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Holocausto: "Negar é absurdo"

Hardy Graupner (rw)13 de dezembro de 2006

Pesquisadores renomados participaram esta semana em Berlim de uma conferência sobre o Holocausto. Em contrapartida à conferência no Irã, o aspecto científico predominou na capital alemã.

Abertura de arquivos no Leste europeu ajudou pesquisadores do HolocaustoFoto: picture alliance/dpa

A conferência berlinense sobre o Holocausto foi organizada em questão de poucas semanas pela Agência Alemã de Formação Política e atraiu pesquisadores renomados do mundo inteiro. O mais famoso foi Raul Hilberg, da universidade norte-americana de Burlington, em Vermont.

Nascido em Viena, ele emigrou em 1939 para os Estados Unidos. Como soldado, veio à Alemanha em 1945, onde descobriu a biblioteca particular de Adolf Hitler, que guardou em caixas.

Negação ganha força com aumento das pesquisas

Graças às informações apuradas por Hilberg em meio século de pesquisa sobre o Holocausto, os cientistas dispõem hoje de uma ampla base de informações para avaliar a verdadeira dimensão da Shoá.

Em seus trabalhos, Hilberg ficou surpreso com o fato de que, em grande parte do mundo islâmico, inclusive no Irã, o Holocausto é propagado como um mito: "A pesquisa sobre o Holocausto ganhou impulso nos últimos anos, depois de décadas de preocupante desleixo com este assunto", disse o pesquisador.

"Observamos que, em reação à onda de pesquisas, aumentaram os esforços no sentido de negar completamente a Shoá", continuou Hilberg, que diz ter se acostumado às tentativas de negação do Holocausto.

Iraniana observa fotos do Holocausto durante a conferência em TeerãFoto: AP

"É interessante, no entanto, de onde elas partem atualmente. Do Irã, eu não teria imaginado isso assim. Mas as lideranças em Teerã devem ter motivos políticos para agir desta forma em relação ao Holocausto."

Conferência berlinense não foi reação a Teerã

Peter Longerich, do Centro de Pesquisas sobre o Holocausto da Universidade de Londres, fez questão de enfatizar que não há uma relação entre as conferências desta semana em Teerã e em Berlim.

Tal ligação, segundo ele, foi interpretada pela mídia. "Como pessoa que participa ativamente das pesquisas sobre o Holocausto, quero dizer que a conferência em Berlim de forma nenhuma pode ser vista como reação ao encontro em Teerã", disse Longerich. Ele salientou que a conferência em Berlim não foi convocada por causa da sistemática tentativa de outros em negar o Holocausto. "Negar o Holocausto é um projeto absurdo e os cientistas aqui reunidos não perdem tempo com isso."

Longerich informou os participantes da conferência na capital alemã sobre os resultados das pesquisas mais recentes sobre o genocídio dos judeus. Segundo ele, tem-se uma compreensão cada vez maior dos fatos ocorridos na época e seu contexto histórico. Uma importante contribuição para as pesquisas foi, segundo ele, a abertura dos arquivos do Leste europeu, nos anos 1990.

"Dispomos de um amplo quadro de informações sobre o Holocausto nos países onde o genocídio foi praticado, como por exemplo na antiga União Soviética e na Polônia, então ocupada pela Alemanha", disse Longerich. Estudos recentes trouxeram à tona as relações entre Holocausto e trabalhos forçados e a desapropriação sistemática dos bens de judeus.

Segundo Longerich, deveriam acontecer mais congressos deste tipo na Alemanha. Assim, segundo ele, se poderia analisar melhor os resultados dos trabalhos, que deveriam ser melhor disponibilizados a pesquisadores e à opinião pública.

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