Confrontos em Idomeni ferem ao menos 260 migrantes
10 de abril de 2016
Tumultos começaram em protesto por abertura da fronteira da Grécia com Macedônia. Refugiados tentaram forçar cerca e atiraram pedras. Polícia macedônia teria respondido com balas de borracha, além de gás lacrimogêneo.
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Pelo menos 260 migrantes foram feridos neste domingo (10/04) em Idomeni, localidade grega na fronteira com a Macedônia, em confrontos com a polícia macedônia, segundo a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF). Os policiais teriam usado gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os refugiados, segundo a ONG. Veículos da mídia local relataram que o número de feridos ficou em "mais de 300".
"Cerca de 200 pessoas foram socorridas pela nossa unidade médica com problemas respiratórios, 30 por ferimentos de balas de borracha e 30 por outros ferimentos", disse à agência de notícias AFP Achilleas Tzemos, responsável pela MSF no campo de Idomeni.
Inicialmente, Tzemos tinha afirmado que "dezenas de pessoas" tinham ficado feridas, "principalmente com problemas respiratórios" e que três tiveram de ser transportadas para o hospital de Kilkis, uma cidade próxima de Idomeni.
Os tumultos começaram ao final da manhã quando cerca de 500 migrantes se concentravam junto à barreira fronteiriça para pedir a abertura da fronteira, e alguns tentaram forçar a cerca e lançaram pedras contra os policiais macedônios. Os confrontos duraram várias horas.
A polícia macedônia afirmou ter usado gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral, mas negou ter usado balas de borracha.
Mais de 11 mil migrantes estão acampados há um mês e meio em condições precárias em Idomeni, no norte da Grécia, e se manifestam quase diariamente pela abertura da fronteira, fechada desde o início de março, no quadro do bloqueio da designada "rota dos Balcãs", utilizada pelos refugiados para alcançarem os países do norte da Europa.
MD/afp/lusa/dpa
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.