Comunistas vencem eleição na segunda maior cidade da Áustria
28 de setembro de 2021
Partido Comunista Austríaco recebe quase 29% dos votos no pleito municipal em Graz e desbanca legenda de centro-direita que governava a cidade. Vencedores agora negociam coalizão com verdes e social-democratas.
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A segunda maior cidade da Áustria, Graz, teve uma guinada inesperada à esquerda nas eleições municipais de domingo (26/09). O Partido Comunista Austríaco (KPÖ) recebeu a maioria dos votos e desbancou o centro-direitista Partido Popular Austríaco (ÖVP), atualmente no poder.
Tudo indica agora que Graz, de 290 mil habitantes e situada no sul do país, se tornará a primeira capital de um dos nove estados austríacos a ser governada pelos comunistas.
Segundo resultados preliminares, o KPÖ obteve 28,9% dos votos na eleição para o conselho municipal (corpo legislativo da cidade), ficando à frente dos conservadores do ÖVP, que conquistaram 25,7% – 12 pontos percentuais a menos que nas últimas eleições.
O prefeito de Graz, Siegfried Nagl, do ÖVP, anunciou logo após o resultado que deixaria o cargo, abrindo caminho para que os comunistas formem um governo. Ele estava no poder há 18 anos.
O KPÖ busca agora agora uma coalizão com os verdes (17,3%) e com o Partido Social‑Democrata da Áustria (SPÖ), que teve pouco menos de 10% dos votos, para formar um governo municipal. Uma aliança com o ÖVP estaria descartada.
Embora o partido já fosse a segunda maior força no conselho municipal de Graz, a líder dos comunistas na cidade, Elke Kahr, disse a repórteres que a vitória agora foi "mais que surpreendente".
"Algumas pessoas fazem promessas algumas semanas antes das eleições. Mas nós estamos lá todos os dias para o povo, durante anos, especialmente para os mais pobres", afirmou. "Defendo absolutamente uma visão de mundo e uma sociedade que une, e não divide."
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Inexpressivo a nível nacional
Em Graz, cidade com 220 mil eleitores, é frequente o Partido Comunista obter resultados eleitorais satisfatórios, em contraste com o resto do território austríaco, onde a força partidária é quase inexistente – nas eleições federais do ano passado, a legenda recebeu menos de 1% dos votos.
O apoio – e o crescimento de oito pontos percentuais nesta eleição em comparação com a anterior – se deve a anos de dedicação do KPÖ à comunidade de Graz, com enfoque nas questões locais, especialmente a política habitacional.
A falta de habitação e os altíssimos preços dos aluguéis são um tema que ganha cada vez ganha mais destaque nas discussões na Áustria e em outros países europeus.
Em Graz, o KPÖ levanta a bandeira e trabalha em prol dos inquilinos desde a década de 1990, tendo criado uma linha telefônica de emergência para socorrer inquilinos com problemas com os proprietários.
O histórico da cidade, porém, é outro. No passado, Graz já foi um reduto de nazistas ilegais e chegou a receber o título de "cidade do levante do povo" durante a era nazista.
Já mais recentemente, nos anos 70 e 80, o município foi governado durante uma década por um prefeito do ultradireitista Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), Alexander Götz (1973-1983).
Partido antivacina tem bons resultados
Outra surpresa nas eleições austríacas foi o desempenho de um novo partido criado para se opor às restrições impostas na pandemia de covid-19.
O Menschen-Freiheit-Grundrechte (MFG) conquistou um assento no parlamento do estado da Alta Áustria ao obter mais de 6% dos votos.
Segundo Michael Brunner, líder do partido, a principal preocupação da legenda é a proteção dos direitos fundamentais.
"Nossos antepassados lutaram muito por esses direitos e não vamos desistir", disse Brunner, que critica abertamente o uso de máscaras, a realização de testes de coronavírus e a vacinação de crianças e jovens contra a covid-19.
le/ek (AP, DPA, ots)
Falco, o austríaco que virou ícone mundial do pop
Falco conquistou as paradas mundiais em 1982 e chegou ao primeiro lugar nos EUA com uma homenagem a Mozart. O ícone pop da Áustria morreu há exatos 20 anos num acidente de carro.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kerstin
"Ele era um virtuoso, um ídolo do rock"
Definitivamente, Falco é um nome artístico bem melhor do que Johann "Hans" Hölzel. O cantor admirava muito o esquiador Falko Weißpflog, da antiga RDA. Por isso, Hölzel emprestou o nome do atleta e passou a se apresentar como Falco. Ficou famoso. Excêntrico, obstinado – um homem de terno e pomada nos cabelos, conhecido pelo estilo e pelos escândalos. Há muito tempo, Falco é uma lenda na Áustria.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kerstin
Quem precisa estudar música?
