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Confronto entre pró-Morsi e militares deixa dezenas de mortos no Egito

27 de julho de 2013

Embate foi um dos mais sangrentos desde a queda do presidente Mohammed Morsi, ligado à Irmandade Muçulmana, há três semanas. Fundamentalistas islâmicos classificam episódio como "massacre".

Foto: Reuters

Fundamentalistas islâmicos que apoiam o presidente deposto Mohammed Morsi e forças de segurança egípcias protagonizaram confrontos violentos nas ruas do Cairo, na manhã deste sábado (27/07). Segundo a Irmandade Muçulmana, ligada a Morsi, pelo menos 120 pessoas morreram nos embates, e cerca de 4 mil ficaram feridas. O Ministério da Saúde do Egito, porém, fala em pouco mais de 20 mortos.

O confronto, um dos mais violentos das últimas semanas, deve dificultar ainda mais uma reconciliação entre os diversos grupos políticos egípcios, e deixa o país ainda mais dividido. A Irmandade Muçulmana classificou o episódio como "massacre".

A violência começou depois que centenas de apoiadores de Morsi saíram de seu acampamento diante da mesquita de Rabaah al-Adawiyah, na noite da sexta-feira. Eles estão lá há mais de três semanas, em protesto contra a derrubada do ex-presidente do poder pelos militares no dia 3 de julho último.

De acordo com Mahmud Zaqzuq, da Irmandade, um grupo começou a montar barracas ao longo de uma avenida adjacente, onde planejava ficar por pelo menos três dias. Ao mesmo tempo, um outro grupo de manifestantes seguiu para outra área próxima, onde foi recebido pela polícia com gás lacrimogêneo. Os manifestantes responderam jogando pedras nas forças de segurança.

"Eles atiram para matar"

Em nota, o Ministério egípcio do Interior, responsável pelas forças policiais, afirmou que os moradores da área do Cairo onde estão sendo realizados os protestos da Irmandade Muçulmana começaram entrar em choque com manifestantes, cujo protesto estava interditando a principal via. Assim, a polícia interveio com gás lacrimogêneo para evitar o confronto entre as duas partes, alegou o órgão.

Não se sabe exatamente o que desencadeou os confrontos, que rapidamente se tornaram sangrentos. A imprensa egípcia relata cenas dramáticas no hospital de campanha da Irmandade Muçulmana, para onde mortos e feridos com gravidade eram transportados sem parar. "Os policiais não atiraram para ferir, mas sim para matar", acusa Gehad al-Haddad, do grupo fundamentalista islâmico.

O episódio sangrento acontece menos de três semanas após a morte de mais de 50 pessoas, a maioria ligada à Irmandade Muçulmana, em choques violentos próximo a uma base militar.

Desde que os militares derrubaram Morsi e tomaram o poder no Egito, o governo provisório tem tentado acelerar o processo de transição e retornar o mais rapidamente possível a um governo eleito democraticamente, o que deve acontecer no início do ano que vem.

Policiais usaram gás lacrimogêneo no confronto contra apoiadores de MorsiFoto: Reuters

No entanto, os apoiadores de Morsi, eleito há pouco mais de um ano, não reconhecem o novo governo e realizam protestos quase diários pedindo a volta do líder ligado à Irmandade Muçulmana.

Na sexta-feira, milhares foram às ruas protestar contra o golpe de Estado. Os militares também convocaram a população às ruas, para mostrar apoio ao novo governo. As manifestações ocorreram pacificamente, com exceção de Alexandria, onde nove pessoas morreram em confrontos.

Acusado de assassinatos e outros crimes, Morsi, que se encontra preso em local desconhecido, deve ser transferido para a mesma prisão no Cairo onde está detido seu antecessor, Hosni Mubarak. A medida foi anunciada pelo ministro do Interior neste sábado.

MSB/ap/rtr/afp

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