh. Angelov
Informática na juventude
Nesta foto, uma instrutora soviética dá aula de informática para estudantes do Instituto Politécnico de Cabul. Durante os anos de ocupação soviética no Afeganistão, de 1979 a 1989, a cena era comum em diversas universidades do país.
Foto: Getty Images/AFP
Encontro de estudantes
Esta foto de 1981 mostra um encontro informal de estudantes em Cabul. Em 1979, a invasão soviética levou o Afeganistão a dez anos de guerra. Quando os soviéticos se retiraram, a guerra civil tomou conta do país e terminou com a ascensão do Talibã ao poder, em 1996.
Foto: Getty Images/AFP
Escola para todos
A foto mostra moças afegãs do ensino médio em Cabul no tempo da ocupação soviética. Durante o regime talibã, instaurado poucos anos depois, meninas foram barradas das escolas e tiveram acesso à educação negado. Elas também foram proibidas de trabalhar fora de casa.
Foto: Getty Images/AFP
Sociedade de duas classes
Nesta foto tirada em 1981, uma mulher com o rosto à mostra, sem lenço, pode ser vista com suas crianças. Cenas como essas se tornaram raras. Mesmo após 15 anos da queda do regime talibã, mulheres continuam lutando por igualdade em uma sociedade dominada pelos homens. Por exemplo, existe apenas uma motorista de taxi em todo o país.