Seu primeiro instrumento foi um piano de cauda – e seu brinquedo preferido, um toca-discos. Mais tarde, ele tocou em bandas de punk rock que tinham nomes como "Umspannwerk" (estação de transformação) e "Drahdiwaberl", que coloquialmente quer dizer "oportunista". Falco tocava vários instrumentos. Abandonou o conservatório porque queria se tornar popstar. Emplacou seu primeiro sucesso em 1981.
Foto: picture-alliance/dpa
Topo das paradas
Inacreditável! O austríaco desconhecido com forte sotaque vienense estourou nas paradas alemãs fazendo rap – com batidas eletrônicas e de funk! Uma mescla que agradou muito aos fãs alemães, que levaram a música "Der Komissar" ao topo das paradas do país. Falco passou a ser convidado frequente nos maiores programas de TV da Alemanha – como na foto, com o apresentador Joachim Fuchsberger.
Foto: picture alliance
Falco e sua fiel banda
Uma figura tão ostensiva quanto Falco precisava de pessoas igualmente fascinantes à sua volta. Esta é sua banda – nos anos 1980. Os músicos se reúnem regularmente até hoje para tocar os maiores hits de Falco nas chamadas "Falco-Conventions" (convenções Falco). Hoje, todos têm cabelos curtos e deixaram de usar peruca.
Foto: picture-alliance/dpa/Kerstin
"Rock me Amadeus"
Em 1985, o filme "Amadeus" tinha acabado de estrear nos cinemas, contando a história de Mozart e retratando o compositor como punk excêntrico. Que inspiração para um músico vienense! Falco fez mais uma homenagem ao punk barroco com "Rock me Amadeus", canção na qual também descreve a si mesmo. "Rock me Amadeus" foi o primeiro hit em língua alemã a alcançar o topo das paradas americanas.
Foto: picture-alliance/dpa/Votava
Sucesso, estresse e drogas demais
O sucesso impulsionou Falco, e a Bolland & Bolland, sua equipe holandesa de produção, criou um hit após o outro com ele. Drogas e álcool eram os amigos sombrios do músico. A imprensa de fofocas sempre estava presente quando ele saía bêbado de uma discoteca ou caía no chão do lobby de um hotel. Mas, no show business, ele recebeu inúmeros prêmios.
Foto: picture-alliance/dpa/Votava
Letra polêmica
A letra da música "Jeanny" causou polêmica: uma moça sequestrada, maquiada, deitada sobre um altar e enfeitada com flores. Ela morreu ou dorme? Ao lado dela, o sequestrador e um cenário inspirado no filme "M, O Vampiro de Düsseldorf", de Fritz Lang. Críticos falaram em incitação à violência. Muitas estações de rádio se recusaram a tocar a música. Mesmo assim, ela chegou ao topo das paradas.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Schmit
Fim de uma era
Falco se apresentou no Japão e planejava uma turnê pelos EUA. Mas, de repente, desistiu da carreira e abandonou os palcos. Seus discos seguintes só fizeram sucesso na Áustria. Em 1992, com "Titanic", ele reeditou sucessos do passado, e conseguiu uma volta inesperada em 1995 com a canção tecno "Mãe, chegou o homem com a cocaína". Em 1996, saiu "Naked", último título lançado durante sua vida.
Foto: picture-alliance/dpa
Morte no paraíso
Falco escolheu a República Dominicana para viver. No país caribenho, ele bateu seu jipe num ônibus no dia 6 de fevereiro de 1998 e morreu imediatamente. A autópsia mostrou que ele bebeu muito, fumou maconha e cheirou cocaína. As especulações em torno de sua morte não tardaram: foi suicídio? Vinte anos depois, as circunstâncias ainda não foram completamente esclarecidas.
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"Falco não morreu"
Duas décadas depois de sua morte, os fãs de Falco ainda comemoram seu aniversário ou lembram o dia de sua morte no mundo todo. No seu aniversário de 50 anos, foi lançado um álbum-retrospectiva. Em 2013, foi encenada uma peça de teatro sobre sua vida. Em 2017, ano em que faria 60 anos, foi a vez de "Falco 60", com as melhores músicas, videoclipes inéditos, faixas raras e remixes de famosos DJs.
Foto: picture-alliance/dpa
O maior popstar da Áustria
Não dá para ignorar o túmulo de Falco no cemitério central de Viena. O obelisco em homenagem ao músico tem três metros de altura. A placa de vidro com sua imagem lembra sua obra artística. A lápide se tornou centro de peregrinação para seus fãs e para turistas que visitam Viena.