1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
ConflitosArmênia

Armênia e Azerbaijão declaram lei marcial após confrontos

27 de setembro de 2020

Há cerca de 30 anos, armênios e azerbaijanos lutam pelo território fronteiriço de Nagorno-Karabakh, apesar de armistício declarado. Bombardeios e acusações recíprocas desencadeiam agora confrontos mais graves desde 2016.

Militares em tanque
Ambos os países declararam lei marcial neste domingo, em meio aos conflitosFoto: Aziz Karimov/Reuters

A Armênia e o Azerbaijão se acusaram mutuamente neste domingo (27/09) de iniciar confrontos mortais na região separatista de Nagorno-Karabakh, na fronteira entre os dois países, em meio a uma disputa territorial de décadas. Ao menos 23 pessoas foram mortas no conflito, considerado o mais grave em quatro anos.

Autoridades rebeldes afirmaram que 16 combatentes separatistas armênios foram mortos e mais de 100 ficaram feridos nos confrontos. Ambos os lados também relataram vítimas civis.

Enquanto o Azerbaijão condenou "veementemente" a investida militar da Armênia na região, o governo armênio convocou à "mobilização geral". Ambos os países declararam lei marcial, sob a qual lideranças militares assumem a posição de autoridades civis.

Em declaração divulgada no Twitter, o conselheiro do presidente do Azerbaijão, Hikmet Hajiyev, sublinhou que o país "condena veementemente o novo ato de agressão da Armênia". Acusando as Forças Armadas do país vizinho de terem violado o cessar-fogo bilateral, ele mencionou um "bombardeio que afetou áreas densamente povoadas por civis".

"Há relatos de mortos e feridos entre civis e militares", acrescentou Hajiyev, atribuindo a responsabilidade das ofensivas ao bloco armênio, por ter "deliberadamente atacado áreas residenciais".

Imagem disponibilizada por Ministério da Defesa armênio mostra destruição de tanque azerbaijanoFoto: Armenian Defense Ministry/AP/picture alliance

Já o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinian, fez um apelo à "mobilização militar geral" através do Facebook, exortando o pessoal ligado às Forças Armadas a se apresentar em suas comissões militares territoriais. Segundo o correspondente da DW em Erevan, numerosos cidadãos se reuniram no centro da capital armênia, dispostos a partir para o front.

Horas antes, o premiê denunciara em tuíte uma ofensiva do Azerbaijão "com ataques aéreos e de mísseis", anunciando o abate de dois helicópteros e três drones, assim como a destruição de três tanques.

Não há dados seguros sobre se os disparos partiram das forças governamentais armênias ou de rebeldes de Nagorno-Karabakh. Pashinian assegurou ainda que o Exército armênio tudo fará para "proteger a pátria da invasão".

Cidadãos armênios se dispõem a partir para a lutaFoto: Melik Baghdasaryan/Tass/dpa/picture alliance

Araik Harutyunyan, presidente da autoproclamada República de Nagorno-Karabakh, também declarou "lei marcial e mobilização militar" numa sessão parlamentar de emergência. O território é um enclave de etnia armênia no Azerbaijão, fora do domínio azerbaijano desde 1994. Ambos os lados mantêm forte presença militar ao longo de uma zona desmilitarizada que separa a região do resto do Azerbaijão.

O chefe da ONU, António Guterres, está "extremamente preocupado com a retomada das hostilidades" na região, informou um porta-voz em comunicado. "O secretário-geral apela veementemente aos lados para que parem imediatamente de lutar, diminuam as tensões e retornem a negociações significativas sem demora."

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também classificou como "altamente preocupante" o retorno da violência na região, afirmando no Twitter que "a volta imediata às negociações, sem pré-condições, é o único modo de seguir adiante".

Azerbaijão e forças rebeldes chegam a acordo de cessar-fogo

01:52

This browser does not support the video element.

O conflito armênio-azerbaijano data dos tempos soviéticos: em fins dos anos 80 a população majoritariamente armênia de Nagorno-Karabakh pediu para o território ser incorporado à vizinha Armênia. A subsequente guerra durou seis anos, causando cerca de 25 mil mortes. No fim, as forças armênias assumiram o controle do enclave.

Apesar de o conflito entre os dois países ter se concluído oficialmente em 1994, as tensões e confrontos na região separatista se mantiveram, mesmo com a assinatura de um cessar-fogo em 2016. Os atuais choques armados são os mais pesados desde então.

O Azerbaijão defende que a solução do conflito com a Armênia envolve necessariamente a libertação dos territórios ocupados, exigência que tem sido apoiada por várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A Armênia, por seu lado, apoia o direito à autodeterminação de Nagorno-Karabakh, defendendo a participação dos representantes do território separatista nas negociações para a resolução do conflito.

AV/afp,dpa,lusa,rtr,ap,dw

Pular a seção Mais sobre este assunto