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Saúde

27 de setembro de 2007

Conferência reúne em Berlim os países doadores de recursos contra a malária, tuberculose e aids. A meta é aumentar as verbas destinadas ao setor da saúde nos países em desenvolvimento.

Mosquito transmissor da malária: problema grave em vários paísesFoto: picture-alliance /dpa

Michel Kazatchkine, diretor do Fundo Mundial da Luta contra a Aids, a Tuberculose e a Malária, afirmou antes da conferência que começa nesta quinta-feira (27/09), em Berlim, liderada pelo ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan que se espera que os países doadores destinem pelo menos 5,7 bilhões de euros entre 2008 e 2010 ao combate das três enfermidades, que podem ser letais.

Hoje, estima-se que seis milhões de pessoas estejam infectadas pela aids, tuberculose e malária, em todo o mundo. O Fundo Mundial, criado pelo Grupo dos 8 (países mais ricos do mundo e Rússia), estima que as verbas destinadas ao combate das três doenças pode ter salvado dois milhões de vidas desde sua implementação, no ano de 2002. O Fundo financia mais de 65% do combate à tuberculose e à malária em todo o mundo e contribui com 20% dos recursos destinados à luta contra a aids.

Kazatchkine salientou que a conferência que acontece na capital alemã deveria emitir sinais de esperança para os que participam da luta no combate às três enfermidades.

O governo alemão já prometeu deslocar aproximadamente 600 milhões de euros até 2010 para o Fundo, além de um adicional de 200 milhões de euros nos quatro anos seguintes, segundo informa a ministra alemã de Cooperação Econômica e Desenvolvimento, Heidemarie Wieczorek-Zeul.

"Todos saem ganhando"

Os fundos adicionais deverão ser utilizados na iniciativa Debt to Health (Dívida para a Saúde), que prevê o perdão de parte da dívida dos países em desenvolvimento, casos estes utilizem recursos, através do Fundo Global, a projetos na área da saúde. "A iniciativa é tão elucidativa, que você se pergunta por que está acontecendo só agora", diz Wieczorek-Zeul.

Na última quarta-feira (26/09), a Alemanha selou um acordo com a Indonésia, que prevê o perdão de 50 milhões da dívida externa do país, sob a condição de que Jacarta destine metade deste montante aos programas de saúde. O acordo-piloto deverá ter validade por dois anos, quando então países como o Paquistão, Quênia e Peru deverão também assiná-lo.

Segundo Wieczorek-Zeul, todos saem ganhando. "O Fundo Mundial ganha mais segurança no planejamento de sua importante tarefa, a Indonésia incrementa seu sistema de saúde e a Alemanha arca com sua responsabilidade no combate à aids, tuberculose e malária", afirma a ministra.

Alemanha precisa fazer mais

Críticos afirmam, porém, que a Alemanha poderia fazer muito mais para ajudar os países em desenvolvimento. Karl Addicks, especialista em desenvolvimento do Partido Liberal, de oposição, aponta a necessidade de um melhor monitoramento do Fundo Mundial. "Houve vários casos de traição da confiança e de uso de medicamentos usados após a data de validade", denuncia o parlamentar.

O dinheiro é gasto da forma como os países que o pedem querem gastá-lo. Eles criam os programas, baseados em suas necessidades e prioridades, e nós apenas checamos se esses programas respeitam, de fato, padrões de qualidade técnica – para sabermos se o dinheiro está sendo gasto da forma certa", explica Jon Lidén, do Fundo Mundial.

Claudia Roth, presidente do Partido Verde, ressalta que a Alemanha ainda está muito atrás em termos de participação no Fundo Global, se comparada a outros países industrializados. "O governo alemão deveria aprender com a França, que embutiu, por exemplo, um imposto nos bilhetes aéreos, destinado a fortalecer os países em desenvolvimento", lembra Roth. (sv)

Mais recursos deveriam ser destinados a programas de combate à aids
Heidemarie Wieczorek-Zeul, ministra alemã de Cooperação Econômica e DesenvolvimentoFoto: picture-alliance/dpa
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