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Afeganistão

5 de dezembro de 2011

Em conferência em Bonn, comunidade internacional promete manter o apoio ao Afeganistão durante os dez anos posteriores à saída das tropas internacionais do país, mas cobra avanços no combate à corrupção e ao tráfico.

Evento em Bonn discutiu o futuro do AfeganistãoFoto: dapd

A comunidade internacional prometeu nesta segunda-feira (05/11) continuar apoiando financeiramente o Afeganistão durante os dez anos posteriores à saída das tropas internacionais do país, agendada para 2014, mas cobrou contrapartidas, como o combate à corrupção e ao tráfico de drogas, além de reformas políticas.

Dez anos após a primeira Conferência sobre o Afeganistão, cerca de mil delegados de 85 países e de 15 organizações discutiram em Bonn, na Alemanha, o futuro do Afeganistão após a retirada das tropas internacionais.

Os países participantes concordaram em apoiar financeiramente a reconstrução do Afeganistão durante uma "década de transformação", até 2024. Por sua vez, o governo afegão se comprometeu a combater a corrupção e lutar pelo progresso do Estado de Direito no país.

Além da Alemanha, a União Europeia (UE) e os EUA, entre outros, se comprometeram a fornecer ajuda a longo prazo. O âmbito exato do auxílio econômico deverá ser discutido numa conferência dos países doadores agendada para o próximo ano em Tóquio.

Porém, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, anunciou durante a conferência a liberação de até 700 milhões de dólares para o Fundo Afegão de Reconstrução, instituição administrada pelo Banco Mundial. Os EUA e outros grandes doadores haviam congelado seus pagamentos em junho na sequência da decisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de interromper seu programa de ajuda, devido ao desvio e à corrupção dentro do Kabul Bank.

Clinton anunciou liberação de recursos congeladosFoto: dapd

Já a Alemanha apoia o Afeganistão até 2013 com cerca de 430 milhões de euros anuais.

Contrapartidas

Durante a Conferência de Bonn sobre o Afeganistão, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediram ao presidente afegão, Hamid Karzai, que dê prosseguimento à luta contra o tráfico de drogas e a corrupção no país.

Merkel também apelou para que haja avanços e mais esforços na política de reconciliação com o Talibã. "Somente os próprios afegãos podem resolver esse problema”, ressaltou.

Clinton exigiu reformas políticas e se referiu aos recursos limitados que os países doadores dispõem atualmente. Ele disse que as reformas políticas são condição para a ajuda financeira. "Muitos países aqui reunidos estão vendo que a comunidade internacional também tem que lutar contra suas restrições orçamentárias", sublinhou.

Fração dos atuais gastos militares

Em seu discurso no início da conferência, Karzai disse que seu país dependerá de ajuda internacional pelo menos nos próximos dez anos. Entretanto, ele acrescentou que "os afegãos não querem se aproveitar da generosidade da comunidade internacional um dia além do absolutamente necessário".

Pouco antes do início da conferência, Karzai afirmara que seu país necessita de pelo menos 5 bilhões de dólares por ano de assistência internacional. Seu ministro das Finanças, Omar Sakhilwal, disse à margem da conferência que será necessária, após 2014, "uma fração" do valor atual dos gastos militares internacionais no país, que estariam, segundo ele, em mais de 100 bilhões de dólares por ano.

Merkel disse que o Afeganistão pode contar com o apoio da comunidade internacional, mesmo depois de 2014. No entanto, o foco passará a ser a formação de forças de segurança, a cooperação para o desenvolvimento econômico e o processo de reconciliação. O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, confirmou o apoio alemão ao Afeganistão até pelo menos 2024.

Tradicional foto dos líderes do encontro: dez anos após primeira conferência, evento reuniu delegados de 85 paísesFoto: dapd

O evento foi ofuscado pelo boicote do Paquistão. O governo em Islamabad cancelou sua participação em protesto ao ataque da Otan a dois postos militares, incidente que teria matado 24 soldados paquistaneses. Clinton lamentou a decisão. "A região inteira está interessada no futuro do Afeganistão e teria muito a perder se o Afeganistão se transformar novamente numa fonte de terrorismo e de instabilidade", alertou.

Merkel e presidente Karzai: cobrança por reformasFoto: dapd

Críticas à atuação militar

O Irã, outro poderoso vizinho do Afeganistão, esteve representado em Bonn, apesar da atual disputa em torno de seu programa atômico. O ministro do Exterior iraniano, Ali Akbar Salehi, pediu a retirada de todas as tropas estrangeiras do Afeganistão e afirmou que a presença delas não trouxe paz e segurança ao país.

Ele acusou os soldados internacionais de fazerem ataques a civis. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também alertou as tropas lideradas pela Otan para que não ponham as vidas de civis inocentes em perigo.

Nem todos os delegados compartilharam a avaliação confiante da Otan com relação à situação da segurança no Afeganistão. "Não acho que temos muitos motivos para otimismo, já que a situação no Afeganistão ainda é preocupante ", disse o ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov. De acordo com números da Otan, os ataques de insurgentes nos últimos meses diminuíram. Mas segundo estatísticas da ONU, a violência no Afeganistão voltou a aumentar dramaticamente este ano.

MD/afp/rtr/epd/dpa
Revisão: Alexandre Schossler

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