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Concluída a reconstrução externa da Frauenkirche de Dresden

(am)22 de junho de 2004

A Frauenkirche, em Dresden, recupera a sua torre com a cruz dourada. A reconstrução milionária da igreja devolve à "Florença do Elba" a sua silhueta tradicional e torna-se marco da reconciliação teuto-britânica.

A cópia da cruz dourada (dir.) coroa agora a cúpula da torre da FrauenkircheFoto: AP

Uma importante etapa da reconstrução da igreja Frauenkirche, de Dresden, está sendo cumprida nesta terça-feira (22/6): o assentamento da cúpula da torre, com a sua cruz dourada. Assim, o templo protestante recupera finalmente a sua aparência original e Dresden, a sua silhueta tradicional. A cúpula e sua cruz pesam 25 toneladas, exigindo um guindaste especial para alçá-la a uma altura de 78 metros.

Mais de 59 anos depois da sua completa destruição, a silhueta da igreja barroca voltou a dominar o centro histórico de Dresden com todo o seu esplendor. A partir de agora, os trabalhos de reconstrução concentram-se no interior do prédio e deverão estar concluídos até meados do ano que vem. A reinauguração da Frauenkirche está prevista para o dia 31 de outubro de 2005.

A igreja Frauenkirche

A igreja Frauenkirche foi construída em Dresden entre os anos de 1726 e 1743, seguindo os planos do mestre do barroco George Bähr. Com a sua cúpula de arenito, em forma de sino, ela destacou-se na silhueta de Dresden durante mais de 200 anos e era considerada um dos mais importantes edifícios sacros do protestantismo. Além de ser a mais alta igreja luterana da Alemanha, medindo quase 97 metros do solo à ponta da cruz dourada sobre a torre.

A foto mostra dois dos sete sinos da Frauenkirche, que também foram reconstruídos na sua forma originalFoto: AP

Pouco antes do final da Segunda Guerra Mundial, a Frauenkirche foi destruída nos bombardeios ingleses e americanos de Dresden a 13 de fevereiro de 1945. Quando o ataque cessou, a cidade e também a sua igreja estavam quase inteiramente destruídas. O que ainda estava de pé na Frauenkirche ruiu dois dias depois.

A ruína perdurou como um símbolo e uma advertência contra os horrores da guerra. A partir de 1982, milhares de cidadãos de Dresden passaram a reunir-se anualmente diante das ruínas, sempre no dia 13 de fevereiro, para protestar contra a corrida armamentista entre o Pacto de Varsóvia e a Otan. A Frauenkirche tornou-se assim um símbolo do movimento pacifista na antiga Alemanha Oriental.

Reconstrução

Depois da queda do Muro de Berlim, o músico Ludwig Güttler lançou uma iniciativa pela reconstrução da igreja. O seu "Apelo de Dresden" não despertou apenas entusiasmo: muitos críticos protestaram contra uma eventual reconstrução da Frauenkirche, apoiando-se em argumentos políticos, financeiros e históricos.

Em abril de 2004 foi colocada a última pedra na reconstrução externa da igreja: só faltava então a cúpula da torre com a sua cruz douradaFoto: AP

Apesar disso, as obras foram iniciadas já em maio de 1994, financiadas majoritariamente por doações. O objetivo foi, desde o início, uma reconstrução que seguisse à risca os planos originais de George Bähr. Mais de 3600 pedras originais de arenito foram retiradas dos escombros, recuperadas e utilizadas na restauração da fachada. Suas "cicatrizes" relembram o destino da Frauenkirche.

Em abril deste ano, foi colocada a última pedra da torre de 78 metros de altura. As obras externas da igreja ficam encerradas nesta terça-feira, com a colocação da cúpula e da cruz dourada.

Reconciliação

A cruz dourada sobre a torre tornou-se, ao mesmo tempo, um símbolo da reconciliação entre a Grã-Bretanha e a Alemanha. A perfeita cópia da cruz original foi feita pelo artista londrino Alan Smith, cujo pai participou – como piloto – dos bombardeios de Dresden. Segundo Smith, se ainda vivesse, seu pai ficaria muito feliz com a reconstrução da Frauenkirche: "Meu pai não falava muito sobre Dresden". Ele sabia que era moralmente errado bombardear Dresden daquela maneira, mas acabou cumprindo as ordens, afirma o filho.

A reconstrução da igreja, que deverá custar um total de quase 130 milhões de euros, só foi possível com as doações e o engajamento de pessoas em todo o mundo. Papel destacado teve a iniciativa britânica Dresden Trust, presidida pelo duque de Kent, um primo da rainha Elizabeth II. Ele será também um dos principais convidados de honra nas solenidades de reinauguração da Frauenkirche em 2005.

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