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Confrontos violentos deixam dezenas de feridos no Egito

13 de outubro de 2012

País vive confronto mais violento desde a posse do presidente Mohamed Morsi, em junho. Oposição exige composição mais ampla da atual assembleia constituinte, dominada por islamitas.

An anti-Muslim Brotherhood demonstrator prepares to throw stones during clashes with supporters of the Muslim Brotherhood and Egyptian President Mohamed Mursi at Tahrir Square, the focal point of the Egyptian uprising, in Cairo October 12, 2012. Supporters and opponents of Mursi threw stones and bottles at each other, showing feelings still run high between rival groups trying to shape the new Egypt after decades of autocracy. REUTERS/ Mohamed Abd El Ghany (EGYPT - Tags: POLITICS CIVIL UNREST)
Foto: Reuters

O Egito voltou a ter um dia de paz neste sábado (12/10) após mais de 100 pessoas terem ficado feridas em protestos ocorridos no Cairo nesta sexta-feira. Este foi considerado o conflito mais violento entre seguidores e opositores do governo desde que o presidente egípcio, Mohamed Morsi, assumiu o poder, em junho deste ano.

Ativistas liberais e apoiadores da Irmandade Muçulmana, à qual Morsi pertence, enfrentaram-se nas ruas da capital durante várias horas arremessando pedras, garrafas e coquetéis molotov e atacando uns aos outros com pedaços de pau. Dois ônibus que haviam levado seguidores da Irmandade para um comício foram incendiados. Antes disso, ativistas haviam protestado contra o presidente na praça Tahrir.

Os conflitos intensificaram-se quando os adeptos da Irmandade Muçulmana avançaram sobre um palco erguido por críticos de esquerda e liberais do presidente islamita. Também houve tumultos nas cidades de Alexandria e Mahalla El Kobra, onde manifestantes atearam fogo à sede local da Irmandade e queimaram cartazes com a foto de Morsi.

Um dos manifestantes na praça Tahrir, Abdullah Walid, disse ter votado em Morsi para evitar que o país tivesse um presidente do círculo do deposto Hosni Mubarak. "Agora me arrependo, pois eles são apenas duas faces da mesma moeda. Morsi não fez nada pela revolução. Sinto tanto por ter trazido um novo regime opressor ao poder", lamentou.

O jornal egípcio Al-Tahrir comparou os acontecimentos à violência durante o regime de Mubarak. Segundo o Ministério da Saúde, 110 pessoas apresentaram ferimentos leves e moderados. Não houve intervenção da polícia.

Polarização política

Islamitas e liberais divergem sobre a elaboração da nova constituição egípcia, que precisa ser acordada antes que um novo parlamento seja eleito. Os opositores de Morsi exigem uma composição mais ampla da assembleia constituinte. Ela é dominada por islamitas, especialmente representantes da Irmandade Muçulmana.

"Minha conclusão é que Morsi é apenas o presidente da Irmandade Muçulmana, isso é tudo. Voltamos ao ponto de partida", disse o manifestante Sajed AL Hawari. "Estamos aqui para impedir que o Estado se torne um Estado da Irmandade. Não queremos substituir o antigo regime por um novo", completou Rania Mohsen.

Recentemente, a absolvição de 24 seguidores do ex-presidente Mubarak também havia provocado descontentamento no país. Os antigos apoiadores de Mubarak foram inocentados da acusação de estarem por trás de um ataque a manifestantes na praça Tahrir em fevereiro de 2011, que acabou em mortes.

Nesta sexta-feira, um comunicado da presidência condenou os eventos do dia, apontando-os como obstáculos para os esforços políticos e econômicos do governo. No texto, o primeiro-ministro, Hisham Kandil, "pede a todas as partes presentes na praça Tahrir e em outras praças que mantenham distância de qualquer ação que possa manchar a imagem do novo Egito".

LPF/dpa/dapd/rtr
Revisão: Mariana Santos

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