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Choque entre apoiadores e opositores de Morales deixa mortos

31 de outubro de 2019

Enfrentamentos ocorrem em várias cidades bolivianas e deixam dezenas de feridos. OEA inicia auditoria sobre resultado de eleições que deu vitória em primeiro turno e quarto mandato ao presidente.

Protesto em La Paz
La Paz é uma das cidades que vêm registrando confrontos desde as eleiçõesFoto: Reuters/K. Pfaffenbach

Ao menos duas pessoas morreram e outras seis ficaram feridas na noite desta quarta-feira (30/10) na Bolívia em confrontos entre apoiadores e opositores do presidente Evo Morales. O incidente ocorreu na véspera do início de uma auditoria a ser realizada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre o resultado das contestadas eleições presidenciais no país, nas quais Morales foi reeleito para seu quarto mandato.

As mortes ocorreram no povoado de Montero, próximo à cidade de Santa Cruz, região considerada bastião da oposição boliviana. Os confrontos se agravaram quando grupos leais a Morales tentavam remover bloqueios de ruas e avenidas erguidos por opositores. Segundo a imprensa local, as duas vítimas foram mortas a tiros.

Opositores contestam o resultado oficial divulgado pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), que confirmou a vitória de Morales em primeiro turno com 47,08% dos votos, contra 36,51% de Mesa.

Para ser eleito em primeiro turno na Bolívia, é preciso ultrapassar os 50% dos votos ou obter ao menos 40% dos votos e uma diferença de 10 pontos percentuais em relação ao segundo candidato mais votado. No entanto, Mesa afirma que houve manipulação.

O ministro do Interior, Carlos Romero, atribuiu a culpa pelas mortes em Montero a Carlos Mesa, principal candidato da oposição, e à direção do Comitê Cívico de Santa Cruz, que rejeitam o resultado oficial do pleito realizado em 20 de outubro. Eles consideram que a votação foi fraudulenta e pedem sua anulação.

Romero qualificou de "gravíssima" a situação na região, onde ocorrem confrontos diários nas ruas. Segundo a Defensoria Pública, os enfrentamentos que ocorrem há uma semana já deixaram 139 feridos. Além de Santa Cruz, os protestosvêm ocorrendo com maior intensidade em Cochabamba, La Paz, Sucre e Potosí.

O governo de Morales selou um acordo com a OEA para a realização de uma auditoria, cujo resultado, segundo o ministro boliviano do Exterior, Diego Pary, deverá ter caráter vinculativo. O processo terá início nesta quinta-feira.   

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, afirmou através do Twitter que os resultados da auditoria devem demorar de dez a 12 dias e serão concentrados em quatro aspectos: verificação da contagem de atas e cédulas eleitorais; verificação do processo informático; componentes estatísticos e projeções; e cadeia de responsabilidade.

"Se dizem que houve fraude, que controlem, revisem e façam a auditoria. Não tenho nada a esconder", disse Evo MoralesFoto: picture-alliance/J. Karita

Mesa, que presidiu o país entre 2003 e 2005, havia dito que apenas aceitaria a auditoria, se Morales não reconhecesse o resultado oficial e se a análise fosse vinculativa. Nesta quarta-feira, porém, ele disse que não aceitará o resultado da auditoria "nos termos atuais acertados unilateralmente".

O ministro das Comunicações, Manuel Canelas, pediu que Mesa informe o governo sobre quais seriam suas condições para "acompanhar e apoiar o processo de auditoria e o resultado".

As suspeitas da oposição se referem a uma primeira contagem inicial que apontava um segundo turno entre Mesa e Morales. Mas, após um silêncio de 20 horas na divulgação dos resultados, que levantou suspeitas sobre uma possível fraude no processo, o TSE acabou dando a vitória ao atual mandatário.

Morales afirma que os protestos fazem parte de uma tentativa de "golpe de Estado" liderada por Mesa. "Se dizem que houve fraude, então que controlem, revisem e façam a auditoria. Não tenho nada a esconder", disse o presidente.

RC/afp/efe     

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