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Conflito no Líbano acentua diferenças entre potências ocidentais

(av)18 de julho de 2006

Os periódicos do Velho Continente comentam os desdobramentos no Oriente Médio. Pró-árabes ou pró-israelenses, reina o ceticismo quanto a uma guinada para melhor. O Ocidente não pode se dar ao luxo de ser mero observador.

Um 'novo Oriente' em chamas?Foto: AP

O jornal italiano La Stampa sintetizou assim, nesta terça-feira (18/07), a presente relação entre o Ocidente e o Oriente Médio em crise: "Apesar do consenso entre os países do G8, penosamente alcançado em São Petersburgo, as diferenças permanecem gritantes: Bush acusou a Síria e o Irã abertamente de serem a causa da violência do Hisbolá contra Israel. Entretanto, os dois países não foram mencionados no documento final, pois Putin, Chirac e Prodi levantaram veto. Sob tais condições, não será fácil chegar a um denominador comum no Conselho de Segurança da ONU".

O britânico The Guardian lamentou."Mais uma vez a voz dos europeus calou-se diante de uma crise internacional". Porém, nem tudo está perdido: "Caso uma tropa internacional de segurança seja realmente enviada ao Líbano, os governos europeus devem se engajar. A UE não pode observar inerte e entregar as decisões importantes aos Estados Unidos, enquanto a situação se agrava". Na véspera, o mesmo jornal ditava que "o tempo de apelar ao comedimento já passou, já que ambos lados não demonstram o menor sinal de exercê-lo".

Abrigo antibombas israelenseFoto: AP

Segundo o De Morgen, da Bélgica, até a Rússia se envolver na questão "era tarefa da União Européia frear Israel e manter uma aparência não partidária – no que o bloco europeu falhou. Quando Israel embolsa o dinheiro dos palestinos ou destrói usinas elétricas, a Europa se restringe a protestos verbais complacentes, quase inaudíveis, e pega o talão de cheques". O periódico continua, comparando a Europa a uma espécie de "Madre Teresa", que tenta "aliviar o sofrimento humanitário" e "pagar as contas de luz do hospital".

La Libre Belgique concentrou-se nas tensões entre os Estados da UE à luz do conflito. "O ministro alemão do Exterior, Frank Walter Steinmeier, declarou que não se pode confundir as provocações do Hisbolá com a reação israelense. O chefe da diplomacia holandesa, Bernard Bot, insistiu numa declaração 'equilibrada'. Alguns países, como Bélgica, Espanha, Luxemburgo ou Suécia, querem ir mais longe do que outros, como o Reino Unido e a Alemanha. [...] As novas tensões reforçaram as diferenças entre os europeus."

Quadro de pessimismo

O russo Kommersant protestou que "classificar como inadmissível o uso indiscriminado de violência não funciona no caso do Líbano". Segundo seus redatores, Israel não tinha alternativas para a atitude que tomou contra o Hisbolá. "Além de libertar reféns, os israelenses também têm que achar uma resposta fundamental para o problema do Hisbolá – uma tarefa difícil que ninguém pode resolver para eles."

Meninas israelenses escrevem mensagens em bombas para o HisboláFoto: picture-alliance

Na França, Le Figaro criticou os EUA por "nem mobilizar suas forças, quando a crise escalou após o seqüestro dos soldados israelenses, nem enviar um alto representante". O diário também considerou negativo o fato de os norte-americanos tentarem "tirar vantagens dessa dupla guerra contra os extremistas, dessa ruína de armas e sangue, pelo menos de civis".

Pessimista é o resumo da situação por La Repubblica. Para o jornal publicado em Roma não se trata "apenas" da eterna briga entre Israel e Palestina, mas sim de "um novo Oriente, que está em chamas". "Em poucos meses, a morte de Arafat, a retirada da Faixa de Gaza, a partida de Sharon, os desdobramentos no Irã, a retirada síria do Líbano, a crescente rivalidade entre xiitas e sunitas, além do caos no Iraque. Tudo isso, e ao fundo a paralisação dos EUA, antigo árbitro na região. O fogo se alastra, mas quem pode se opor a ele?"