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Conflito na Faixa de Gaza abala economia israelense

Bettina Marx, de Tel Aviv (fc)19 de julho de 2014

Crise armada reduz consumo e presença de turistas na região. Prejuízos vão crescer cada vez mais, com o avanço da ofensiva militar. Os setores afetados pedem ajuda ao governo, na tentativa de evitar demissões.

Foto: Reuters

Somente os custos da guerra contra o grupo radical palestino Hamas já oneraram o orçamento de defesa de Israel em mais de 1 bilhão de shekel (cerca de 200 milhões de euros). Uma quantia cujo reembolso o Exército deverá exigir em breve do governo israelense, supõe Eitan Avriel, da revista de economia The Marker.

Além disso, existem ainda os gastos do programa emergencial de auxílio aos habitantes do sul do país. Por exemplo, os pais que ficam em casa para cuidar dos filhos menores têm sua perda de rendimentos ressarcida pelo governo. Tal se deve ao fato de quase todos os acampamentos de férias de verão nos arredores da Faixa de Gaza estarem fechados, pois o tempo de pré-aviso de 15 segundos antes do lançamento de mísseis não é suficiente para colocar grandes grupos de crianças a salvo nos abrigos.

Menos consumo, menos turismo

"O governo já forneceu 400 milhões de shekel para ajudar as comunidades na região da Faixa de Gaza", informou Eitan Avriel na televisão israelense. A grande perda, porém, seria a redução do Produto Social Bruto (PSB): o consumo se reduziu à metade, de fato,e no sul ele entrou em colapso total.

Quantidade de turistas que visitam Tel Aviv diminiu dramaticamenteFoto: picture alliance/Robert B. Fishman

"Em Ashdod, Ashkelon e Sderot, as vendas chegaram a cair de 60% a 70%. No território de Tel Aviv, caíram aproximadamente um terço. No transporte público, houve perdas de 20%", enumerou o economista.

O setor de turismo foi especialmente afetado, explica Yossi Fatael, da Associação das Agências de Turismo. É verão no hemisfério norte, e normalmente a alta estação gera até 40% do rendimento anual. "As reservas foram totalmente suspensas e houve muitos cancelamentos. Isso resulta em prejuízos parecidos com os da segunda Guerra do Líbano, em 2006", diz Fatael. Por esta razão, sua entidade pediu ao governo que ajude o setor na realocação de pessoal e nos planos de previdência.

Relaxamento da proteção ao consumidor

A intenção é evitar a demissão dos funcionários que não são utilizados, dirigindo-os, em vez disso, a cursos de aperfeiçoamento e treinamento profissional. Para tal, os empregadores esperam contar com o auxílio do governo.

Faixa de Gaza tem sido alvo constante de mísseisFoto: DAVID BUIMOVITCH/AFP/Getty Images

Fatael ressalta que um afrouxamento da legislação de proteção do consumidor também pode ser útil. "Por exemplo, uma nova lei nos obriga a pagar indenizações em caso de atrasos ou cancelamento de voos. Nós reivindicamos agora que esse regulamento seja suspenso."

Além disso, o setor de turismo pede que o Estado disponibilize um aeroporto alternativo. O aeroporto internacional Ben Gurion de Tel Aviv é alvo do Hamas e já foi atacado, aponta Fatael. Nesses casos, os voos são desviados para Amã, na Jordânia, ou para Larnaca, no Chipre. Em vez disso, a Associação das Agências de Turismo sugere que o governo recorra ao aeroporto de Ovda – no deserto de Negev, 60 quilômetros ao norte de Eilat –, que quase não é utilizado.

Cidadão comum é que paga

Até agora, os prejuízos causados pela ofensiva na Faixa de Gaza se fazem sentir, em primeira linha, no comércio e na média empresa. No fim das contas, porém, a economia como um todo sofre com a redução do consumo, lembra Eitan Avriel. "Quando os comerciantes têm perdas, eles pagam menos impostos, e com isso a arrecadação estatal é menor."

Ele vê com preocupação as negociações orçamentárias para o próximo ano, que vão começar em breve. "Aí, o Ministério da Defesa – que, afinal, já exigiu 5 bilhões de shekel (1,8 bilhão de euros) a mais – vai esticar a mão de novo e certamente dobrar suas exigências."

O jornalista econômico está convencido que, por sua vez, os gastos adicionais e a redução da receita serão compensados com cortes dos benefícios sociais. Desta forma, quem acaba pagando pela guerra em Israel é o cidadão comum.

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