1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Conferência do Clima entra em nova fase de luta contra mudanças climáticas

Nádia Pontes16 de novembro de 2012

Em Doha, governo brasileiro conta com a extensão do Protocolo de Kyoto de forma amistosa entre os países. A conferência deve marcar também o lançamento das negociações do novo pacto global para redução das emissões.

Foto: AP

A próxima Conferência do Clima vai marcar um novo capítulo na luta contra o aquecimento global. É o que governo brasileiro espera da COP 18, que começa em 26 de novembro, em Doha, capital do Qatar. A reunião vai definir como será o próximo período do Protocolo de Kyoto, previsto para entrar em vigor já em janeiro de 2013. A primeira fase do tratado que estabelece o corte de emissões de gases estufa nas nações industrializadas vence em 31 de dezembro desse ano.

O embaixador brasileiro que participará das negociações, Luiz Alberto Figueiredo, diz não contar com surpresas desagradáveis. "É pouquíssimo provável que o segundo termo de Kyoto não seja acertado nesta conferência", disse à DW Brasil. Segundo Figueiredo, ainda não está claro se o novo protocolo valerá por cinco ou oito anos, mas as negociações correm em um "bom clima".

Ainda assim, os tradicionais atritos entre países industrializados, emergentes e em desenvolvimento devem aparecer no Qatar. Sobre um nível maior de ambição dos negociadores emergentes, cobrado pela União Europa, Figueiredo rebate: "A Europa está pronta para aumentar de 20% para 30%? Ou seja, aumentar seu nível de ambição? Por que senão é muito estranho que eles queiram entrar em uma discussão para a qual eles não estejam preparados", ironizou a meta do bloco, que é de reduzir até 2020 em 20% as suas emissões com base em 1990.

Pacto global e a voz da ciência

A decisão sobre os ajustes do Protocolo de Kyoto ficou para a última hora. O debate espinhoso se arrasta desde a conferência de 2009, em Copenhague, que ficou famosa pelo fracasso nas negociações. Dos atuais 192 signatários do acordo, poluidores de peso, como Rússia e Canadá, já abandonaram a causa. União Europeia e Austrália continuarão firmes no segundo período. Juntas, as nações signatárias do primeiro período, que vigora desde 2005, são responsáveis por 63,7% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa. 

Figueiredo classifica a COP 18 como uma "conferência de implementação", ou seja, hora de colocar a discussão em prática. Além das regras do novo Kyoto, a reunião deve pavimentar a base para o próximo grande pacto de proteção climática, batizada de Plataforma de Durban. O documento foi assinado na África do Sul, em 2011, e vai definir metas obrigatórias de corte de emissões para todos os países. Nesta lista, que também inclui o Brasil, entram países como Estados Unidos e China, maiores poluidores da atualidade.

"Nós estamos fazendo exatamente o que o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) recomendou aos países industrializados, que é reduzir as emissões. É o que a ciência recomenda. Eu não posso dizer o mesmo dos países desenvolvidos. Estamos fazendo o nosso trabalho e esperamos que os outros façam o mesmo", respondeu Figueireido sobre a possível inclusão do Brasil em um acordo obrigatório.

As negociações para o pacto climático global que a Plataforma de Durban irá fundar só começam de fato no ano que vem. Essa nova ferramenta, que vai combater o aquecimento global, deve ser adotada até 2015 e começar a valer a partir de 2020. "Essa será uma nova página na história da UNFCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima)", classificou o embaixador Andre Correia do Lago, que chefia o departamento de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores.

Acordo obrigatório para reduzir emissões deve dividir opiniões entre paísesFoto: picture-alliance/dpa

Perto do limite

O próximo relatório do IPCC é aguardado com ansiedade. O órgão já indicou que o conteúdo, que será publicado entre 2014 e 2015, causará ainda mais estrondo que a última edição, lançada em 2007. A análise científica reunirá evidências de impactos irreversíveis provocados pelas mudanças climáticas no mundo, e indicará com mais precisão os efeitos previstos caso o planeta continue aquecendo.

O último documento afirmou que as temperaturas globais devem subir entre 1,8 ºC e 4,0 ºC até 2100, se o mundo continuar se movendo no atual ritmo – à base de combustível fóssil. Segundo a análise do IPCC, a regra para que o planeta não aqueça mais do que 2ºC é evidente: as emissões de CO2 não podem ultrapassar 450 partes por milhão. O nível atual é de 370.

Pular a seção Mais sobre este assunto
Pular a seção Manchete

Manchete

Pular a seção Outros temas em destaque