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Afeganistão

1 de novembro de 2009

Poucos dias antes do planejado segundo turno das eleições presidenciais afegãs, Abdullah Abdullah, ex-ministro do Exterior e concorrente do presidente Hamid Karzai, desistiu de participar do pleito.

Abdullah afirmou não ter conclamado seguidores a boicotar eleiçãoFoto: AP

"Não participarei das eleições em 7 de novembro", declarou Abdullah neste domingo (01/11) em Cabul. O ex-ministro afirmou estar protestando contra as "atitudes inadequadas" do governo Karzai e da controversa comissão eleitoral.

Neste sábado (31/10), esgotou-se o prazo dado por Abdullah ao governo afegão para que demitisse o chefe da comissão eleitoral e outros ministros. Abdullah afirmou temer que as "enormes fraudes eleitorais" do primeiro turno, realizado em 20 de agosto passado, venham a se repetir nas eleições agendadas para a próxima semana.

No sábado, o ex-ministro já havia ameaçado boicotar as eleições, caso os pré-requisitos para um pleito transparente não fossem preenchidos em um prazo de um dia. O rival do presidente Karzai declarou, no entanto, que não teria conclamado seus seguidores ao boicote.

Manipulação generalizada

Wahid Omar, porta-voz da presidência afegã, afirmou à rede de televisão Al Jazeera neste domingo que, apesar da desistência de Abdullah, o presidente Hamid Karzai pretende manter a data do segundo turno para o próximo sábado. Omar declarou que o "processo eleitoral" deve ser encerrado e que se deve garantir aos afegãos o direito de novamente ir às urnas.

Somente após pressão internacional, Karzai concordou com a realização de um segundo turno, embora não tenha atendido às exigências de Abdullah. No entanto, após as Nações Unidas terem constatado uma manipulação generalizada no primeiro turno em prol de Karzai, um segundo turno sem concorrência pode minar ainda mais a legitimação do presidente.

Paralisia política

Eleição sem concorrente pode enfraquecer legitimidade de KarzaiFoto: AP

O Afeganistão sofre há semanas de uma espécie de paralisia política. A segurança no país também piorou. Como fizeram no primeiro turno, através de diversos ataques e atentados, os talibãs já haviam anunciado que pretendem perturbar a realização do segundo turno das eleições em 7 de novembro.

Um presidente fraco no Afeganistão poderá piorar bastante as perspectivas de estabilização do país. EUA e Otan cogitam enviar mais tropas ao país, a fim de forçar um recuo dos talibãs, no momento revigorados, nove anos após terem sido expulsos do poder.

Eide e Clinton

O norueguês Kai Eide, enviado especial da ONU para o Afeganistão, lamentou a desistência de Abdullah. Em Oslo, Eide afirmou ser "triste que Abdullah tenha chegado a esta conclusão. Sei pessoalmente que a decisão foi antecedida por um longo período de reflexão e muitas discussões". Eide declarou que não se pode garantir que não haja fraude no segundo turno das eleições presidenciais afegãs.

Hillary Clinton, secretária de Estado norte-americana, declarou neste sábado, no entanto, que a desistência do ex-ministro Abdullah Abdullah de participar do pleito não colocaria em questão a legitimidade legal das eleições.

CA/dpa/afp/rtrs

Revisão: Soraia Vilela

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