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Conflito no norte de Myanmar provoca fuga de 4 mil pessoas

28 de abril de 2018

Segundo a ONU, número corresponde às últimas três semanas. Escalada dos confrontos entre rebeldes e militares afeta desta vez uma minoria cristã que vive no estado de Kachin.

Civis da minoria kachin, em Myanmar
Civis da minoria kachin fogem de suas casas enquanto prosseguem os combates no norte de MyanmarFoto: picture-alliance/AP Photo/Labram Hkun Awng

Milhares de pessoas estão fugindo de suas casas em meio à escalada do conflito entre o Exército de Myanmar e um grupo de rebeldes que atua no isolado norte do país, informou nesta sexta-feira (27/04) o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês).

Os combates ocorrem no estado de Kachin, na fronteira do país com a China. Segundo a ONU, quatro mil pessoas fugiram da região somente nas últimas três semanas.

Ao todo, desde o início do ano, cerca de 15 mil pessoas já abandonaram a área. Outras 90 mil passaram a viver em campos de deslocados nos estados de Kachin e Shan desde 2011, com o fim de um cessar-fogo entre o governo e o Exército da Independência Kachin, que luta desde 1961 por mais autonomia para a região.

"Os relatórios que temos recebido de organizações locais apontam que muitos civis ainda permanecem presos em áreas afetadas pelo conflito", disse Mark Cutts, coordenador do Ocha, sobre a mais nova onda de confrontos.

O órgão da ONU não conseguiu confirmar se civis morreram em meio aos combates. O governo de Myanmar não comentou.

O conflito em Kachin envolve insurgentes que fazem parte da minoria que batiza o estado. Há anos o país registra choques entre o governo central, dominado pela maioria budista de Myanmar, e diferentes grupos étnicos e religiosos.

O povo kachin é formado em sua maioria por cristãos e representa a maior fatia desse grupo religioso no país, onde 6% da população é cristã – trata-se do segundo maior grupo religioso depois dos budistas.

Nos últimos dois anos, o país tem recebido destaque internacional por causa do conflito envolvendo outra minoria, o povo rohingya, que segue o islã e vive no oeste do país. Desde o final de 2016, 700 mil pessoas da minoria fugiram de Myanmar e seguiram para Bangladesh.

O Exército de Myanmar foi acusado por diversas entidades e ativistas de promover uma limpeza étnica contra o grupo. A líder do país, Aung San Suu Kyi, que recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1991, vem sendo criticada por não conseguir impedir a violência contra as minorias.

JPS/rt/afp

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