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Confinamento anti-covid causa aumento de distúrbios infantis

30 de janeiro de 2021

Pediatras alemães alertam que restrições pela pandemia multiplicam anomalias psíquicas e físicas entre menores. Merkel reconhece que fechamento de escolas é carga para pais e crianças, e promete investir em reabertura.

Menina diante de poster dizendo "Direitos infantis" em alemão
Foto: Christoph Soeder/dpa/picture alliance

A Associação Nacional dos Médicos dos Seguros de Saúde Regulamentares (KNV) da Alemanha apelou para que se reabram o mais breve possível as escolas do país, inoperantes desde o início do ano devido às regras de confinamento para contenção do novo coronavírus.

"Desde já, pediatras e terapeutas juvenis relatam sobre um aumento maciço de crianças com anomalias comportamentais", comentou o diretor da instituição, Andreas Gassen, neste sábado (30/01), ao jornal Rheinische Post. Caso contrário, chances de formação estarão sendo destruídas. A seu ver, apesar de muitas pessoas se reunirem nas escolas, estas não se têm se caracterizado como focos de infecção.

Também o diretor da Clínica Pediátrica de Dortmund, Dominik Schneider, registra graves distúrbios psíquicos e físicos infantis devido às restrições pela pandemia de covid-19. Na emissora Deutschlandfunk, ele afirmou que em todas as classes sociais se observa um aumento de sobrecargas e enfermidades, como, por exemplo, depressões, distúrbios alimentares, aumento de peso ou comportamento patológico em relação a redes sociais e similares.

Merkel: dia a dia dos pais está extremamente duro

Em seu podcast semanal, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, reconheceu que é uma "enorme prova de força" para os responsáveis educar e ensinar em casa as crianças em idade de jardim-de-infância e ensino fundamental.

"Nós, do governo federal, estamos muito conscientes de quão duro atualmente é o dia a dia para muitos pais e filhos. Nenhum de nós subestima isso", assegurou. "Ainda não estamos a ponto de poder reabrir creches e escolas", admitiu, mas "quanto mais consequentemente nos comportarmos agora, atentando para as regras de higiene e usando máscaras, mais rápido isso será novamente possível".

Merkel reconheceu ser "amargo" crianças e adolescentes terem que abrir mão de tantas coisas que são importantes nessa fase da vida e trazem alegria: encontrar amigos, praticar hobbies, ir a festas, ou simplesmente aproveitar o dia despreocupadamente.

"Estamos investindo tudo para que creches e escolas sejam reabertas em primeiro lugar, a fim de devolver às crianças um pouco de seu quotidiano usual e desafogar as famílias", prometeu a chefe de governo em sua mensagem de vídeo.

Ela anunciou que, em "diálogos-cidadãos digitais", pretende conversar com mães e pais sobre suas experiências na pandemia, a fim de saber o que move os responsáveis por menores, e como Berlim pode continuar apoiando-os.

O confinamento rigoroso para contenção do vírus Sars-Cov-2, em que as aulas presenciais estão basicamente suspensas, prossegue na Alemanha até 14 de fevereiro. Não está claro se depois desse prazo haverá flexibilizações. Nos próximos dias, Merkel realizará uma cúpula de crise com os governadores dos estados alemães, a fim de estipular os passos futuros.

av (AFP, KNA, DPA)

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